Ibovespa fecha acima de 100 mil pontos pela primeira vez na história

Mercado consegue seu maior patamar de fechamento da história, puxado por perspectiva de que o Federal Reserve possa cortar juros

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou acima dos 100 mil pontos pela primeira vez na história nesta quarta-feira (19). O índice subiu após o Federal Reserve decidir manter os juros nos Estados Unidos no intervalo entre 2,25% e 2,5% ao ano. No comunicado, viu-se menos espaço para cortes de juros este ano, mas o presidente do Fed, Jerome Powell, abriu caminho para um corte, na visão de analistas. 

O Ibovespa teve alta de 0,9% a 100.303 pontos, com volume financeiro negociado de R$ 15,35 bilhões. Enquanto isso, o dólar comercial teve queda de 0,25% a R$ 3,8494 na compra e a R$ 3,8501 na venda. O dólar futuro para julho recua 0,26% a R$ 3,854.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 tinha queda de quatro pontos-base a 6,01% e o DI para janeiro de 2023 cai nove pontos-base a 6,89%.

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No comunicado da decisão do Fed, está escrito que o banco central dos EUA irá monitorar de perto as informações que chegarem e irá agir apropriadamente. Oito oficiais entendem que as taxas deveriam cair em 2019, empate com os que não defendem essa tese. No entanto, muito se falou de que o emprego está bem no país e a inflação ainda abaixo da meta de 2%. 

A visão predominante é de que não se vê tanto espaço assim para os juros caírem no curto prazo na maior economia do mundo, mas pela primeira vez, retirou-se a palavra “paciência” para falar sobre política monetária, o que abre caminho para o relaxamento. 

James Bullard, do Fed de Saint Louis, foi o primeiro da era de Jerome Powell a abrir dissidência e votar por um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juro. 

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Os investidores ficaram atentos hoje também para o depoimento do ministro Sérgio Moro no Senado e a decisão de juros do Comitê de Política Monetária (Copom).

Na entrevista ao Ratinho ontem, Moro ressaltou que o vazamento de suas conversas com o procurador da força-tarefa da Lava-Jato, Deltan Dallagnol, foi fruto de ação de hackers e, portanto, seria invalidado como prova de qualquer coisa.

FOMC

No comunicado sobre a decisão do Federal Open Market Committee (Fomc), os integrantes do comitê destacaram que as incertezas econômicas aumentaram e retiraram a expressão sobre “paciência”. A autoridade monetária apontou que monitorará de perto os próximos dados e agirá como apropriado. 

Os integrantes indicaram que ainda não haverá cortes em 2019, mas ainda deixam em aberto a possibilidade de afrouxamento da política monetária no final do ano. Por enquanto, o Fed espera um corte de juros à frente, mas não antes de 2020. 

A autoridade monetária ainda destacou a mão-de-obra forte, a economia crescendo a taxa moderada e o emprego sólido, com a taxa de desemprego a patamares ainda baixos. Por outro lado, a inflação e o núcleo estão abaixo de 2%.

Já Powell disse que muitos dirigentes no Fomc consideram o caso de “política um pouco mais acomodatícia” se fortaleceu, apesar de o “cenário básico parecer favorável”.

Powell expressou confiança ainda de que um corte dos juros pode ajudar o crescimento econômico se necessário.

Copom

A decisão do Banco Central brasileiro deverá ser divulgada a partir das 18h.

Até poucas semanas atrás, a grande maioria do mercado esperava por uma manutenção da Selic em 6,5% ao ano. Porém, a curva de juros já embute uma chance de cerca de 25% de que a Selic já seja cortada nesta quarta-feira. 

A maior probabilidade é de que o ciclo de corte comece no segundo semestre, em meio às indicações do Banco Central e do seu presidente, Roberto Campos Neto, de que aguardará o desenrolar da reforma da Previdência na Câmara. Esta visão também é compartilhada por economistas em meio à fragilidade das contas públicas. 

Porém, com dados da atividade econômica fracos – como o Índice de Atividade Econômica do Bando Central (IBC-Br), considerada prévia do Produto Interno Bruto (PIB), vindo abaixo do esperado -, a inflação podendo ficar abaixo da meta em 2020 e expectativas ancoradas, o caminho para a flexibilização poderia começar agora.  

