Ações da Minerva (BEEF3) sobem mais de 11% após fim do embargo chinês; outros frigoríficos também valorizaram

Mesmo com a Bolsa em queda, as ações de Minerva e JBS estão entre as cinco maiores altas do índice

Mitchel Diniz

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Pelo segundo dia consecutivo, as ações dos frigoríficos voltaram a aparecer entre as maiores altas do Ibovespa. Desta vez, os papéis foram impulsionados pela notícia de que a China voltará a comprar carne bovina do Brasil a partir desta quarta-feira (15). As ações do Minerva (BEEF3) fecharam com a maior alta do índice: 11,19%, a R$ 9,84. Os papéis do JBS (JBSS3) subiram 2,44%, a R$ 38,19, e os da BRF (BRFS3) avançavam 1,09%, a R$ 20,48. As ações do Marfrig (MRFG3) fecharam em baixa de 1,32%, a R$ 23,26.

O Minerva informou por meio de comunicado ao mercado a retomada imediata das operações de abate e produção de carne bovina dedicada ao mercado chinês A empresa diz que sua exposição à China alcança sete unidades produtivas, com capacidade de abate de aproximadamente 10 mil cabeças de gado por dia, com três plantas no Brasil, três plantas no Uruguai e uma planta na Argentina.

“Aproxidamente 15% das receitas do Minerva vêm das exportações do Brasil para a China, que foram afetadas pelo embargo”, explica relatório do Itaú BBA. Os analistas dizem que ao longo do terceiro e quarto trimestres, a empresa conseguiu realocar parcialmente as exportações pela Athena, braço exportador da Minerva na América Latina, o que minimizou o impacto do embargo chinês.

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Para o Credit Suisse, a retomada de importações de carne bovina brasileira pela China é positiva para frigoríficos brasileiros. O banco lembra que os chineses responderam por mais de 50% das exportações de carne bovina em 2020. Já no acumulado deste ano, os volumes exportados foram reduzidos em 17%. Com a oferta de gado ainda limitada, o banco acredita que os ganhos poderiam ser parcialmente compensados ​​por preços mais altos do gado.

O Itaú BBA acredita que as exportações de carne bovina brasileira vão ser normalizadas em 2022 e margens melhores poderão ser vistas já no primeiro trimestre do ano que vem, como consequência da reabertura chinesa. “Notamos que o Brasil continua lidando com estoques de gado mais baixos no curto prazo e acreditamos que as operações de carne bovina vão ter aumento mais significativa de margens em 2023, quando a disponibilidade da matéria-prima se recuperar”, escreveram os analistas.

Os analistas do Bradesco BBI, por sua vez, afirmam que o mercado já esperava de alguma forma pela suspensão do embargo até fevereiro de 2022, após o ano novo chinês. O banco acompanha as ações de JBS e Marfrig e afirma que o anúncio da retomada das exportações para o China é marginalmente positivo para os papéis das empresas.

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“Observamos que as exportações do Brasil para a China responderam por 5% do total de vendas, tanto para JBS quanto para Marfrig, antes do embargo em setembro”, afirmam os analistas do BBI. O banco manteve classificação neutra para as ações das duas empresas. Os analistas do BBI acreditam que as margens sobre vendas de carne bovina nos Estados Unidos é que serão os drivers principais para os frigoríficos. Elas respondem por 60% dos ganhos antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) da JBS e 90% para Marfrig.

O Itaú BBA também concorda que o impacto da suspensão do embargo é menor para  JBS e Marfrig, cujas receitas têm participação pequena carne bovina produzida no Brasil. “O recente super ciclo da indústria pecuária nos Estados Unidos tem sido o principal driver para as ações dessas empresas”, ressaltam os analistas.

Para a equipe de análise do BBA, a suspensão do embargo poderá gerar efeito marginalmente positivo nas margens da BRF. “Ainda que a empresa não comercialize carne bovina no Brasil, a reabertura chinesa poderá dar suporte a aumento nos preços do boi no curto prazo, aumentando a demanda pela carne bovina brasileira no mercado global. Essa dinâmica pode, indiretamente, levar a uma alta da proteína de frango no mercado doméstico”, afirma o relatório.

No início de setembro, o Brasil suspendeu voluntariamente os embarques aos chineses, por causa de dois casos atípicos do “mal da vaca louca”. Os casos foram identificados em frigoríficos de Nova Canaã do Norte (MT) e de Belo Horizonte (MG) em 4 de setembro.

As autoridades brasileiras, cumprindo o protocolo sanitário que consta no acordo comercial entre os dois países, suspenderam as exportações à China, seu principal parceiro comercial. Entretanto, a carne que já estava nos portos em direção à Ásia continuou a ser exportada, até parte dela ser barrada pela alfândega chinesa.

A Administração Geral de Alfândegas da China (Gacc, na sigla em inglês) anunciou que permitirá que as importações de produtos de carne bovina desossada com menos de 30 meses do Brasil sejam retomadas.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados