Ações de Ultrapar, Movida e Enauta disparam, Pão de Açúcar e SulAmérica despencam após balanços; CSN salta 11% e bancos sobem 4%

Confira os destaques da B3 na sessão desta quinta-feira (14)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em uma sessão de reviravoltas para o índice, o Ibovespa fechou com fortes ganhos, após chegar a ter queda mais cedo em meio aos sinais dissonantes sobre a abertura da economia nos EUA, além dos dados piores do que o esperado de pedidos de auxilio-desemprego.

Ações como da Vale (VALE3, R$ 48,02, -1,07%) fecharam em queda, enquanto os ativos da Petrobras (PETR3, R$ 17,69, -2,43%;PETR4, R$ 17,40, -1,08%) tiveram forte baixa apesar da alta do petróleo com a queda dos estoques nos EUA e a Agência Internacional de Energia prevendo uma queda mais baixa da demanda global. O WTI fechou com ganhos de 8,98%, a US$ 27,56 o barril, enquanto o brent subiu 6,65%, a US$ 31,13 o barril. Contudo, vale destacar que os ADRs da Petrobras tiveram a recomendação reduzida pelo BofA. Os investidores ainda ficam na expectativa pelo resultado da companhia, a ser divulgado após o fechamento do mercado. Enquanto isso, a CSN (CSNA3, R$ 8,39, +11,57%), que divulgará resultado após o fechamento, fechou em disparada.

Já a Ambev (ABEV3, R$ 11,74, +4,26%) e a Porto Seguro (PSSA3, R$ 41,60, +3,43%) subiram forte após terem a recomendação de compra, respectivamente, pelo Santander e Credit Suisse.

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Atenção ainda para mais resultados, além da expectativa com Petrobras: SulAmérica (SULA11, R$ 37,87, -6,91%) e Pão de Açúcar (PCAR3, R$ 59,90, -6,26%) tiveram forte queda após balanço, enquanto Via Varejo (VVAR3, R$ 9,02, -1,31%) teve volatilidade e fechou em queda mesmo após o bom resultado (vale destacar que a ação conseguiu registrar um bom desempenho desde abril em meio aos sinais de recuperação). Já a Ultrapar (UGPA3, R$ 15,00, +11,28%) subiu forte depois do balanço e, fora do índice, atenção para a Enauta (ENAT3, R$ 9,49, +12,31%), com ganhos superiores a 10%, enquanto Movida (MOVI3, R$ 9,28, +9,18%) também teve fortes ganhos.

Enquanto isso, Azul (AZUL4, R$ 11,60, -5,61%) caiu com investidores à espera de socorro para as aéreas, enquanto a Gol (GOLL4, R$ 10,43, +3,57%) fechou em alta. No radar das companhias, a Azul divulgou resultado, com um prejuízo líquido de R$ 6,13 bilhões. Ela também negocia para adiar a entrega de 59 aviões da Embraer (EMBR3, R$ 6,57, +6,14%) avaliados em R$ 24,5 bilhões.

Os bancos, como Banco do Brasil (BBAS3, R$ 26,65, +4,31%), Santander Brasil (SANB11, R$ 23,94, +4,18%), Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 22,55, +4,40%) e Bradesco (BBDC3, R$ 16,38, +4,33%; BBDC4, R$ 17,88, +5,49%) chegaram a registrar forte queda, mas amenizaram e viraram para alta. Vale destacar que, nesta quinta-feira, entrou no radar a possível votação pelo Senado o projeto de lei 1.166/2020, que define um limite de 20% ao ano para juros de cartão de crédito e cheque especial para dívidas contraídas entre março deste ano e julho de 2021. “Com a taxa Selic tão baixa, não é razoável manter juros maiores a 600% ao ano”, disse o senador Alvaro Dias (Podemos-PR), autor do projeto. Contudo, a sessão remota foi cancelada durante a tarde, ajudando a impulsionar os bancos (veja mais clicando aqui). 

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De acordo com informações do jornal O Estado de São Paulo, o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, está conversando com os senadores e levando a eles argumentos como a possibilidade de “redução severa” do crédito, caso a medida seja aprovada.

Segundo análise do UBS, a aprovação incerta, mas pode ser muito negativa. “A magnitude do impacto negativo dos limites máximos no cartão de crédito e no cheque especial é potencialmente significativa e teria desdobramentos na concorrência e até na disponibilidade de crédito a longo prazo”, avaliam os analistas do banco.

