Ibovespa não sai do zero a zero entre realização e boas notícias na política

Mercado gostou que a disputa entre o Congresso e o governo não inviabiliza a a aprovação das reformas

Ricardo Bomfim

Home brokers com gráficos de ações (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa está perto de terminar a sessão estável nesta quarta-feira (22) depois de subir 5% desde sexta passada, quando terminou o pregão abaixo dos 90 mil pontos pela primeira vez no ano. Animam os investidores as notícias de que o centrão tomou as rédeas da agenda econômica e está empenhado em aprovar tanto a Reforma da Previdência quanto a Tributária. Hoje, as atenções ficam voltadas para a votação na Câmara dos Deputados da Medida Provisória 870, que reduziu o número de ministérios de 29 para 22. 

Às 16h47 (horário de Brasília), o principal índice da B3 caía 0,06% a 94.430 pontos, enquanto o dólar comercial tem queda de 0,12% a R$ 4,0422 na compra e a R$ 4,0427 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em junho tinha leve alta de 0,06% a R$ 4,046. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 recua quatro pontos-base a 6,82%, ao passo que o DI para janeiro de 2023 registra perdas do mesmo montante, a 7,99%.

Também contribui para diminuir o nervosismo do investidor a decisão do presidente Jair Bolsonaro de não comparecer às manifestações deste domingo (26). Segundo porta-voz do Planalto, “o presidente não endossa pautas que pedem o fechamento do Congresso e do [Supremo Tribunal Federal] STF”, diz. 

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No exterior, saiu às 15h a ata da última reunião do Federal Open Market Committee (Fomc), na qual a taxa básica de juros dos EUA foi mantida na banda entre 2,25% a 2,5%. A ata revelou que os membros do Federal Reserve estão confortáveis com a taxa atual e acreditam que ela possa durar por “algum tempo” ainda.  

Noticiário corporativo

A Petrobras (PETR3; PETR4) informou ontem à noite que manifestou ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) o interesse em exercer o direito de preferência na licitação dos volumes excedentes ao Contrato de Cessão Onerosa no regime de Partilha de Produção. A Diretoria Executiva aprovou a manifestação do interesse de preferência nas áreas de desenvolvimento de Búzios e Itapu, com percentual de 30%.

O valor correspondente ao bônus de assinatura a ser pago, caso haja confirmação do percentual de participação nos termos acima pelo CNPE, será de aproximadamente R$ 20,9 bilhões. A Petrobras poderá ampliar sua participação mínima de 30%, na data de realização do leilão, para as áreas de desenvolvimento em que manifestou o interesse em exercer seu direito de preferência.

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O plenário da Câmara dos Deputados aprovou ontem à noite a Medida Provisória que autoriza o investimento de até 100% de capital estrangeiro nas companhias aéreas brasileiras. No entanto, os deputados vetaram a permissão para que as companhias cobrem cobrem por bagagens despachadas.

Segundo o Estadão, da forma como aprovada, a MP permite ao passageiro levar, sem cobrança adicional, uma bagagem de até 23 kg nas aeronaves acima de 31 assentos. Esse dispositivo não fazia parte da proposta original enviada ao Congresso. O texto libera que empresas estrangeiras possam operar rotas domésticas no País. A notícia deve afetar as ações da Gol (GOLL4) e da Azul (AZUL4).

Já a Avianca Brasil afirmou a Justiça que a proposta apresentada pela Azul para a compra de parte de suas operações é juridicamente inviável, informou o Valor Econômico. A companhia disse ainda, em manifestação apresentada ontem à 1º Vara de Falências e Recuperações Judiciais do TJSP, que não tem preferência por comprador de seus ativos.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 MRVE3 MRV ON 16,32 +2,32 +32,04 790,06K
 BRDT3 PETROBRAS BRON 23,92 +2,09 +2,19 1,83M
 VVAR3 VIAVAREJO ON 4,40 +2,09 +0,23 1,45M
 BRKM5 BRASKEM PNA 44,02 +2,02 -7,09 2,84M
 MGLU3 MAGAZ LUIZA ON 182,68 +1,82 +1,45 6,95M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CSAN3 COSAN ON 45,06 -0,42 +37,61 36,05K
 SBSP3 SABESP ON 40,76 -0,34 +29,40 1,95M
 SANB11 SANTANDER BRUNT 44,43 -0,34 +7,54 229,19K
 LAME4 LOJAS AMERICPN 15,50 -0,32 -21,01 277,53K
 MULT3 MULTIPLAN ON N2 23,23 -0,30 -3,98 58,57K
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Noticiário Econômico

A Câmara dos Deputados vai avançar com uma proposta de Reforma Tributária própria. Sem esperar pelo texto elaborado pelo governo, a admissibilidade da reforma deve ser votada hoje na CCJC, como uma manobra do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e de líderes do Centrão, de mostrar que o Congresso tem sua agenda econômica.

Dessa forma, o Congresso vai se antecipar à proposta que vem sendo desenhada pela equipe do secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra. A intenção do governo seria enviar o texto apenas após a aprovação da Reforma da Previdência. “Não podemos esperar o ano que vem para começar a tributária”, disse Francischini, presidente da CCJC.

