Ações da Raízen (RAIZ4) sobem 6%, mesmo após balanço “sem brilho”; clima e inflação impactam área de açúcar

A valorização acontece mesmo após analistas avaliarem que o resultado veio abaixo das expectativas

Augusto Diniz

Raízen (Foto: Divulgação)

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As ações da Raízen (RAIZ4) fecharam com alta de 6%, a R$ 5,48, após a divulgação do balanço do 4º trimestre do ano safra 2022. A valorização acontece mesmo após analistas avaliarem que o resultado veio abaixo das expectativas.

Para o Credit Suisse, a Raízen (RAIZ4) apresentou resultados “sem brilho”, com linhas do balanço abaixo das estimativas do banco.

O Ebitda ajustado consolidado ficou 8% abaixo das projeções do Credit Suisse, principalmente pelos fracos resultados de Renováveis, Açúcar e Distribuição de combustíveis no Brasil, enquanto downstream da América Latina veio acima das expectativas.

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Mesmo assim, o banco mantém classificação outperform para o papel, com preço-alvo de R$ 8,50.

Na mesma linha, o Bradesco BBI destacou que o trimestre da companhia veio abaixo das expectativas, sobretudo pelo desempenho da área de Renováveis.

A empresa encerrou o ano com Ebitda de R$ 10,7 bilhões, que está próximo do intervalo médio do guidance de R$ 10,4-11,2 milhões divulgado em fevereiro, acrescentou.

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Os resultados da divisão Açúcar & Etanol foram mais fracos do que o esperado, o que analistas acreditam estar relacionado principalmente a uma combinação de alta concentração de volumes protegidos no trimestre e menor participação de volumes próprios no mix de vendas.

O Bradesco BBI manteve a recomendação de outperform para Raízen (RAIZ4), mas reduziu seu preço-alvo de de R$ 9 para R$ 8, após balanço, quando a empresa reportou queda de 48% do lucro ajustado.

Raízen (RAIZ4): impacto de clima e inflação

O custo caixa nos negócios de açúcar da Raízen sofreu impacto com a inflação e efeitos do clima, de acordo com os resultados do 4T22 (ano safra 2021/22), apresentados a analistas de mercado, nesta segunda-feira (16).

Segundo Phillipe Casale, Head RI da Raízen (RAIZ4), na operação agroindustrial de renováveis e açúcar, a moagem da safra foi de 76 milhões de toneladas de cana no período, queda de 14%, reflexo de efeitos já relatados em resultados anteriores, como estiagem prolongada, geadas e clima seco na região Centro-Sul, prejudicando o rendimento dos canaviais.

O custo caixa sofreu ainda aumento de 11%, impactado pela menor diluição dos custos fixos no ano e pela inflação nos custos gerais, insumos agrícolas, diesel e matéria-prima, refletindo nos resultados do segmento.

Custo de mão-de-obra

As despesas operacionais da Raízen no 4T22 somaram de R$ 1,8 bilhão, ante R$ 672 milhões registrados no 4T21. As despesas gerais e administrativas tiveram aumento nos vários segmentos da companhia.

Ricardo Musa, CEO da Raízen (RAIZ4), comentou na teleconferência com analistas sobre as premissas de custo, afirmando que existe cerca de 10% de aumento de custo de mão de obra.

“Essa é a principal mudança estrutural daqui pra frente. Os custos de fertilizantes, diesel, isso também afeta. Nós tivemos um hedge bom de fertilizantes. No diesel, nós não fizemos hedge”, comentou o CEO.

Renováveis

Musa destacou o potencial do segmento de renováveis da companhia, que envolvem etanol de segunda geração e biogás. “Olhando para os números dos próximos seis anos, o crescimento que temos em renováveis é impressionante. Crescimento virá de projetos de baixo risco. Quase todos eles vendidos, com volume e preço já fixados e protegidos”, disse.

A Raízen iniciou esse ano a construção da sua segunda planta de etanol de segunda geração (E2G), que está sendo instalada no Parque de Bioenergia Bonfim, localizada em Guariba (SP). O processo de construção deverá durar em torno de 18 meses.

Ainda neste ano, a companhia programou a construção de duas outras plantas de E2G, localizadas nos parques de bioenergia da Barra e Univalem, ambas em São Paulo, com investimento em torno de R$ 2 bilhões, adicionando uma capacidade de 164 mil m³ de biocombustível por ano.

Em biogás, a empresa planeja iniciar obras na próxima safra (2022-23), sem especificar data, da sua segunda planta, sendo essa a primeira dedicada à produção de gás natural renovável (biometano), com investimento de aproximadamente R$ 300 milhões e capacidade de produção de 26 milhões de m³ de gás natural renovável por ano.

Novo CFO

A empresa apresentou ainda na abertura da teleconferência Ricardo Moura, que será o novo CFO da companhia, a partir de junho, no lugar de Guilherme Cerqueira.

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