Gerdau sobe 3% após balanço; Petrobras cai mais de 2% com petróleo e Eletrobras tem baixa após revés no Senado

Após o fechamento da Bolsa serão conhecidos os números trimestrais de Braskem, Movida, Randon e Triunfo, entre outras empresas

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em novo dia de forte baixa, com o mercado refletindo a pesquisa CNT/MDA, em que Jair Bolsonaro (PSL) lidera a corrida em São Paulo, além do debate que ocorre nesta quinta-feira à noite. No exterior, atenção para a guerra comercial após a China anunciar que irá tarifar em 25% uma cesta de produtos norte-americanos que soma US$ 16 bilhões.

O benchmark da bolsa brasileira fechou com queda de 1,49%, aos 79.145 pontos, com volume financeiro de R$ 10,502 bilhões. O dólar comercial, por sua vez, teve leve queda de 0,04%, cotado a R$ 3,7658 na venda, após chegar a cair para R$ 3,7372 na mínima do dia. Já o dólar futuro com vencimento em setembro subiu 0,33%, para R$ 3,775. Pesou para o mercado local também a derrocada de mais de 3% do petróleo no exterior, com o barril WTI fechando a US$ 66,91, enquanto o brent ficou em US$ 72,36. Com a baixa, Petrobras teve um novo dia de queda, enquanto siderúrgicas chegaram a saltar no começo do dia, mas amenizaram os ganhos durante a sessão. Confira os destaques:

 

CSN (CSNA3)

As ações da CSN chegaram a saltar após a companhia reverter o prejuízo do segundo trimestre de 2017 e alcançar lucro líquido de R$ 1,190 bilhão neste ano, mas fecharam com leve baixa refletindo também a virada de humor do mercado. A receita líquida consolidada atingiu R$ 5,066 bilhões, crescimento de 32%, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi R$ 1,42 bilhão, alta de 58%, com margem Ebitda de 23,9%, ante 19,6% no segundo trimestre de 2017, devido a melhor performance de todos os segmentos, segundo a empresa.

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A XP Research elevou a recomendação para as ações da empresa de neutra para compra, com preço alvo de R$ 13 e potencial de alta de 35%. “O resultado do segundo trimestre surpreendeu, e acreditamos que esta tendência se manterá para o segundo semestre. Além disso, vemos potenciais surpresas positivas por meio de venda de ativos até o final do ano”, afirma Karel Luketic, analista de mineração e siderurgia.

O analista destaca ainda que os preços de minério de ferro e de aço no mercado internacional devem continuar sustentados e acima da expectativa do mercado, o que ajuda a impulsionar os resultados da empresa ao longo dos próximos trimestres.

Gerdau (GGBR4)

As ações da Gerdau saltaram após a companhia divulgar lucro líquido consolidado de R$ 698 milhões no segundo trimestre, alta de 830% na comparação anual. Com ajustes, o lucro líquido disparou 407,5%, a R$ 746 milhões.

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O Ebitda ajustado subiu 56,8%, para R$ 1,756 bilhão, o melhor resultado trimestral desde 2008, com margem Ebitda 14,6%, alta de 2,4 pontos percentuais ante 12,2% um ano antes.

A empresa também anunciou pagamento de R$ 238 milhões, ou R$ 0,14 por ação, em juros sobre capital próprio referente ao segundo trimestre, no dia 31 de agosto.

Segundo o BTG Pactual, o resultado foi muito forte, com o Ebitda vindo 15% acima do esperado pelo banco. “O consenso já vinha aumentando os números do Ebitda de R$ 1,4 bilhão para R$ 1,6 bilhão nas últimas semanas, mas mesmo assim a empresa superou as expectativas. A qualidade do resultado operacional foi boa: margem Ebitda no Brasil perto de 19,6% e nos EUA chegou a 9,2%. O resultado dos EUA realmente é um grande destaque aqui, com margens já chegando a quase 10% e acreditamos que melhora ainda mais no terceiro trimestre de 2018”, avalia o banco. 

Petrobras (PETR3;PETR4) e Eletrobras (ELET6)

Ontem, o Senado decidiu votar apenas depois das eleições os projetos de lei da Cessão Onerosa e das Distribuidoras da Eletrobras. A decisão foi tomada após consenso dos líderes da casa de apenas votar projetos polêmicos apenas quando se definir o próximo presidente e sua pauta de governo.

O Bradesco BBI ressalta que, com o timeline proposto pelo Senado, a cessão onerosa inteira deve ser atrasada, com o leilão das sobras acontecendo apenas em 2019, mesmo com um resultado favorável nas eleições deste ano. “Um risco de alta poderia ser a suspensão da injunção que proíbe vendas de ativos, porém a probabilidade do STF analisar esta questão agora é, em nossa opinião, baixa”, avaliam os analistas.

Já a XP ressalta que, quanto às distribuidoras, a notícia é bem negativa para a Eletrobras haja visto que o leilão do dia 30 de Agosto fica praticamente inviabilizado, podendo não restar alternativa senão liquidar tais subsidiárias deficitárias e assumir pendências financeiras bilionárias. 

Os papéis da Eletrobras sofreram com a notícia no pregão de hoje e os papéis preferenciais caíram cerca de 2%. As ações da Petrobras fecharam em forte baixa, também influenciadas pela forte queda do petróleo, que caíram cerca de 3% após os estoques de petróleo acima do esperado. 

Recomendações
Em destaque, o Magazine Luiza (MGLU3) teve a recomendação reduzida para neutra pelo Bradesco BBI, com preço-alvo de R$ 155. As ações caem 2%. Os analistas projetam contratempos como a forte base de comparação, o fim da Lei do Bem, competidores mais organizados e uma taxa de juros mais elevada, que pode levar a uma reclassificação dos atuais da relação de 43 vezes o preço sobre lucro. “Reconhecemos a capacidade de execução da companhia, mas destacamos que as expectativas de crescimento teriam que ser bem mais elevadas para representar o potencial de valorização significativo”, avaliam. 

Entre outras recomendações, a Multiplus (MPLU3) teve a recomendação reduzida a ’equal-weight’ por Morgan Stanley, enquanto a Taesa (TAEE11) elevada a ’compra’ pelo  BTG Pactual, com preço-alvo de R$ 24. Os papéis da Taesa sobem mais de 1%.

Vale (VALE3)

As ações da Vale fecharam em queda no pregão de hoje. No noticiário relativo à companhia, a Samarco, joint venture entre a Vale e a BHP Billiton, acredita que conseguirá em 2019 todas as licenças necessárias para retomar sua produção de minério de ferro em Mariana (MG), onde uma de suas barragens de rejeitos se rompeu e paralisou suas atividades desde novembro de 2015, informou a empresa em nota à Reuters. 

Na China, principal comprador da Vale, segue a pressão pelas perspectivas de tarifas pelos Estados Unidos após o governo chinês anunciar que irá tarifar em 25% cerca de US$ 16 bilhões em produtos norte-americanos. Na véspera, Washington disse que vai aplicar o mesmo percentual de tarifas contra mercadorias chinesas.

Cielo (CIEL3)

A Cielo (CIEL3) deixou investidores descontentes com o desempenho no segundo trimestre, mas sua política de dividendos e sua forte queda faz com que a empresa volte a cair nas graças de alguns analistas de mercado. Um dos que estão otimistas com a credenciadora de pagamentos é o Citi, que reiterou sua recomendação de compra das ações de olho nos “gordos dividendos”, com um dividend yield (relação entre o total de dividendos e o preço da ação) de 9,7%. Isso mesmo: proventos de 9,7%.

Na semana passada, a empresa anunciou o pagamento de R$ 3,5 bilhões em proventos aos acionistas, sendo R$ 1,75 bilhão a ser pago no dia 28 de setembro, dividido em R$ 1,4 bilhão em dividendos e R$ 312,5 milhões em juros sobre capital próprio. Com a ação registrando fortes quedas em meio ao resultado negativo e sinais de maior concorrência (no ano, os papéis caem quase 40%, ao seu valor mais baixo desde fevereiro de 2013), a proporção do dividendo em relação ao preço da ação ficou ainda mais atrativo. 

Para o time de análise do Citi, o preço atual dos papéis mais do que precifica todos os desafios que a empresa está passando. O dividend yield elevado também deve fornecer suporte importante para os papéis enquanto as perspectivas para a empresa não melhoram. A análise teve repercussão positiva no mercado e as ações da Cielo dispararam mais de 6% no pregão desta quarta. 

Leia mais: Cielo pagará 9,7% de dividend yield aos acionistas e anima banco

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Rumo (RAIL3)

A Rumo teve prejuízo líquido de R$ 34,5 milhões no período, perda 14,5% na comparação anual, com bons resultados operacionais ofuscando as despesas financeiras. O Ebitda foi de R$ 843,7 milhões, aumento de 15% ante o segundo trimestre de 2017. A receita líquida da companhia avançou 10,5%, para R$ 1,66 bilhão.

Os analistas do Credit Suisse destacam do lado positivo o crescimento de volume de 9,3% na comparação anual, mesmo com a greve dos caminhoneiros, o continuo controle de custo com vendas, despesas gerais e administrativas caindo 15% na comparação anual e 5% na trimestral, e a eficiência operacional com o consumo de combustível caindo 7% em base anual. Do outro lado, a surpresa negativa foi a despesa financeira de R$ 460 milhões impactada por um evento não recorrente e sem efeito caixa de R$ 118 milhões. 

“A empresa também anunciou a aprovação do financiamento do BNDES de R$ 2,9 bilhões com custo equivalente de 115% do CDI, o que deve ser positivo já que ajuda a continuar seu plano de investimentos”, avaliam os analistas do Credit, em relatório enviado a clientes. Eles elevaram o preço-alvo para as ações da Rumo de R$ 16 para R$ 18, devido à rolagem para seis meses e à melhora na estrutura de capital e custo de captação. 

Os recursos são destinados às controladas Rumo Malha Norte e Rumo Malha Sul para a modernização de vias férreas operadas e outros investimentos. O plano de investimentos da empresa compreende cerca de R$ 5 bilhões ao longo dos próximos anos, e esse empréstimo foi solicitado em 2016 como uma das fontes de financiamento. 

BTG Pactual (BPAC11)

O BTG Pactual registrou lucro líquido de R$ 622 milhões, aumento de 23,7% em relação ao segundo trimestre de 2017. A receita disparou quase 1.000%, para R$ 209,9 milhões. “O melhor trimestre de todos os tempos”, disse o banco. As receitas dos segmentos sales & trading, asset management e wealth management cresceram 74%, 39% e 38%, respectivamente.

Iguatemi (IGTA3)

O lucro da Iguatemi subiu 19%, para R$ 60,6 milhões, com redução de 30% das despesas financeiras. O Ebitda cresceu 1,6%, para R$ 132,5 milhões. 

O resultado veio em linha com as estimativas e o Credit Suisse pontua que mesmo com os menores descontos na comparação anual e e maiores custos de ocupação, a inadimplência continua sob controle. Os analistas do Bradesco BBI destacam que, apesar das vendas nas mesmas lojas terem sido negativos, os números do Iguatemi em geral foram bons, resultado da desalavancagem, da estabilidade de área alugada e aumento de dívida atrelada à Selic. 

Tupy (TUPY3)

A Tupy registrou lucro líquido de R$48,3 milhões, valor correspondente a três vezes o montante observado no segundo trimestre de 2017.  

Os analistas do BTG Pactual avaliam que o resultado veio forte, mesmo considerando a greve dos caminhoneiros, com crescimento de 32% nas vendas na comparação anual – nível recorde. A equipe de análise elevou o preço-alvo para a ação da Tupy de R$ 22 para R$ 25.

Minerva (BEEF3)

Os papéis da Minerva despencaram após a companhia divulgar que teve prejuízo líquido de R$ 925,98 milhões no segundo trimestre, resultado bem pior que o prejuízo líquido de R$ 55,61 milhões registrado no mesmo período do ano anterior. A receita líquida aumentou 44,84%, para R$ 3,74 bilhões.

A empresa divulgou que seu conselho de administração aprovou proposta de abertura de capital da subsidiária Athena Foods, no Chile. A Athena contemplaria os resultados das unidades localizadas no Paraguai, Uruguai, Argentina, Colômbia e Chile. Além disso, a empresa revisou suas projeções de receita para o ano para cima, devido ao cenário de real mais depreciado.

Comgás (CGAS5)

A Comgás registrou lucro líquido de R$ 114 milhões, queda de 22,1% na comparação com o segundo trimestre de 2017, e a receita subiu 17% no mesmo período, para R$ 1,6 bilhão. O Ebitda recuou 9,7%, para R$ 330,8 milhões.

O time de análise do BTG Pactual afirma que o resultado veio melhor que esperado, apesar da greve dos caminhoneiros que impactou o trimestre. Os principais gatilhos foram o aumento de 3% nos volumes na comparação anual, o aumento da tarifa definido pela Arsesp, e as vendas, despesas gerais e administrativas estáveis.

