Ibovespa cai quase 3% com três sinais de alerta para a economia global; dólar supera R$ 4,00

Mercado tem um dia negativo em meio à divulgação de indicadores econômicos no mundo todo que fazem ressurgir temores de um desaquecimento da atividade global

Ricardo Bomfim

Ações em queda (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – O alívio do mercado com o adiamento das tarifas dos Estados Unidos contra produtos chineses durou pouco e o Ibovespa opera em forte queda nesta quarta-feira (14). O que pressiona a Bolsa são três fatores vindos de fora: os dados fracos divulgados na Europa e na China, além do sinal de alerta para uma possível recessão nos EUA. 

A produção industrial chinesa teve uma expansão de 4,8% em julho na base anual, ante expectativas de 5,9%. Já na zona do euro, o Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha teve contração de 0,1% no 2º trimestre. A produção industrial no bloco de moeda única recuou 1,6% em junho na comparação com maio – retração acima da esperada pelo mercado, de 1,2%.

Às 14h14 (horário de Brasília) o Ibovespa caía 2,64% a 100.576 pontos. Já o dólar comercial sobe 1,33% a R$ 4,0190 na compra e a R$ 4,0197 na venda, enquanto o dólar futuro com vencimento em setembro registra ganhos de 1,45%, voltando a superar os R$ 4,025. 

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Vale destacar que esta quarta-feira marca o vencimento de opções sobre os contratos futuros de Ibovespa, o que pode adicionar volatilidade ao índice. 

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 avança seis pontos-base a 5,46%, ao passo que o DI para janeiro de 2023 tem alta de quatro pontos-base a 6,42%.

O PIB da zona do euro, com ajuste sazonal, subiu 0,2% no segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. Na comparação anual, o PIB ajustado sazonalmente cresceu 1,1% na área do euro.

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Os números vieram em linha com as expectativas. Ainda segundo a Eurostat, o número de pessoas ocupadas aumentou 0,2% no segundo trimestre ante o primeiro, enquanto na comparação anual subiu 1,1%.

Em mais um sinal de alerta para a economia global, o yield (rendimento) dos títulos do Tesouro norte-americano de curto prazo, de 2 anos, ficou novamente acima do yield (a 1,634%) do título de longo prazo (10 anos), que ficou a 1,623%.

Essa mudança é vista uma indicação de recessão na economia; vale destacar que a última inversão nesta parte da curva foi em dezembro de 2005, dois anos antes da recessão causada pela crise do subprime. 

“Normalmente, a taxa do título mais longo oferece um retorno maior, como uma maneira de compensar o risco de longo prazo. Contudo, como vemos hoje que o título de curto prazo pagando mais que o de longo prazo, podemos concluir que há mais risco num título de curto prazo do que no de longo prazo, ou então que a economia precisará de constantes estímulos ao longo deste intervalo de tempo. Por isso, esse movimento tem sido um indicador antecedente de recessões muito preciso”, destacam em relatório Thiago Salomão e Matheus Soares, analistas da Rico Investimentos. 

Entre as commodities, o minério opera com leve alta, recuperando parte das perdas das últimas semanas. Já o petróleo opera em queda, por conta do desapontamento com os dados industriais chineses. 

Com o receio generalizado sobre o desempenho da economia global, a agenda econômica positiva é ofuscada. Os líderes de partidos do Senado definiram nesta terça-feira (13) o calendário da tramitação da proposta de reforma da Previdência. A agenda divulgada prevê que a Proposta de Emenda à Constituição seja votada no plenário em primeiro turno em 18 de setembro e, em segundo turno, no dia 2 de outubro.

“Consideramos muito boa a perspectiva de que – no máximo – até o fim de outubro se tenha a Reforma da Previdência finalizada e promulgada no Congresso Nacional”, aponta a equipe de análise da XP Política (veja mais clicando aqui). 

Noticiário corporativo

A Bolsa ainda reflete o último dia da temporada de resultados, que tem como destaques nesta manhã os números de  Embraer e Kroton.

A Embraer (EMBR3) teve um lucro líquido atribuído aos acionistas de R$ 26,1 milhões no segundo trimestre, revertendo perdas de R$ 485,0 milhões do mesmo período do ano passado. Já o resultado ajustado, onde excluem-se impostos diferidos e itens especiais apresentou prejuízo de R$ 57,6 milhões, ante perdas de R$ 21,4 milhões de um ano antes.

Já a  Kroton (KROT3) apresentou um lucro líquido ajustado de R$ 266,696 milhões no segundo trimestre deste ano, representando queda de 44,2% na comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo a empresa, o resultado foi impactado, especialmente, por despesas financeiras decorrentes da aquisição da Somos e um maior nível de depreciação derivado de investimentos realizados nos últimos anos.

Após o fechamento, empresas como JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3), Natura (NATU3), Sabesp (SBSP3), Gafisa (GFSA3) e Via Varejo (VVAR3) também divulgam balanços.

Congresso
O Plenário da Câmara aprovou o texto-base à Medida Provisória (MP) da Liberdade Econômica, que estabelece garantias para a atividade econômica de livre mercado, impõe restrições ao poder regulatório do Estado, cria direitos de liberdade econômica e regula a atuação do Fisco federal.

A versão aprovada libera pessoas físicas e empresas para desenvolver negócios considerados de baixo risco, que poderão contar com dispensa total de atos como licenças, autorizações, inscrições, registros ou alvarás.

Na proposta, foram incluídos temas como a instituição da carteira de trabalho digital; agilidade na abertura e fechamento de empresas e a substituição dos sistemas de Escrituração Digital de Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial). Por outro lado, do texto final foram retirados diversos temas que não faziam parte na MP original, como taxas de conselhos de farmácia e isenção de multas por descumprimento da tabela de frete rodoviário.

Entretanto, entre os pontos mantidos na MP está o fim das restrições de trabalho aos domingos e feriados, dispensando o pagamento em dobro do tempo trabalhado nesses dias, se a folga for determinada para outro dia da semana. Pelo texto, o trabalhador poderá trabalhar até quatro domingos seguidos, quando lhe será garantida uma folga neste dia. Originalmente, a proposta era de até sete semanas ante do trabalhador ter uma folga dominical.

Para a votação dos destaques nesta quarta-feira, houve um acordo com a oposição para que não houvesse obstrução, como ocorreu na noite de hoje. Em troca haverá a votação nominal, pelo sistema eletrônico, em todos os destaques.

Ainda no âmbito legislativo, os líderes de partidos do Senado definiram o calendário da tramitação da proposta de reforma da Previdência. A agenda divulgada prevê que a Proposta de Emenda à Constituição seja votada no plenário em primeiro turno em 18 de setembro e, em segundo turno, no dia 2 de outubro.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) descartou que o prazo de 60 dias previsto para tramitação da PEC seja “atropelado” como tem criticado parlamentares contrários à medida. Segundo ele, uma comissão especial já atua a cerca de cinco meses na Casa.

“Um calendário de 60 dias é muito razoável dentro do que o Brasil aguarda do Senado Federal e dentro do que, tendo em vista do que nós fizemos com a comissão especial, é sem dúvida a possibilidade dentro do Senado Federal de continuarmos debatendo essa matéria”, disse Alcolumbre.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.