A sessão ainda foi de forte queda para o dólar, com baixa de 1,37%, a R$ 5,8182 na compra e R$ 5,8202 na venda, o que levou a uma baixa expressiva para ações de exportadoras que se beneficiam com a alta da moeda e estavam subindo em um cenário de sucessivos recordes para a divisa. Klabin (KLBN11, R$ 22,40, -3,66%) e Suzano (SUZB3, R$ 47,54, -6,03%) tiveram baixa expressiva.

Confira mais destaques:

Petrobras (PETR3, R$ 17,69, -2,43%;PETR4, R$ 17,40, -1,08%)

O Bank of America cortou a recomendação para os ADRs da Petrobras de compra para neutra, com preço-alvo de US$ 7,50 para os papéis, o que configura um potencial de valorização de 23% em relação à cotação da véspera.

Segundo os analistas do banco, o forte enfraquecimento do real (de R$ 4,02 em 1 de janeiro para acima de R$ 5,90) a e forte queda na atividade econômica esperada para 2020 (-7,7%, segundo estimativa dos economistas do banco) aumentou o risco de haver limites para os preços de dois dos principais produtos vendidos pela Petrobras no Brasil, gasolina (18% das vendas domésticas) e diesel (35%).

“Embora acreditemos que a administração é totalmente comprometida em manter os preços iguais ou acima dos preços internacionais e continuar a elaborar estratégias bem-sucedidas que levaram a uma queda acentuada da dívida e a um fortalecimento financeiro, o aumento do risco relacionado a preços pode levar os investidores a tomar mais visão cautelosa em relação à Petrobras até que haja mais visibilidade das principais tendências econômicas”, avaliam.

Atenção ainda para a expectativa pelos resultados, que serão divulgados depois do fechamento do mercado. O Itaú BBA e o Bradesco BBI apontam esperar um resultado mais fraco na comparação trimestral por conta dos preços mais baixos de petróleo. Segundo o BBI, a queda de 20% no valor do brent e de 3,9% na produção da petroleira irão pesar nas demonstrações trimestrais da estatal. O único ponto que pode mitigar esses impactos é o real mais depreciado em relação ao dólar. Confira mais sobre o que esperar clicando aqui.

Porto Seguro (PSSA3, R$ 41,60, +3,43%)

Já a Porto Seguro teve a recomendação elevada de venda para neutra pelo Credit Suisse, com o preço-alvo sendo reduzido de R$ 54 para R$ 45.

Em termos de fundamento, os analistas enxergam um ambiente ainda desafiador para o crescimento do premio de seguro de automóvel, mas a tendência da taxa de perdas deve ser favorável nesse contexto inicial da pandemia. No médio/longo prazo, porém, se o lockdown se prolongar isso pode se traduzir em maior competição de preço. Do lado positivo, os resultados fortes não relacionados a seguros devem persistir. Por fim, os analistas destacam que os principais riscos para o case são a maior concorrência no seguro de automóvel e menor contribuição dos resultados financeiros.

Ambev (ABEV3, R$ 11,74, +4,26%)

A Ambev teve a cobertura iniciada com recomendação de compra pelo Grupo Santander, com preço-alvo de R$ 17.

O Santander espera que a Ambev interrompa a erosão de sua participação no mercado, eleve investimentos para consolidar sua posição de liderança, estabilize a margem Ebtida e expanda o
retorno de capital a ser investido, escreveram os analistas, em relatório de 13 de maio.

Enquanto o Covid-19 deve derrubar o Ebitda e lucro líquido da companhia em 8% e 26% este ano, respectivamente, as perspectivas para 2021 são melhores. A previsão é que o ROIC retorne a 22% em 2021, comparado a 19% em 2019.

“O valuation está muito atrativo, especialmente para uma empresa livre de dívidas”, apontam os analistas. Eles destacam que, após abrir um flanco no segmento de valor e permitir que a Heineken ganhasse participação no segmento premium, a nova administração da empresa deve recolocar a Ambev em um patamar mais elevado.

Além disso, avaliam, a Ambev levar a Beck’s e se tornar a principal marca da geração de adultos millennials. A empresa também poderia estabelecer parcerias com supermercados e lojas online.

Ultrapar (UGPA3, R$ 15,00, +11,28%)

O lucro líquido da Ultrapar caiu 30% no primeiro trimestre de 2020, na comparação com o mesmo período do ano passado, para R$ 169 milhões. No quarto trimestre de 2019, a empresa havia registrado prejuízo de R$ 268 milhões.

