Credit Suisse rebaixa Brasil por 10 motivos – mas ele mesmo diz que pode estar errado

Estrategistas reduziram exposição no Brasil no portfólio de emergentes vendo riscos à frente, mas ressaltam que decisão pode ser controversa

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Embora renovando sua máxima histórica consecutivamente neste ano e com muitos analistas chegando a prever a superação dos 100 mil pontos, o Ibovespa começou a perder atratividade para um dos grandes bancos de investimentos do mercado.

Um deles foi o Credit Suisse que, em relatório de estratégia publicado nesta quarta-feira (28), revisitou o case para os ativos do Brasil e rebaixou as ações do País para underweight (exposição abaixo do mercado) para 15% em um portfólio de emergentes. 

Os estrategistas Alexander Redman e Arun Sai reconhecem que estão fazendo um “call contrário” frente a visão geral dos estrategistas e investidores em Brasil, mas apontam 10 argumentos que sustentam essa visão. 

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São eles: i) a taxa de crescimento potencial do Brasil em meio aos desequilíbrios econômicos pode estar limitada em 2,5%; ii) os grandes desafios fiscais, que permanecem enquanto os programas de reformas estão sendo diluídos e sofrendo atraso (com destaque especial para a reforma da previdência); o ganho com a desinflação brasileira, “um dos mais espetaculares dos mercados emergentes em uma década”, está se concluindo; iv) improvável que os investidores em dólar ganhem mais com a valorização do real, com o Credit vendo o câmbio a R$ 3,30 no final deste ano e a R$ 3,40 para 2019 e v)  o risco político permanece endêmico até a conclusão da eleição presidencial brasileira.

Os outros cincos pontos são os seguintes: vi) os estrategistas veem um potencial de valorização limitado para o minério de ferro e preços de petróleo durante o ano; vii) a rápida recuperação na rentabilidade pós-recessão através de aumento das margens está desacelerando; viii) o Brasil tem uma história de desapontamentos e revisões dos ganhos (nos últimos 15 anos, apenas a África do Sul e o Chile, entre os 15 maiores mercados emergentes do MSCI, decepcionaram mais na comparação com as expectativas de lucro do sell-side do que o Brasil);  ix)  embora o Brasil é muitas vezes percebido como um “play” de valor, os estrategistas encontraram o país “caro”; e (x) O Brasil agora é um consenso “overweight” tanto para o buy side (gestores) quanto para o sell-side. 

De acordo com o banco suíço, dado esse cenário, a recomendação é por evitar os nomes de Itaú Unibanco (ITUB4), Itaúsa (ITSA4), Ultrapar (UGPA3) e WEG (WEGE3), com os estrategistas ainda compradores como Ambev (ABEV3), Santander Brasil (SANB11), B3 (BVMF3), Sabesp (SBSP3) e Hypera Pharma (HYPE3). 

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Contudo, Redman e Sai destacam cinco pontos em que “podem estar errados” e que são os principais para a tese dos investidores altistas com o mercado brasileiro: (i) o Brasil superando as estimativas de crescimento; ii) um aumento mais sustentado do consumo com a recuperação das finanças domésticas; iii) as ações podendo se beneficiar de um cenário de alta alavancagem operacional; (iv) os fundos globais veem cada vez mais que não vale a pena não ter ações de emergentes e grandes ações brasileiras podem ser atrativas e (v) as commodities se fortalecerem em um cenário de dólar fraco. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.