Noticiário corporativo

Os bancos públicos e o fundo de investimento do FGTS (FI-FGTS) são os maiores credores do grupo Odebrecht SA sem garantias reais, como ações e imóveis, destaca o jornal O Estado de S. Paulo.

Essas instituições detêm quase R$ 17 bilhões de dívidas incluídas nessa categoria dentro da recuperação judicial da empresa, que foi aceita ontem, 18, pelo juiz João de Oliveira Rodrigues Filho, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais, de São Paulo. O processo da Odebrecht, que tem dívidas de R$ 98,5 bilhões, é considerado o maior da história.

O leilão de ativos da Avianca deverá ocorrer no dia 10 de julho, de acordo com a 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo. Em recuperação judicial desde dezembro do ano passado, a Avianca deverá elaborar um novo edital para que mais empresas ofertem lances.

Antes da suspensão, Gol (GOLL4), Azul (AZUL4) e Latam estavam habilitadas. Recentemente, Globalia, Passaredo, Sideral e Twoflex demonstraram interesse nos slots do aeroporto de Congonhas, em São Paulo.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 NATU3 NATURA ON 59,04 +4,11 +31,92 339,75M
 RAIL3 RUMO S.A. ON 20,48 +3,70 +20,47 175,53M
 JBSS3 JBS ON 21,31 +3,50 +83,89 199,74M
 GOLL4 GOL PN N2 33,00 +3,29 +31,47 170,74M
 WEGE3 WEG ON 21,25 +2,96 +21,99 53,25M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SMLS3 SMILES ON 43,90 -4,77 +7,71 369,47M
 UGPA3 ULTRAPAR ON 20,96 -1,78 -20,16 65,80M
 B3SA3 B3 ON 37,44 -1,76 +40,46 705,47M
 CSNA3 SID NACIONALON 16,61 -1,66 +97,14 211,25M
 MRFG3 MARFRIG ON 6,52 -1,36 +19,41 20,46M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE3 VALE ON 52,38 +0,73 1,10B 1,06B 45.523 
 PETR4 PETROBRAS PN N2 27,55 +0,36 838,36M 1,33B 32.908 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 35,19 +1,03 729,60M 655,04M 33.569 
 B3SA3 B3 ON 37,44 -1,76 705,47M 409,90M 28.678 
 BBDC4 BRADESCO PN 36,75 +1,10 493,09M 603,69M 28.958 
 MGLU3 MAGAZ LUIZA ON 208,99 +0,43 490,37M 210,05M 5.730 
 SMLS3 SMILES ON 43,90 -4,77 369,47M 39,12M 13.835 
 BBAS3 BRASIL ON EJ 52,33 +1,32 368,05M 524,48M 23.198 
 NATU3 NATURA ON 59,04 +4,11 339,75M 177,10M 16.906 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 18,17 +0,66 287,16M 325,26M 25.095 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Moro

Hoje no Senado, a figura mais popular do governo Jair Bolsonaro (PSL) insistiu na crítica à atividade ilegal dos hackers que invadiram seu celular e os dispositivos de procuradores, não reconheceu a autenticidade das informações divulgadas pelo site The Intercept Brasil e defendeu que nenhuma das conversas representaria uma ação irregular no exercício da magistratura.

“Estou absolutamente tranquilo em relação à conduta que realizei como juiz. Houve aplicação imparcial da lei em casos graves de corrupção e lavagem de dinheiro”, afirmou. O atual ministro defendeu que contatos entre juízes, advogados, membros do Ministério Público e policiais federais é comum à realidade brasileira.

Ontem, o site The Intercept divulgou mais um vazamento de conversas telefônicas entre o Sérgio Moro e o procurador da força-tarefa da Operação Lava-Jato, Deltan Dallagnol. 

Nessa nova troca de mensagens, Moro critica as investigações sobre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, pois seriam baseadas em provas fracas e poderiam “melindrar alguém cujo apoio é importante”. 

O diálogo, segundo o site, ocorreu em 13 de abril de 2017, um dia depois do Jornal Nacional ter veiculado uma reportagem com suspeitas sobre o ex-presidente da República. 

No texto divulgado ontem à noite, o Intercept sugere que FHC foi incluído no rol dos investigados para “acalmar o ânimo dos críticos”. Eles citam uma conversa em que o procurador Roberson Pozzobon sugeriu em um grupo de Telegram investigar, no mesmo procedimento, pagamentos da Odebrecht aos institutos Lula e FHC. 

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.