Excluindo o efeito não recorrente dos créditos tributários na Oxiteno, em função dos impactos da Covid-19 no resultado do primeiro trimestre de 2020 e do aumento na despesa financeira, o lucro líquido da Ultrapar ficou em R$ 71 milhões — queda de 71% sobre o mesmo período de 2019.

A receita líquida da Ultrapar ficou em R$ 21,387 bilhões no primeiro trimestre, um aumento de 3% sobre o valor visto um ano antes. Na comparação com o trimestre anterior, houve uma queda de 10%, principalmente por causa das receitas menores das marcas Ipiranga e Ultragaz.

Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da companhia subiu 12% na comparação anual e 143% na comparação trimestral, totalizando R$ 880 milhões. O Ebitda ajustado exclui o efeito não recorrente dos créditos tributários na Oxiteno.

A empresa afirmou que, no primeiro trimestre de 2020, a Ipiranga foi o único negócio com impactos relevantes decorrentes da pandemia de coronavírus. “Em contrapartida, reportamos uma evolução positiva nos resultados da Ultragaz, Oxiteno, Ultracargo e Extrafarma em relação ao primeiro trimestre de 2019”, disse.

“A Extrafarma apresentou aumento no faturamento ao longo de março, principalmente em função de uma antecipação de vendas nos segmentos de medicamentos, efeito relacionado à pandemia, que foi compensado pela redução na movimentação de clientes nas lojas a partir da última semana de março e no número de lojas em funcionamento”, explicou a empresa.

“Em função do lockdown, 7% das lojas da Extrafarma não estão operando, pois estão localizadas principalmente em shoppings centers, e cerca de 85% das lojas estão operando com horário reduzido. Para minimizar o impacto do menor fluxo de clientes em lojas, a Extrafarma vem operando através de parceria com aplicativos, televendas e delivery”, completou.

Gabriel Fonseca, analista da XP Investimentos, destacou que o Ebitda Ajustado e o lucro líquido registrados no período ficaram acima das estimativas e do consenso de mercado.

“Dito isso, acreditamos que seja muito cedo para ficar otimista com as ações, diante dos desafios impostos pela pandemia do COVID-19, especialmente para a distribuidora de combustíveis Ipiranga, a divisão mais importante do grupo. Em nossa opinião, ainda não está claro por quanto tempo as quarentenas em grandes centros urbanos ficarão em vigor (gerando incertezas para os resultados de curto prazo) e quais serão os impactos de médio e longo prazo atrelados a mudanças de hábitos de consumidores (como por exemplo em uma maior migração para um formato de Home Office por várias empresas)”, aponta.

O banco Itaú BBA destacou que os resultados vieram em linha com as projeções, mostrando um resultado acima das estimativas nos Ebitda da Oxiteno e da Ultracargo. “A Oxiteno reportou um Ebitda de R$ 122 milhões, bastante acima da nossa estimativa de R$ 73 milhões. A empresa se beneficiou da expansão da sua fábrica nos Estados Unidos, que compensou a queda nas vendas para a Ásia. O Ebitda da Ultracargo, de R$ 91 milhões, foi outra surpresa positiva, batendo nossa estimativa de R$ 67 milhões. A Ultracargo realizou com sucesso mudanças contratuais”, avaliou o BBA. O banco mantém a recomendação outperform – acima da média de mercado, para a ação UGPA3, com preço-alvo de R$ 18,00, uma alta de 31,1% sobre o preço de ontem na B3.

Via Varejo (VVAR3, R$ 9,02, -1,31%)

A Via Varejo, dona de marcas como Ponto Frio e Casas Bahia, registrou um lucro líquido de R$ 13 milhões no primeiro trimestre de 2020, revertendo o prejuízo de R$ 50 milhões registrado um ano antes.

Excluindo o impacto negativo da pandemia de Covid-19, que obrigou o fechamento das lojas físicas do grupo, o lucro líquido teria sido de R$ 100 milhões, segundo informou a companhia nesta quarta-feira (13) em seu balanço.

“Começamos a monitorar o risco do coronavírus ainda em janeiro, quando parecia ser somente um risco de abastecimento de suprimentos e peças para nossos fornecedores”, afirmou a Via Varejo. “Desde a semana anterior ao Carnaval, a companhia adotou uma série de medidas visando mitigar os impactos gerados pela Covid-19 em suas operações.”

