A ação preferida do Credit em um dos setores mais baratos (e problemáticos) da Bolsa

A questão regulatória ainda oferece riscos à tese de investimento nas companhias de saneamento

Weruska Goeking

(Divulgação)

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SÃO PAULO – O setor de saneamento básico, por sua demanda inelástica e seu monopólio nas áreas em que as empresas prestam serviços, poderia ser uma espécie de porto seguro do mercado acionário por seu perfil resiliente e histórico de bom pagador de dividendos. No entanto, reviravoltas no ano passado, especialmente decorrentes das revisões tarifárias, acabaram gerando descontentamento entre os investidores.  

A questão regulatória ainda oferece riscos à tese de investimento nas companhias do segmento e as mudanças nos hábitos de boa parte dos consumidores após a crise hídrica de 2014 e 2016 também pesa sobre os papéis, mas as ações estão atrativas por negociarem a um “múltiplo bastante descontado” em relação aos ativos de empresas de energia – segmento com características similares e mais comumente atrelado à ideia de ações defensivas.

Essa foi uma das conclusões a que os analistas do Credit Suisse chegaram ao iniciar a cobertura de empresas de saneamento nesta semana. Eles veem cerca de 30% de desconto no preço das ações em relação ao setor elétrico e 60% em relação aos pares comparáveis no Chile. 

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Segundo os analistas, o EV/RAB (EV = enterprise value, ou valor de mercado + dívida líquida”; RAB = base de ativos regulatórios) do setor está perto de 0,61, valor que implica desconto de 65% em relação às empresas de eletricidade. “O desconto parece particularmente difícil de entender quando consideramos que o WACC [Custo Médio Ponderado do Capital] regulatório é semelhante para saneamento e eletricidade”, afirmam.  

Copasa: a preferida do Credit

Por isso, o time de análise acredita que as empresas podem chegar ao seu potencial máximo se entregarem maior eficiência, ao mesmo tempo que o regulador proponha medidas razoáveis para o setor. Entre as empresas, a Copasa (CSMG3) surge como a favorita do Credit Suisse em relação à Sabesp (SBSP3) e à Sanepar (SAPR11). 

O papel da Copasa recebeu recomendação outperform (acima da média do mercado, o equivalente a compra) e preço-alvo de R$ 49, indicando um potencial de valorização de 18% em relação ao último pregão. Para os analistas, a empresa é a mais defensiva entre as três, principalmente em função de dividendos sólidos, do resultado positivo da primeira revisão tarifaria, do baixo risco dos reservatórios e dos múltiplos atrativos de 8,7 vezes o múltiplo P/E (preço sobre lucro) esperado para 2019 e 4,8 vezes o EV/Ebitda (valor da empresa sobre o Ebitda, lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações). 

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A taxa interna de retorno de 12,4% e o dividend yield (quanto o valor pago representa em relação ao preço da ação) de 10,7% para 2019 também chamaram a atenção do Credit Suisse. “A empresa anunciou um capex conservador para o período de 2018-2022 e também reduziu a exposição a moeda estrangeira. Além disso, a Copasa nos parece a empresa com maior capacidade para adicionar municípios à base”, acrescentam os analistas em relatório. 

Para a Sabesp a recomendação é neutra e com preço-alvo de R$ 28,50, implicando um potencial de alta de 19%. Para os analistas, o potencial de uma melhor revisão tarifaria parece “bem razoável”, além de enxergarem um valuation atrativo, de 6,1x P/E 2018 e 4,7x EV/Ebitda.

O potencial de crescimento também se mostra atrativo aos analistas, mas a maior preocupação reside na política de dividendos com menor apelo se comparado com as outras empresas de saneamento. “As margens devem continuar estáveis nos próximos anos em um patamar próximo de 46%-47%”, projeta o Credit.

A empresa ainda discute alguns dos parâmetros da revisão com o regulador, mas os analistas acreditam que existe uma “chance razoável” de um resultado positivo, embora a proximidade das eleições dificultem alguma  renegociação ainda este ano. Uma das maiores preocupações para os analistas aparecem com a exposição ao câmbio, com 50% da divida, sem hedge. 

No caso da Sanepar, a recomendação é neutra, com preço-alvo de R$ 49 e potencial de valorização de 473,1%. A estimativa leva em consideração o fluxo de caixa da empresa até 2030 com custo de capital de 15,1% e 50% de chance de renovação de contratos.

A definição dos analistas do Credit para a empresa é de geradora de caixa com “valuation interessante”. Do outro lado, a empresa tem um plano agressivo de capex para os próximos anos (Capex/Ebitda de 60%, na média). Além disso, com uma já alta cobertura de água encanada e esgoto no Paraná, o estado não tem grande espaço para crescimento. Por fim, a última revisão tarifaria não foi muito positiva para a companhia com o diferimento de oito anos, gerando maior incerteza sobre a revisão tarifária e que abalou e muito os papéis, com efeitos sendo sentidos até hoje para quem pensa em investir nos papéis SAPR11

Para o Credit, a taxa interna de retorno de 12,3% foi “bastante decente” e o time de análise lembra que o dividend yield médio para o período de 2018 a 2021 deve ser de 5%. Também não é esperada nenhuma grande mudança crescimento dos lucros e das margens.

Desta forma, entre as estatais, o Credit prefere a ação da estatal mineira – enquanto isso, mantém maior cautela em relação aos demais papéis.

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