Commodities vão em direções opostas: ADR da Vale cai 6% e Petrobras dispara 5% em NY

Enquanto o minério de ferro desabou mais de 6% nesta sessão, os preços do petróleo saltaram quase 6% no exterior, com possível acordo entre os membros da Opep para redução da produção

Paula Barra

Setor extrativo foi destaque de baixa em janeiro, mas projeções para o ano são boas

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SÃO PAULO – A BM&FBovespa esteve fechada nesta terça-feira (15), por conta do feriado da Proclamação da República, mas os investidores acompanharam a movimentação dos ativos brasileiros negociados na Bolsa de Nova York. O índice de ADRs Brazil Titans 20 Dow Jones, que é negociado na Bolsa de Nova York e reúne os 20 ADRs mais líquidos de empresas brasileiras, teve forte alta nesta sessão, seguindo o desempenho positivo dos principais índices acionários americanos.

O Brazil Titans 20 Dow Jones registrou alta de 2,01%, a 18.703 pontos, puxado pela corrida dos investidores por ativos da Petrobras e bancos. A petrolífera foi amparada pelos preços do petróleo. Em dia de apetite por risco, apenas 3 empresas que compõem o índice fecharam em queda hoje: Vale, penalizada pela derrocada do minério, Gerdau, que se descolou da sua concorrente CSN, e Fibria.  

Os ADRs da Vale afundaram 6% hoje, seguindo as demais mineradoras globais, pressionadas pela forte queda do minério de ferro. Os papéis VALE.P (correspondentes às ações preferenciais da companhia) caíram 6,12%, a US$ 6,75, enquanto os ativos VALE (referentes às ações ordinárias) recuaram 4,81%, a US$ 7,32. Já o minério de ferro, negociado no porto de Qingdao, na China, encerrou a sessão com desvalorização de 6,5%, a US$ 72,68 a tonelada. Lá fora, os ativos da Rio Tinto, BHP Billiton e Anglo American também afundaram mais de 5%. O movimento foi acompanhado também pela siderúrgica brasileira Gerdau (-2,94%, a US$ 3,80), enquanto as ações da CSN (+1,71%, a US$ 3,27) viraram para alta durante o pregão.

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No radar da Gerdau, uma explosão ocorrida na segunda-feira, 14, na usina da Gerdau em Ouro Branco, Minas Gerais, deixou três mortos e um ferido. Segundo a siderúrgica gaúcha, os operários eram prestadores de serviço da empresa Convaço e faziam trabalho de manutenção. De acordo com a companhia, o operário que ficou ferido foi encaminhado ao Hospital Fundação Ouro Branco (FOB), mas recebeu alta na manhã desta terça-feira.

Do outro lado do índice, os ativos da Petrobras subiram mais de 5%. Os papéis PBR (equivalentes às ações ordinárias da estatal) dispararam 4,39%, a US$ 9,99 e os PBR.A (equivalentes às ações preferenciais) avançaram 5,47%, a US$ 8,67. O movimento ocorreu na esteira dos preços do petróleo, que avançaram quase 6%, em meio às expectativas por um acordo entre os membros da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) para corte de produção. O contrato do WTI teve alta de 5,8%, a US$ 45,81 o barril, enquanto o Brent avançou 5,6%, a US$ 46,93 o barril. 

Investidores apontam como causa para a euforia os últimos esforços da Opep para resgatar um possível acordo de redução da produção antes da reunião que acontece no dia 30 de novembro. Nesta semana, o ministro de Energia saudita, Khalid al-Falih, se reunirá com suas contrapartes da Rússia, Alexander Novak, e do Qatar, Mohammed Saleh Al Sada, o que pode estar elevando os ânimos do mercado. 

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Apesar da agitação nos preços da commodity, Carsten Menke, analista de pesquisas de commodities do banco suíço Julius Baer, acredita que a reunião da Opep marcada para o fim do mês não trará mudanças significativas na produção do óleo. “O denominador comum para as negociações ainda é pequeno e qualquer negócio poderia entrar em ‘águas turbulentas’ logo após a assinatura do acordo”, disse o analista. “Continuamos acreditando que um acordo significativo para reduzir a produção de petróleo é muito improvável”, acrescentou.

Já entre os bancos, todos marcavam alta superior a 4%: Bradesco (+4,24%, a US$ 8,86), Itaú Unibanco (+5,06%, a US$ 10,59) e Santander (+6,62%, a US$ 7,89).

Destaque também para os ADRs da Embraer, que abriram em queda, mas viraram para alta de 1,06% nesta sessão, fechando cotados a US$ 20,94. No radar, a empresa anunciou hoje ter assinado contrato com a United Airlines para a venda de 24 jatos E175. Os aviões devem ser entregues à United Airlines em 2017. O contrato tem um valor total de US$ 1,08 bilhão, a preço de lista. 

Bolsas internacionais
Nos Estados Unidos, os principais índices acionários tiveram alta nesta terça-feira, impulsionados também pela disparada das ações de petróleo, enquanto as ações de tecnologia se recuperaram após “sell-off” com eleição de Donald Trump. 
O Dow Jones fechou em alta de 0,29%, a 18.923; o S&P 500 subiu 0,75%, a 2.180 pontos; e Nasdaq avançou 1,10%, a 5.275 pontos. 

Por lá, investidores reagiam aos dados de vendas no varejo, que subiram mais do que o esperado em outubro,  com os consumidores comprando veículos e uma série de outros produtos, indicando uma força econômica sustentável que poderia permitir ao Federal Reserve elevar os juros no mês que vem. O Departamento do Comércio informou nesta terça-feira que as vendas no varejo subiram 0,8% no mês passado, também impulsionadas pela demanda por material de construção. Economistas esperavam alta de 0,6% nas vendas em outubro.

Além disso, os estoques das empresas dos Estados Unidos aumentaram 0,1% em setembro na comparação com o mês anterior, segundo dados oficiais divulgados nesta terça-feira. O resultado veio em linha com a previsão dos analistas ouvidos pelo Wall Street Journal.

Já na Europa, o dia também foi de alta para os principais índices acionários. O FTSE-100, da Bolsa de Londres, avançou 0,59%, a 6.793 pontos; em Frankfurt, o Dax subiu 0,39%, a 10.735 pontos; o CAC 40, de Paris, teve alta de 0,62%, para 4.536 pontos; e em Madri, o Ibex-35 subiu 0,33%, a 8.687 pontos. 

Nesta manhã, foi revelado o PIB (Produto Interno Bruto) da zona do euro, que cresceu 0,3% no terceiro trimestre ante o segundo, de acordo com dados da agência de estatísticas da União Europeia, a Eurostat, divulgados nesta terça-feira. O resultado veio em linha com a previsão dos analistas ouvidos pelo Wall Street Journal.