“Neste momento, é quase impossível prever ou estimar o impacto nos resultados futuros das operações, mas a Via Varejo segue dedicada a estabelecer um contato transparente e próximo, dentro do que a situação permite – por isso adota cada vez mais recursos como lives e transmissões onlines – com as equipes”, completou.

A receita líquida da varejista ficou praticamente estável na comparação anual, subindo 0,1%, para R$ 6,339 bilhões. Segundo a empresa, se não fosse o impacto da Covid-19, a receita líquida teria sido de R$ 6,948 bilhões nos três primeiros meses deste ano.

Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado ficou em R$ 621 milhões no primeiro trimestre de 2020, o que representa uma alta de 21,8% sobre o mesmo período do ano passado. Sem considerar o impacto negativo da Covid-19, a companhia afirmou que seu Ebitda ajustado teria sido de R$ 719 milhões no período.

Com isso, a margem Ebitda (relação percentual entre a receita líquida e a geração operacional de caixa) ajustada ficou em 9,8% nos três primeiros meses deste ano, ante 8,1% no período entre janeiro e março de 2019. Sem a Covid-19, ela teria sido de 10,3%, segundo a Via Varejo.

As vendas em lojas físicas tiveram uma queda de 7,1% na comparação anual, totalizando R$ 5,722 bilhões. Enquanto isso, as vendas online dispararam 48,6%, para R$ 1,704 bilhão. Assim, a receita bruta foi de R$ 7,426 bilhões, alta de 0,9% sobre o primeiro trimestre de 2019 — teria sido de R$ 8,034 bilhões se não fosse a Covid-19, disse a companhia.

“As vendas em ‘mesmas lojas’ do primeiro trimestre de 2020 tiveram variação negativa de 8,0% [na comparação anual], mas no pré-fechamento das lojas o crescimento estava em 4,2%, refletindo a evolução gradual desde a chegada do novo time na liderança”, destacou a Via Varejo.

O Banco Bradesco BBI avaliou como positivo o balanço do 1º trimestre da Via Varejo, controladora da Casas Bahia e Ponto Frio e maior varejista de eletroeletrônicos do país. Segundo o BBI, o resultado mostrou um forte crescimento, com um avanço de 50% no Ebitda ano a ano e 8% acima das estimativas do banco. “A melhora na lucratividade, de 350 pontos-base na margem bruta, e a expansão de 45% do comércio eletrônico são os principais destaques”, comentou o BBI.

“A escala de aceleração das vendas online da Via Varejo continuou em abril e é mais forte que a de outras empresas. A base de comparação da Via varejo é mais fraca e o comércio eletrônico ganhou impulso com o fechamento das lojas físicas em meados de março com a epidemia, mas tudo indica que o braço digital da empresa voltou a ser competitivo”, explica o BBI.

O banco também observou que a empresa encerrou março com 2,1 bilhões no caixa líquido e conseguiu manter, com o comércio eletrônico, 70% do volume de vendas de um mês pré-pandemia, o que mostra que a operação de comércio eletrônico realmente deslanchou e vai incomodar a concorrência. “A Via Varejo tem uma dívida de R$ 1,5 bilhão que vence no 3º trimestre. A empresa pode adiar o pagamento, mas se quiser tem caixa para pagar”, avalia o BBI, que mantém recomendação outperform – acima da média de mercado, com preço-alvo de R$ 9,00 para a ação em 2020, uma queda de -2% sobre o preço de ontem na B3 (R$ 9,14).

Já o Credit Suisse destaca acreditar que as indicações positivas de abril devem chamar mais a atenção do mercado, que pode começar a incluir a Via Varejo na cesta de empresas de e-commerce e estão positivos em relação ao case da companhia pela disposição da empresa em manter intacto seu capex para a transformação digital.

“A companhia tomou iniciativas de gerenciamento de caixa e conseguiu reduzir a queima de caixa no período em R$ 850 milhões. Como resultado dos investimentos anteriores em tecnologia, as indicações para a expansão do e-commerce em abril são surpreendentes, de 260%, o dobro da média do mercado. Isto, junto à reabertura de 226 lojas em abril, fez com que a Via Varejo retornasse a um patamar de 70% das vendas do período pré-pandemia”, avalia o Credit. O banco se diz otimista com os investimentos em comércio eletrônico, o que deve atrair a atenção dos investidores nas empresas on-line para o papel VVAR3.

