Ações de Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3) e Americanas (AMER3) saltam até 11% na sessão e acumulam fortes ganhos no mês

Tendência de baixa das commodities traz impulsos positivos com perspectiva de uma inflação menor, enquanto há ajuste de posições

Equipe InfoMoney

(Shutterstock)

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As ações de varejistas de e-commerce, em forte queda no acumulado do ano, têm registrado alívio no mês de julho. Na sessão desta terça-feira (12), especificamente, os ativos se destacaram entre as maiores altas do Ibovespa com ganhos que chegaram a ser superiores a 10%: Magazine Luiza (MGLU3) saltou 11,41%, a R$ 2,93, Via (VIIA3) subiu 9,44%, a R$ 2,55, e Americanas (AMER3) saltou 8,26%, a R$ 16,90. No acumulado do mês, os ganhos são de 32,81% para VIIA3, 25,84% para AMER3 e de 25,21% para MGLU3.

Em 2022, contudo, os ativos ainda registram fortes quedas, de 59% para MGLU3, de 51% para VIIA3 e de 44% para AMER3.

Felipe Moura, analista da Finacap Investimentos, ressalta que houve uma inversão bastante notória entre as maiores altas e baixas do Ibovespa nas últimas sessões em meio a uma realização generalizada dos papéis associados ao ciclo das commodities. Isso principalmente por conta das quedas mais acentuadas de petróleo e minério de ferro nas últimas sessões em meio aos temores de desaceleração da economia global.

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A desvalorização dos preços das commodities acaba por reduzir as estimativas de inflação o que, por sua vez, estimula as ações de crescimento, como as de varejo de e-commerce, uma vez que são muito sensíveis a variações de taxas de juros. Companhias de crescimento mantêm seus fluxos de caixa em períodos longos. Além disso, juros e inflação altos desestimulam o crédito e, por consequência, o consumo; assim, o movimento inverso estimula os papéis do setor.

No noticiário interno, Moura destaca que a aprovação da lei que limitou o ICMS sobre combustíveis já começou a causar os seus primeiros efeitos, com vários estados anunciando a redução do imposto, o que inclusive levou a um dado de inflação em junho abaixo do esperado (ainda que com os núcleos pressionados).

A inflação começa a arrefecer, avalia, o que aumenta confiança no setor e também reforça a visão de que o ciclo de aperto monetário do Banco Central está chegando ao final.

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Por outro lado, enquanto a expectativa é de menor alta de preços este ano, as projeções de inflação do mercado para 2023 aumentam. De qualquer forma, conforme apontou o último relatório Focus, o mercado espera que a Selic termine a 13,75% no fim deste ano (atualmente está em 13,25%) e encerre 2023 a um patamar mais baixo, de 10,5%.

Outro fator destacado é  a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) dos Auxílios, a ser votada hoje na Câmara, que trará uma injeção de recursos direta na economia para algumas classes estratégicas, o que estimula o consumo de maneira muito direta, avalia Moura.

Enrico Cozzolino, sócio e head de Análise da Levante Ideias de Investimento, avalia que, após um período em que as varejistas de e-commerce foram precificadas como “techs”, com múltiplos exagerados, houve uma forte correção para baixo.

No momento, aponta, está havendo um novo movimento de ajuste de posições, para cima, já que a venda dos ativos do segmento não é vista mais como “tão óbvia”.

Porém, os ativos do segmento registram maior volatilidade e não é raro termos observados, em pregões recentes, a depender do movimento da curva de juros, as ações saltarem ou despencarem forte.

André Luzbel, head de renda variável da SVN, aponta que a queda das commodities, refletindo em expectativa de inflação menor, tem levado a um descolamento das ações de crescimento versus as de commodities. “Mas isso não muda muito a visão que temos. No curto prazo, ações que caíram muito forte [como o caso das varejistas de e-commerce] possuem certas janelas de refresco [de recuperação parcial de valor]. Aparentemente é muito, mas elas ainda acumulam forte queda desde as máximas”, avalia Luzbel.

Desafios e estratégias no radar

Com isso, o cenário de cautela para as companhias do segmento continua. As varejistas de e-commerce enfrentam uma competição bastante acirrada, aumento dos custos logísticos e as vendas no comércio eletrônico apresentando quedas consecutivas.

Conforme destaca a Levante, dados de vendas mensais da empresa de pesquisa Neotrust apontam para uma queda de 6,4% nas vendas do e-commerce em abril e de 1% em maio, em relação a 2021, sinalizando uma deterioração para o setor, visto que, embora já fosse esperado um desaquecimento, não eram esperadas quedas consecutivas.

“Players como Mercado Livre, Shopee, Magazine Luiza e Via vêm buscando diminuir custos, que já se refletem na redução de benefícios aos clientes. Algumas das medidas que têm sido adotadas pelas empresas são o aumento dos valores mínimos de compras para obter frete grátis ou outros benefícios, reduzindo o peso das vendas com entrega gratuita”, aponta a equipe de análise.

As companhias têm revisado suas estratégias e prioridades, dando maior foco à rentabilidade, buscando reduzir a necessidade de capital de giro e melhorar a gestão dos seus fluxos de caixa.

“Entretanto, um ponto de atenção com relação a tais mudanças é a forma como as companhias executarão esse trade off, ou seja, o quanto tais medidas irão impactar as vendas, com a redução dos benefícios aos clientes e aos sellers de suas plataformas, em um cenário de competição cada vez mais acirrada”, apontam os analistas.

Medidas como o aumento do take rate (taxa de comissão) anunciada recentemente pelas empresa deve contribuir para elevação da receita das varejistas do setor, como Via e Magalu nos próximos trimestres.

Os analistas ainda enxergam um cenário difícil para o e-commerce no curto prazo, com as principais linhas devendo continuar pressionadas pelo macro desfavorável. “Entretanto, para os próximos trimestres esperamos uma melhora no capital de giro no caso do Magalu, visto que a empresa apresentou no 1T22, níveis de estoques mais saudáveis em decorrência da estratégia de redução de estoques e menor volume de compras”, apontam.

A XP mantém recomendação neutra para VIIA3, MGLU3 e AMER3. Na semana passada, a equipe de análise do varejo cortou o preço-alvo para os ativos, ainda que vendo potencial de valorização, sendo o custo de capital mais elevado o principal motivo para essa redução.

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