Ação da Petrobras zera ganhos; Saraiva sai de alta de 100% para queda de 23% e Eternit sobe 51%

Confira os destaques da B3 na sessão desta terça-feira (27)

Lara Rizério

(Agência Petrobras / André Valentim)

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SÃO PAULO – Após ficar abaixo dos 97 mil pontos na sessão da véspera, o Ibovespa tentou buscar ganhos, mas não conseguiu sustentar a alta na sessão desta terça-feira (27). O movimento ocorreu tanto pela falta do investidor externo, que já retirou R$ 21 bilhões apesar do ânimo com as reformas (veja mais clicando aqui), quanto pelas más notícias vindas do exterior. Novamente, houve inversão na curva de juros nos EUA, com o vencimento dos títulos de 10 anos abaixo dos rendimentos dos títulos de 2 anos, gerando temores sobre uma recessão na maior economia do mundo. 

O petróleo, que registrava ganhos em meio ao ânimo sobre as possíveis conversas entre os EUA e China, gerando maiores esperanças sobre uma “paz” no âmbito comercial, voltou a amenizar a alta com os temores de desaceleração global. Assim, as ações da Petrobras (PETR3, R$ 26,60, +0,08%; PETR4, R$ 23,98, +0,13%) que chegaram a subir mais de 3%, zeraram os ganhos.

Enquanto isso, os ativos ON da Saraiva (SLED3, R$ 5,49, -15,54%; SLED4, R$ 2,30, -7,26%), que chegaram a saltar mais de 100% seguindo os ganhos da véspera com notícias de mudança de gestão, passaram a cair forte, chegando a ter perdas de 23%. 

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A ação da Eternit (ETER3, R$ 3,16, +51,20%), por sua vez, segue a disparada após a companhia anunciar que vai fabricar telhas fotovoltaicas. 

Petrobras (PETR3;PETR4) e Itaúsa (ITSA4)

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) questionou a Petrobras sobre uma eventual interferência do governo na aplicação de verbas publicitárias da estatal, em meio às declarações do presidente Jair Bolsonaro na última quinta-feira (22).

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Em palestra, ele simulou uma conversa com o presidente da estatal, Roberto Castello Branco. Bolsonaro falava sobre a medida provisória que permite a companhias de capital aberto publicar seus balanços no site da CVM ou no Diário Oficial da União.

Bolsonaro disse que poderia chamar Castello Branco para discutir onde publicar o balanço da companhia. “Sabe o que eu posso fazer? Chamo o presidente da Petrobras aqui: vem cá, ô, Castelo Branco, você vai mostrar seu balancete este ano no jornal O Globo. ‘Mas presidente, custa dez milhões entre jornal e comissão’. ‘Ô cara, é Globo’. Posso fazer ou não? Vinte páginas de jornal para isso”, disse.

A Petrobras, em resposta, negou ter recebido comunicação do acionista controlador sobre o assunto e disse reafirmar o seu compromisso com a observância das melhores práticas do mercado em relação à governança corporativa. “O relacionamento da companhia com seu acionista controlador é pautado pelas normas aplicáveis, conforme amplamente divulgado ao mercado e suas decisões visam o melhor interesse de seus acionistas e demais públicos de interesse”, disse a companhia.

Já a Bloomberg destaca que o grupo liderado pela brasileira Itaúsa Investimentos SA está prestes a comprar a distribuidora de gás em botijão da Petrobras, já que sua oferta de R$ 3,5 bilhões está afastando rivais, disseram pessoas com conhecimento do assunto.

O Mubadala Investment de Abu Dhabi e a brasileira Consigaz Distribuidora de Gás Ltda, que poderiam ter tentado superar a Itaúsa em uma segunda rodada de ofertas, planejam abandonar a disputa junto com seus sócios. A desistência foi por considerarem o preço ofertado pelo Itaúsa alto demais, disseram as pessoas.

A Petrobras esperava que os lances chegassem a R$ 2,8 bilhões, disseram pessoas anteriormente. Em 2016, a Petrobras concordou em vender a Liquigás por R$ 2,8 bilhões para a Ultrapar Participações SA, mas o regulador antitruste do Brasil rejeitou o acordo em 2018.

A Itaúsa disse que não está esperando nenhum impacto significativo em seus ganhos para o atual ano fiscal se o negócio for concluído.

Ainda sobre a Petrobras, PetroChina, Sinopec e Saudi Aramco estão entre as empresas que devem ingressar na disputa pelas oito refinarias que a Petrobras pretende licitar.

