“Empresas estatais deveriam ser proibidas de ter o capital aberto”, diz especialista em governança

Telmo Schoeler, presidente da Strategos Consultoria e especialista e professor do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa falou em entrveista exclusiva ao InfoMoney

Arthur Ordones

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SÃO PAULO – “Empresas públicas não podem ser de capital aberto”, afirmou Telmo Schoeler, presidente da Strategos Consultoria e especialista e professor do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. “Essa minha visão é muito clara e de longa data. As estatais não são geridas como nós administramos empresas privadas, com foco em valorização de companhia, mas sim como um órgão de governo”, disse em entrevista exclusiva ao InfoMoney.

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Segundo ele, o governo está usando a Petrobras (PETR3 e PETR4) para fazer política. “Eu, como investidor, não vou colocar meu dinheiro em um lugar que é usado para fazer política de governo. Nenhuma medida que eles tomam é focada em dividendos, valorização da companhia ou qualquer coisa que beneficie o investidor”, explicou Schoeler.

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A companhia estatal divulgou seus resultados referentes ao quarto trimestre de 2013 na segunda-feira (25) com queda de 19% no lucro líquido em comparação com o semestre imediatamente anterior. Com isso, no pregão de terça-feira (26), as ações ordinárias da Petrobras caíram 2,86% e fecharam na mínima desde agosto de 2005, a R$ 12,90, enquanto os ativos preferenciais caíram 3,53%, a R$ 13,68, menor fechamento desde novembro de 2008.

De acordo com o especialista, os resultados decepcionantes, divulgados trimestre após trimestre, e a dívida estratosférica da companhia são reflexos das intervenções governamentais. “A presidente da República ou o ministro da Fazenda estão preocupados se a Petrobras vale ou não vale metade do que valia antes? Não. Só se estiverem preocupados que isso pode afetar a imagem deles na próxima eleição, mas com a empresa em si eles não estão preocupados”, disse.

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Outro problema, segundo Schoeler, é a presença de pessoas do governo dentro da empresa e com voz de decisão. “Como você vai investir em uma empresa cujo ministro da Fazenda é membro do conselho? Essa não é a lógica que aplicamos nas companhias privadas. Onde está o interesse dos acionistas privados e minoritários da Petrobras? Todas as medidas são feitas para politicagem, para beneficiar um ou outro dentro do próprio governo”, afirmou.

Para o presidente, a solução seria fechar o capital da Petrobras, pois assim, eles (membros do governo) não precisariam mais dar explicação para ninguém e poderiam fazer o que quiser, deixando os investidores do lado de fora.

“A Petrobras nem deveria ser uma empresa pública, deveria ser administrada da forma correta e com todo mundo ligado ao governo fora de lá, pois assim iriam investir no lugar certo, comprar o que é certo e, neste caso, poderia ter o capital aberto, sem problemas. Só assim os investidores minoritários serão tratados como merecem”, finalizou.