Ação da Gol cai na sessão, mas salta 73% na semana; Suzano dispara 17% e Gafisa avança 12%

Confira os destaques da B3 na sessão desta sexta-feira (27)

Lara Rizério

(Divulgação)

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SÃO PAULO – Em uma sessão de aversão ao risco para o mercado após três dias de alívio com os estímulos dos bancos e governos centrais pelo mundo, as ações de Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4), tiveram um dia volátil. Já a CVC (CVCB3) viu seus papéis subirem 3,72% na sessão.

As ações das aéreas chegaram a cair mais de 10% mas, logo durante a manhã, passaram a subir. Contudo, acompanhando o movimento de maior aversão ao risco na sessão, fecharam em queda: de 4,97% para AZUL4 e de 3,45% para GOLL4. Contudo, na semana, que foi de alta de 9,48% para o Ibovespa com as atuações dos governos e bancos centrais através de medidas para conter o impacto econômico do coronavírus, as ações das companhias conseguiram se recuperar. Gol subiu 72,94%, Azul teve ganhos de 41,30%, CVC teve alta de 56,39% e Smiles (SMLS3), de programas de fidelidade, avançou 44,09%. Porém, no acumulado dos últimos trinta pregões, as baixas são bastante expressivas para os papéis.

Vale destacar que, conforme destaca matéria do Estadão, ajustada para o período de enfrentamento ao novo coronavírus, em que a demanda por voos caiu drasticamente, a malha aérea brasileira terá mudanças a partir deste sábado, com uma redução de 56% de localidades atendidas. Considerando a programação da Gol, Azul e Latam, o número passa de 106 para 46, e o número de voos semanais cai de 14.781 para 1.241. A malha “essencial” representa apenas 8,39% do que a originalmente prevista pelas empresas para o período.

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Já o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, afirmou nesta sexta que o governo espera anunciar em duas semanas um pacote para auxiliar as companhias aéreas. Segundo ele, o BNDES tem priorizado o setor de transportes e passageiros durante a pandemia do novo coronavírus. Ele disse que a proposta ainda está em elaboração e não detalhou quais serão as medidas adotadas.

Ainda em destaque, estão as ações da Petrobras (PETR3;PETR4), que caíram 10,75% (os papéis ON) e 7,57% (os papéis PN), em meio à nova sessão de baixa para o petróleo, com queda de cerca de 4% para o brent e de 6% para o WTI, com temores renovados sobre o impacto do coronavírus na demanda, em meio a um cenário de excesso de oferta por conta da guerra de preços deflagrada pela Arábia Saudita com a Rússia neste mês.

Contudo, vale destacar: segundo informa a Reuters, um novo acordo da Opep+ para equilibrar os mercados de petróleo poderá ser possível se outros países se unirem, afirmou Kirill Dmitriev, chefe do fundo soberano da Rússia, acrescentando que os países também devem cooperar para atenuar as consequências econômicas do coronavírus.

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Com o cenário de aversão ao risco para o mercado e baixa de 1,3% do minério de ferro em Qingdao, as ações da Vale (VALE3) também tiveram baixa, de 4,52%.

Na sessão desta sexta, o grande destaque de alta ficou para as ações da Suzano (SUZB3), que subiram 17,18%. Em relatório, os analistas do Bradesco BBI apontaram que a demanda por celulose surpreendeu um pouco as expectativas no primeiro trimestre, principalmente impulsionada por tecidos e embalagens. As perspectivas da demanda após o primeiro trimestre ainda não estão claras, contudo, principalmente na Europa e na América do Norte.

“A Suzano está se juntando a outros fornecedores e aumentando os preços de celulose em US$ 30 a tonelada, mencionando uma janela de oportunidade a curto prazo”, apontaram os analistas. Contudo, os analistas do Bradesco BBI seguem com a recomendação neutra para os papéis, pois não há certeza de que o processo de recuperação de preços de celulose será consistente a partir daqui, enquanto a alavancagem da empresa possa se traduzir em desvantagem relevante em um ambiente contínuo de aversão ao risco.

Fora do índice, as ações da Gafisa (GFSA3) fecharam em forte alta, de 12,14%, após a companhia concluir a renegociação de sua dívida. Confira os destaques:

Petrobras (PETR3;PETR4)

O presidente Jair Bolsonaro disse esperar que “a redução do preço do diesel e da gasolina chegue às bombas (de combustível)”. Segundo Bolsonaro, em transmissão ao vivo pela internet, “em 3 meses reduzimos em média 40%” o preço dos combustíveis.

O presidente disse que não irá interferir na política de preços da Petrobras, mas cobra que o presidente da empresa, Roberto Castello Branco, siga o preço internacional. “A gente pode, mas não vai interferir. Vou cobrar do presidente da Petrobras que siga a política de preços. Baixou lá, tem que baixar aqui”, disse Bolsonaro. O presidente ainda garantiu: “O Brasil vai crescer”.