A companhia informou ainda, por meio de nota, que houve um vazamento de aproximadamente 1,2 metro cúbico de óleo residual proveniente do navio plataforma FPSO Cidade do Rio de Janeiro na Bacia de Campos, no norte fluminense. A embarcação apresentou trincas no casco, verificada após inspeção nos tanques externos da embarcação. O comunicado foi feito na sexta-feira (23) à estatal pela empresa Modec, dona do navio que é afretado pela Petrobras.

A plataforma FPSO é uma unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência utilizado pela indústria petrolífera para a exploração (produção), armazenamento petróleo e/ou gás natural e escoamento da produção.

O navio plataforma FPSO Cidade do Rio de Janeiro está fora de operação desde o ano passado e em processo de saída da locação do campo de Espadarte, a 130 quilômetros da costa. A retirada das 107 pessoas embarcadas foi iniciada no sábado (24) e concluída nesta segunda-feira.

A Petrobras informou ainda que, após um sobrevoo na área após o evento, não identificou mancha de óleo na superfície do mar. 
Após novas avaliações, nesta segunda-feira, a estatal identificou aumento na extensão das trincas. “A Petrobras comunicou a ocorrência às autoridades e vem apoiando a Modec nas ações de contingência”, informou a empresa na nota.

Na página da empresa, a Modec informa que fornece soluções flutuantes competitivas para a indústria offshore de petróleo e gás e é reconhecida como especialista líder em embarcações de armazenamento e descarregamento de produção flutuante (FPSO), embarcações de armazenamento e descarregamento flutuantes (FSO), GNLs flutuantes (FLNGs), plataformas de tensão (TLPs) e semisubmersíveis de produção.

Por fim, o Bradesco BBI atualizou as suas estimativas para a Petrobras, reiterando Outperform no papel e chegando a um novo preço-alvo de US$ 19 por ADR para 2020 (ou R$ 38 por ação).

“No geral, continuamos gostando do investment case de longo prazo (apesar dos atrasos em crescimento de produção), uma vez que a empresa deve continuar a entregar uma agenda positiva de venda de ativos, crescimento de produção, desalavancagem e menor custo de capital, além de valuation menos esticado do que os pares”, afirma a equipe de análise.

Saraiva (SLED3;SLED4)

A ação da Saraiva virou para queda após ter disparado mais cedo, seguindo a notícia da véspera do Valor de que a empresa decidiu retirar da presidência, de forma definitiva, o executivo Jorge Saraiva Neto, como parte do plano de recuperação judicial, segundo informou o Valor. Segundo a publicação, está em discussão a formação de um conselho de administração formado por cinco membros – atualmente são seis –, que indicará um novo CEO.

Eternit (ETER3)

A Eternit, em recuperação judicial, lançou produtos voltados para o segmento de energia solar, em linha com sua estratégia de diversificação de portfólio.

A empresa disse  ter feito pesquisas dentro e fora do país no sentido de buscar tecnologias que possam ser aplicadas em novas soluções para a construção civil.

“Neste sentido, informamos o lançamento da telha de concreto fotovoltaica, homologada pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia)”, afirmou.

A companhia informou ainda que será concluído nos próximos meses o desenvolvimento do processo de produção industrial na fábrica da Eternit em Atibaia-SP e será iniciada a comercialização das telhas para clientes selecionados, antes de ser liberada a venda em todo o país.

Vale (VALE3)

A Vale comunicou aos bondholders o resgate de todos os bonds com vencimento em junho de 2021. O saldo remanescente é de US$ 280.951.000,00 e o resgate será efetuado em 26 de setembro de 2019. “Este resgate é consistente com o pilar estratégico de disciplina de alocação de capital”, diz a empresa.

Sinqia (SQIA3)

A Sinqia contratou BTG e Credit Suisse para potencial oferta de
ações.

Via Varejo (VVAR3)

A Via Varejo aprovou a sua segunda emissão pública de notas promissórias comerciais de até R$ 1,5 bilhão. Segundo a empresa, as notas terão prazo de vigência de até 365 dias contados da data de emissão e os recursos captados serão destinados para a gestão ordinária dos negócios, com o refinanciamento do passivo bancário.

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Enauta (ENAT3)

A Queiroz Galvão ofereceu sua participação na Enauta — que equivale a 63% do capital social da companhia — como garantia no acordo fechado com alguns de seus credores para a renegociação de dívidas.

A Queiroz Galvão disse que “não há qualquer disposição relacionada a direitos políticos ou patrimoniais que causem impacto na Enauta”, segundo o mesmo comunicado.

(Com Agência Estado e Bloomberg)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.