Segundo Francischini, nenhuma reforma desse tipo é aprovada sem apoio do Congresso ou do governo, já que a Receita Federal precisa operacionalizar as novas regras. Francischini alertou, entretanto, que “algo parecido com a CPMF não passa no Congresso”. Ele se disse pessoalmente contra uma proposta de imposto sobre meios de pagamento, como almeja Cintra.

O Ministério da Economia publica hoje um novo Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas, quando deverá ser anunciado pelo governo um novo corte de despesas, na faixa dos R$ 3 bilhões, devido à revisão nas projeções de crescimento do País, segundo o Estadão. Com um Produto Interno Bruto (PIB) menor, ao redor de 1,5% e 1,6% neste ano, a arrecadação de tributos também diminui.

O governo já fez um aperto de R$ 29,8 bilhões em março para assegurar o cumprimento da meta fiscal, que permite déficit de até R$ 139 bilhões. Após os cortes no Orçamento da educação terem levado a população às ruas e sob o risco de um apagão na máquina pública, a equipe econômica buscou meios de blindar ministérios de um novo bloqueio nas despesas. A tendência é que a opção seja “queimar” a reserva de R$ 5,4 bilhões existente no Orçamento para acomodar choques e emergências. Com isso, evita-se outra tesourada nos gastos dos órgãos.

O Valor Econômico destaca que os bancos públicos deverão devolver aos cofres da União neste ano ao menos R$ 20 bilhões, de um total de cerca de R$ 86 bilhões recebidos durante o período do governo da presidente Dilma Rousseff. Segundo a publicação, o dinheiro será usado para abater a dívida pública e a maior parte dos recursos deverá vir da Caixa – que pretende vender ativos, reduzir o índice de Basileia e emitir R$ 8 bilhões em letras financeiras.

A Caixa anunciou ontem ainda que que fará um programa de recuperação de crédito com o objetivo de resolver dívidas de 3 milhões de clientes. A instituição pretende recuperar ao menos R$ 1 bilhão em créditos que já estavam fora do balanço, lançados como prejuízo. Os descontos devem variar de 40% a 90% das dívidas – compostas por débitos de 300 mil empresas e 2,7 milhões de pessoas físicas. Dessas dívidas, cerca de 90% são inferiores a R$ 2 mil.

Noticiário Político

O presidente Jair Bolsonaro, por meio de seu porta-voz, Otávio Rêgo Barros, declarou que não irá participar dos atos do dia 26.

O PSL, partido de Bolsonaro liberou seus filiados a participar das manifestações de ruas. A legenda, entretanto, evita apoio institucional ao evento. “É um movimento espontâneo, nascido das ruas e todos estão liberados a participar”, disse o presidente do PSL, Luciano Bivar. Ele era contra, inicialmente, às manifestações, mas mudou de posição.

Sobre o polêmico decreto que libera a posse das armas, que abriu brecha, inclusive, para permissão de compra de fuzil por cidadãos comuns, o Planalto admitiu ontem que pode alterar o texto. Segundo o Estadão, aspectos do decreto que flexibilizou o porte de armas estão sendo avaliados pelo presidente e pela Casa Civil. A Anistia Internacional e 14 governadores se manifestaram contra o teor do decreto.

Em meio às discussões da Reforma da Previdência, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez duras críticas ao líder do governo na Casa, Major Vitor Hugo, ressaltando que o diálogo com ele se tornou “impossível” e que a situação é “incontornável”, com um rompimento institucional entre os dois.

Segundo o Estadão, a razão teria sido mensagens de Vitor Hugo em grupos de WhatsApp, associando as negociações entre o governo e o Congresso a sacos de dinheiro. Maia teve acesso à sátira e ficou irritado.

Bolsas Internacionais

As bolsas internacionais operam em sinais distintos nesta quarta-feira, em meio às preocupações quanto à guerra comercial entre EUA e China e à espera da divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve, o banco central americano.

Segundo o presidente da distrital do Fed em St. Louis, James Bullard, a instituição poderá precisar cortar seu juro básico se a inflação não voltar a acelerar para os níveis desejados. Uma forma de o Fed atingir isso seria relaxando sua política monetária, disse Bullard.

Na Ásia, os mercados reagiram à continuidade da tensão comercial entre as duas maiores potências econômicas globais, mesmo após os EUA recuarem temporariamente em relação às restrições à gigante de telecomunicações chinesa Huawei.

Segundo a CNBC, o presidente chinês, Xi Jinping, sinalizou que não haveria fim à guerra comercial no futuro próximo. Já o embaixador da China nos EUA afirmou que Washington “muda de ideia com muita frequência”, em relação às negociações comerciais.

Na Europa, os principais índices que operavam sem sinais distintos, passaram todos para o terreno positivo no início desta manhã. Estão previstos para hoje discursos do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, sobre política monetária da União Europeia e da primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, no Parlamento Britânico.

Entre as commodities, o preço do minério de ferro passa por uma nova alta, de 3,41%, cotado a 728,00 iuanes, na bolsa de Dalian, equivalente a US$ 105,66. As preocupações do mercado recaem sobre o risco de um novo desabamento de barragem da Vale no Brasil, segundo a própria empresa admitiu.

Já o petróleo recua após dados da indústria mostrarem um aumento nos estoques de petróleo dos EUA e com a Arábia Saudita prometendo manter os mercados equilibrados.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.