Sanepar (SAPR4)

Os papéis da Sanepar subiram após a divulgação de lucro líquido de R$ 253,6 milhões, aumento de 28,9% em relação ao segundo trimestre de 2017. O Ebitda somou R$ 400,1 milhões, aumento de 24,9% e a margem Ebitda subiu 3,9 pp, para 39,2%. A receita operacional líquida no segundo trimestre foi de R$ 1,02 bilhão, foi 12,2% em base anual.

O resultado foi bom e em linha com as expectativas, observaram os analistas do BTG Pactual. “O papel está barato, mas atribuímos isso ao fato de estarmos em ano de eleição, o que é um risco para a tese de investimento”, avalia o time de análise, que recomenda compra das ações.

Ouro Fino (OFSA3)

A empresa de produtos veterinários Ouro Fino registrou lucro líquido de R$ 24,3 milhões no segundo trimestre de 2018, alta de 86,9% na comparação com os R$ 13 milhões registrados no mesmo período do ano passado. A receita líquida foi de R$ 161,6 milhões, 17,2% acima dos R$ 137,8 milhões do segundo trimestre de 2017.

O Ebitda, por sua vez, teve alta de 54,8% no segundo trimestre, a R$ 45,5 milhões. Excluindo o efeito tributário positivo não recorrente, o Ebitda teve alta de 26%, a R$ 40,7 milhões. 

O Itaú BBA apontou que a empresa teve uma melhora na comparação com o ano anterior, principalmente com um crescimento melhor do que o esperado na receita e uma forte melhoria de lucratividade na divisão de pets. 

BR Properties (BRPR3)

A BR Properties teve prejuízo líquido de R$ 61,7 milhões no segundo trimestre, 602% maior na base de comparação anual. Apesar desse número, segundo o Credit Suisse, a companhia entregou um trimestre positivo. O nível de leasing activity deve trazer um bom de-risking para o case com uma redução de vacância nos principais ativos e com uma garantia de entrada de caixa em um momento que a empresa deve perder a Petrobras no Ventura.

Tegma (TGMA3)

A Tegma teve lucro líquido de R$ 28,2 milhões no segundo trimestre de 2018, alta de 17% na comparação anual. Já a receita subiu 10,6%, para R$ 293,3 milhões. O Ebitda subiu 126,5%, a R$ 45,1 milhões, enquanto a despesa financeira líquida da foi de R$ 826 mil, contra receita financeira líquida de R$ 3,4 milhões no segundo trimestre de 2017.

Hermes Pardini (PARD3)

A Hermes Pardini teve lucro líquido de R$ 33,2 milhões no segundo trimestre de 2018, aumento de 4,8% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando foi de R$31,6 milhões. O Ebitda ajustado de R$ 62,7 milhões, queda de 7,4% na base de comparação anual. De acordo com o Morgan Stanley, os números mostraram que a empresa ainda está sob pressão, com as margens também sendo mais fracas do que a esperada. 

CSU CardSystem (CARD3)

A CSU reportou lucro de R$ 8,4 milhões, queda de 7,4% na base anual e 7,9% abaixo das estimativas do Brasil Plural. O Ebitda de R$ 22,2 milhões também ficou aquém da expectativa do banco com baixa de 6,1% na mesma base de comparação.

Os cartões faturados caíram 33%, para 14,7 milhões, principalmente devido à perda da conta BMG, mas também caíram 4,8% no trimestre, já que a base de cartões foi reduzida durante o trimestre. Como resultado, o lucro bruto da CSU caiu 40% na comparação anual para R$ 16 milhões, enquanto isso foi parcialmente compensado pela unidade de call center (Contact), que cresceu 62% na base anual e 27% na base trimestral, para R$ 7,9 milhões.

“Os números do 2Q18 da CSU retratam uma velha história de gradual e dolorosa reconstrução da lucratividade após a perda de uma conta grande – desta vez o encerramento da conta do cartão BMG em dezembro de 2017”, destaca o Brasil Plural. 

Próximos balanços

Após o fechamento da Bolsa nesta quarta-feira, serão conhecidos os números trimestrais de Braskem, Aliansce, Engie, Eucatex, Movida, QGEP Participações, Randon, Santos Brasil, Sonae Sierra, T4F Entretenimento, Triunfo e Valid. Antes da abertura na quinta-feira (9) serão divulgados os balanços de Suzano, Banco do Brasil e Azul.