Banco do Brasil (BBAS3)

O Banco do Brasil informou ontem à noite que a Petrobras contratou uma operação ACC – Adiantamento sobre o Contrato de Câmbio. O valor do contrato é de US$ 198 milhões (R$ 988 milhões) e o compromisso tem a validade de 360 dias. Contratos ACC são normais para empresas exportadoras, como é o caso da Petrobras. A Petrobras anunciou uma série de medidas para reduzir despesas na quinta-feira. Entre essas medidas estão a redução da produção em campos onde o custo da extração de petróleo e gás é alto, menores investimentos e o adiamento do pagamento dos dividendos acionistas.

Notre Dame (GNDI3)

O Grupo Notre Dame informou que reabriu nesta semana seu hospital Intermédica ABC, localizado em São Bernardo do Campo (SP). O hospital foi completamente reformado e segundo o GNDI agora possui 65 novos leitos de UTI e 63 novos leitos de internação hospitalar. “Em função do atual momento de pandemia por coronavírus, este moderno complexo hospitalar será inteiramente dedicado aos pacientes com sintomas do coronavírus”, comunicou a empresa. Além dos leitos, o hospital possui centro cirúrgico, equipamentos de tomografia, USG, RX, broncoscopia, laboratórios de hemodiálise e bancos de sangue.

Sabesp (SBSP3)

A Sabesp, Companhia de Saneamento de São Paulo, divulgou balanço do quarto trimestre de 2019 e do ano passado inteiro. O lucro líquido da estatal paulista foi de R$ 1,057 bilhão no quarto trimestre do ano passado, uma queda de 29,9% em comparação a igual trimestre de 2018. Já no ano consolidado de 2019, o lucro líquido da Sabesp avançou 18,8% sobre 2018, para R$ 3,36 bilhões. Segundo a empresa, o lucro por ação foi de R$ 4,93 em 2019, um crescimento sobre os R$ 4,15 por ação de 2018.

A receita operacional líquida da Sabesp caiu 4,2% no quarto trimestre de 2019, sobre igual período de 2018, para R$ 4,69 bilhões. No ano fechado de 2019, a receita líquida da empresa foi de R$ 17,9 bilhões, um crescimento de 11,8% sobre 2018. Os resultados da Sabesp se enfraqueceram no quarto trimestre, embora a empresa não apresente uma razão para isso.

O lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), por exemplo, avançou 14,8% no consolidado de 2019 sobre 2018, para R$ 7,5 bilhões, com margem de 41,8%. Já no quarto trimestre de 2019, houve queda de 25,8% no Ebitda sobre igual período de 2018, para R$ 1,7 bilhão.

Em 2019, a Sabesp interligou aos seus sistemas de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto os municípios de Guarulhos e Santo André. O número de ligações de água avançou 9,7% para 9,9 milhões, enquanto o de ligações de esgoto cresceu 11,1% para 8,3 milhões. A população atendida com abastecimento de água cresceu 8% sobre 2018 para 27,1 milhões, enquanto a atendida com coleta de esgoto avançou 9,7% para 23,8 milhões.

O índice de perdas micromedido, um indicador importante em qualquer concessionária de água e saneamento, teve queda entre 2018 e 2019, caindo de 30,1% para 29% no ano passado – isso significa que a estatal conseguiu, embora modestamente, reduzir perdas de água ao longo da rede de abastecimento. Os investimentos somaram R$ 5 bilhões no ano passado, dos quais R$ 4,9 bilhões foram na região metropolitana de capital paulista.

Segundo o Credit Suisse, a empresa teve volumes bons de vendas no período, embora o resultado operacional ajustado tenha “vindo abaixo das nossas estimativas” afetado pelo aumento do custo, resultado da incorporação de mais municípios – Guarulhos e Santo André. Na visão do CS, o balanço em si não é um “gatilho” para as ações da Sabesp ou de outras concessionárias, mas a melhoria na regulamentação do setor de água e saneamento, que pode levar a uma privatização no futuro. “A Sabesp se beneficiou com a absorção de Guarulhos e Santo André.

O resultado financeiro veio melhor que o esperado na linha das variações monetárias”, comentou o CS, destacando que a dívida líquida, de R$ 10,9 bilhões, com uma relação dívida líquida sobre o Ebitda de 1,45 vezes (1,45x), manteve-se estável. O CS destaca, contudo, que a pressão dos custos continua em 2020, com a alta nos preços da eletricidade e gastos com funcionários.

Ser Educacional (SEER3)

A Ser Educacional publicou balanço de 2019 e informou que no ano passado obteve um lucro líquido de R$ 136,3 milhões, uma queda de 32,2% em comparação a 2018. O lucro por ação do grupo de educação do Recife (PE), que controla 21 empresas de São Paulo ao Amazonas, caiu de R$ 1,48 para R$ 1,06. A receita líquida do grupo manteve-se praticamente estável, atingindo R$ 1,27 bilhão no ano consolidado de 2019 – em 2018, foi de R$ 1,26 bilhão.

O lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado foi de R$ 334,8 milhões em 2019, com uma expansão de 0,9 ponto porcentual sobre 2018. Em 2019, a Ser Educacional fez a aquisição da Uninorte, uma faculdade particular de Manaus (AM). Com a aquisição, o número de alunos da Ser subiu de 150,2 mil em 2018 para 184,4 mil no ano passado.

A empresa ressaltou que se não fosse a aquisição da Uninorte, sua base de alunos teria recuado 2% no ano passado, “principalmente em função do cenário econômico adverso dos últimos anos, que tem gradativamente elevado as taxas de desemprego, associado à redução dos programas de financiamento estudantil do governo federal (FIES)”.

O grupo Ser informou que encerrou 2019 com um caixa líquido de R$ 29,7 milhões, uma redução muito expressiva em relação a 2018, quando o caixa líquido era de R$ 497 milhões. O grupo justificou a redução pelos R$ 185 milhões pagos na aquisição da Uninorte e também ao pagamento de dividendos extraordinários de R$ 250 milhões aos acionistas no ano passado.

LPS Brasil (LPSB3)

A Lopes Brasil, consultora e incorporadora imobiliária, publicou balanço e informou que encerrou 2019 com um prejuízo de R$ 2,7 milhões. Houve melhora no resultado financeiro em comparação a 2018, quando a Lopes teve prejuízo de R$ 47 milhões. A receita líquida da empresa avançou de R$ 109 milhões em 2018 para R$ 147,5 milhões em 2019.

Já o lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado foi de R$ 39,7 milhões em 2019, um resultado consideravelmente melhor que em 2018, quando o Ebitda da empresa foi negativo em R$ 9,3 milhões. A Lopes informou que seu Valor Geral de Vendas (VGV) avançou 15% em 2019, sobre 2018, para R$ 7,9 bilhões, dos quais R$ 3,2 bilhões foram originados de franquias.

A Lopes encerrou 2019 com um caixa de R$ 125 milhões, um resultado melhor que no final de 2018, quando o caixa líquido era de R$ 14,1 milhões. A empresa investiu no ano passado em um sistema digital de vendas, que será uma ferramenta para todos os corretores imobiliários que trabalham para a companhia. O cenário para 2020, já levando em conta a epidemia do coronavírus, é “desafiador”, comentou a empresa no balanço.

Vivara (VIVA3)

A fabricante e varejista de joias Vivara tomou uma série de medidas por conta do avanço do coronavírus no país. Além do fechamento, no dia 21, de todas as suas lojas nos shopping centers, a empresa paralisou a sua fábrica em Manaus (AM), dando férias coletivas a todos os funcionários. Os produtos prontos foram todos transportados para o centro de distribuição da empresa em São Paulo. Segundo a Vivara, essa medida garantirá uma reposição rápida quando as operações forem retomadas. A empresa também informou que está reavaliando seu plano de investimentos para 2020.

Gafisa (GFSA3)

A construtora e incorporadora imobiliária Gafisa comunicou ontem ao mercado que conclui a renegociação das suas dívidas, no valor de R$ 138,3 milhões, com o Banco do Brasil. Segundo a Gafisa, o banco concordou em alongar o vencimento das dívidas até 2025, “permitindo assim que a empresa realize as vendas dos estoques das unidades atreladas a essa operação”. A empresa não entrou em detalhes sobre quais e onde se situam esses estoques – terrenos ou imóveis prontos, no jargão imobiliário.

O Conselho ainda aprovou encaminhamento do plano de recompra de ações para aprovação em assembleia geral, diz a Gafisa em comunicado. O limite de ações ON a serem recompradas é de até 10,3 milhões. A companhia tem 120 milhões de ações em circulação. O prazo da recompra é de até 12 meses, com início no dia útil seguinte à aprovação pela assembleia geral. A Planner Corretora será a instituição intermediária.

O Conselho também aprovou autorização de emissão de até R$ 2,5 bilhões em debêntures não conversíveis em ações e autorização à diretoria para tomar as providências necessárias para a emissão.

BRF (BRFS3)

A BRF anunciou, por meio de um fato relevante, um programa de recompra de até 7,5 milhões de ações. Segundo a BRF, o programa, aprovado pelo seu Conselho de Administração, terá duração de até 12 meses, começando a partir desta sexta.

Além disso, dois anos depois de assumir a presidência do conselho de administração da BRF, Pedro Parente terá seu mandato renovado até 2022, conforme proposta da administração para a assembleia de acionistas agendada para 27 de abril. A tendência é que os acionistas da companhia aprovem a proposta com facilidade.

Cogna (COGN3)

A Cogna adiou para 30 de março a divulgação de seus resultados do quarto trimestre, diante das “dificuldades operacionais e restrição de mobilidade de pessoas em função do COVID-19, que culminou com a migração das atividades dos colaboradores da companhia para regime de home office”, destacou em comunicado.

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(Com Agência Estado e Bloomberg)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.