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Alívio temporário? Entenda porque as falas de Powell melhoraram o ânimo do mercado

Alta dos juros americanos tem sido, nos últimos meses, principal detratora do Ibovespa do real e dos DIs

Vitor Azevedo

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A principal autoridade monetária dos Estados Unidos, o presidente do Federal Reserve Jerome Powell, foi o responsável por dar um alívio para a Bolsa brasileira, para o dólar e para o juros nesta quarta-feira (3). Após falas consideradas “menos duras” durante um evento na Stanford Graduate School of Business, o mercado reagiu positivamente tanto no exterior quanto no Brasil.

Alexandre Mathias, estrategista-chefe da Monte Bravo, menciona que Powell sinalizou que o Fed continua vendo que a trajetória da inflação é de queda e que a política monetária adotada está funcionando – apesar de ter também falado que a instituição precisa de um pouco mais de tempo para confirmar que pode começar o ciclo de corte de juros. 

“Se reitera um pouco a ideia de que o horizonte tem cortes da ordem de 75 pontos neste ano. Isso trouxe uma certa tranquilidade ao mercado e a queda do juros nos Estados Unidos puxou para baixo a renda fixa doméstica”, explica. 

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Falas de Powelll

O presidente do Fed sinalizou também ver que há uma recuperação do lado da oferta, que pode ser beneficiada pelo aumento da produtividade oriundo do avanço da inteligência. “Mercado de trabalho fez substancial progresso em direção a um melhor balanço”, disse. 

Recentemente, os juros nos Estados Unidos, por conta da alta do petróleo e de dados que mostram uma economia mais aquecida, têm avançado, puxando junto a curva brasileira e derrubando os ativos de risco locais. Fora isso, ele é apontado também como um dos principais fatores para a saída de capital estrangeiro da B3 – e de outras Bolsas emergentes – já que investidores, com as taxas mais altas nos EUA, buscam a renda fixa americana, considerada mais segura.

“Os juros estavam subindo na parte da manhã, mas perderam força após falas de Powell. Curva de juros aqui acompanhou o movimento lá fora”, acrescenta Leandro Petrokas, diretor de Research e sócio da Quantzed.

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Campos Neto e o dólar

Hoje o dia começou com certa cautela, com investidores aguardando as falas do dirigente americano e também os comentários do presidente do Banco Central Brasileiro Roberto Campos Neto, que participou de evento do Bradesco BBI. 

Campos Neto, para os especialistas, não trouxe falas que mexeram com o mercado. 

Para Beto Saadia, da Nomos, por exemplo, presidente do BC brasileiro foi “polido e burocratico”, mas trouxe pontos importantes. O primeiro deles foi em relação ao forward guidance, que é a sinalização das reuniões subsequentes que o Banco Central faz no comunicado.

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“Ele foi bastante enfático em dizer que vai tirar essa sinalização, não só pelo aumento das incertezas em relação às economias e por uma inflação de serviço, especialmente nos Estados Unidos e no Brasil”, diz o especialista. 

Já o segundo foi sobre a sua sucessão na presidência do BC. “Ele (Campos Neto) acha que o nome tem que ser anunciado oficialmente, ou pelo menos extraoficialmente, o quanto antes, que é para que essa transição seja mais fluida. É para evitar que um diretor interino precise passar por uma sabatina para depois o novo presidente passar por uma outra sabatina”, explica. 

“Campos Neto, presidente do Banco Central, enfatizou a relevância da inflação nos EUA e da decisão do Fed em junho para a política monetária no Brasil. Ele salientou a importância do CPI (índice de preços ao consumidor americano) e discutiu os possíveis impactos nos países emergentes, como o Brasil, caso o Fed não reduza sua taxa básica de juro”, expõe Jonas Carvalho, CEO da Hike Capital.

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Um Powell mais brando, então, ajuda a explicar o movimento do dólar, de queda, e do juro brasileiro, menos estressado, e da Bolsa nesta quarta. Mesmo que o Ibovespa tenha fechado em leve queda, de 0,18%, aos 127,3 mil pontos, ficou longe das mínimas do dia, aos 126,1 mil pontos. Ou seja, o estrago teria ter sido grande, com um Powell ‘hawkish’.