Já o Itaú BBA também destacou o avanço da lucratividade e a decisão correta de investir mais no comércio eletrônico em meio à epidemia. “Frente a este cenário desafiador, a empresa decidiu acelerar os investimentos na plataforma digital de vendas e os resultados de abril já são encorajadores”, avalia o BBA. O banco lembrou que a empresa adquiriu recentemente a Asaplog, empresa que reforçará sua logística de entrega de mercadorias. O Itaú BBA mantém a recomendação outperform – acima da média de mercado, para o papel VVAR3, com preço-alvo de R$ 13,00 em 2020, uma alta de 42,4% sobre o valor de ontem na B3.

SulAmérica (SULA11, R$ 37,87, -6,91%)

A Sulamérica viu seu lucro líquido cair 64,3% no primeiro trimestre de 2020, na comparação com o mesmo período do ano passado, para R$ 79,7 milhões. Sobre o trimestre anterior, a queda foi de 82,4%.

“Considerando a importante contribuição do resultado financeiro para os números da companhia, o primeiro trimestre do ano foi severamente impactado pela deterioração dos mercados financeiros em meio às incertezas da pandemia da Covid-19”, disse a empresa em seu balanço.

“Ainda que represente uma parcela pequena do nosso portfólio de ativos próprios, a parcela alocada em renda variável (1,2%), a qual mantivemos estruturalmente preservada, apresentou desvalorização relevante, que, somada à redução da taxa Selic média no período, levou a uma redução de 77,1% no resultado financeiro do trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior”, completou.

O resultado financeiro, que foi de R$ 39,3 milhões nos três primeiros meses deste ano, também registrou baixa na comparação com o último quarto de 2019, de 71,4%.

Apesar disso, a companhia observou um aumento de 7,2% nas receitas operacionais de um ano para o outro, chegando aos R$ 5,632 bilhões. Sobre o trimestre anterior, houve redução de 2,1%.

O retorno sobre o patrimônio líquido médio foi de 15,3% nos últimos doze meses, 0,8 ponto percentual abaixo do registrado nos doze meses findos em março de 2019. Em dezembro do ano passado, o percentual era de 17,6%.

Na avaliação de Marcel Campos, analista da XP, os resultados foram fracos, com o lucro 68% abaixo do consenso de R$ 80 milhões e um retorno sob patrimônio líquido de 4,5% no trimestre (versus 17,6% no quarto trimestre). O resultado negativo foi principalmente derivado de: i) menores receitas; ii) maior sinistralidade; e iii) menor resultado de investimento. O lucro antes do imposto foi ainda mais fraco, 77% abaixo do esperado em R$ 87 milhões, uma vez que a alíquota efetiva de imposto no trimestre foi inesperadamente baixa.

“Não obstante, a seguradora decidiu iniciar um programa de recompra de ações que pode atingir 3,55% das ações da SulAmérica que circulavam no mercado no fim de abril. E embora o resultado tenha sido efetivamente negativo e esperamos reação negativa, continuamos acreditando que os prospectos de longo prazo da seguradora sejam positivos. Sendo assim, reiteramos nossa recomendação de compra com preço-alvo de R$ 47,00”, avalia o analista.

“Trimestre decepcionante”, com maior índice de perdas contribuindo para a pressão sobre os resultados, destacaram os analistas do Safra Luis Azevedo e Silvio Doria em relatório.

Pão de Açúcar (PCAR3, R$ 59,90, -6,91%)

O Grupo Pão de Açúcar teve prejuízo líquido de R$ 109 milhões no primeiro trimestre de 2020, frente ao lucro de R$ 190 milhões registrado um ano antes.

Já o prejuízo líquido dos acionistas controladores foi de R$ 130 milhões, “explicado principalmente por maior depreciação com a consolidação do Grupo Éxito e maior custo da dívida”, segundo a própria companhia.

O GPA registrou, no entanto, um lucro bruto consolidado de R$ 4,1 bilhões no primeiro trimestre deste ano, o que corresponde a um aumento de 48,5% sobre o mesmo período de 2019, com margem bruta de 21,1%.

A empresa disse que isso é reflexo do “excelente desempenho da operação no Brasil e a primeira consolidação da operação do Grupo Éxito.”

A receita líquida consolidada foi de R$ 19,682 bilhões, um crescimento de 54,9% sobre o primeiro trimestre do ano passado. “Houve aumento significativo das vendas em todos os formatos desde o início do período de pandemia, confirmando a assertividade e forte aderência dos modelos frente a necessidade dos clientes”, explicou o grupo.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado consolidado atingiu R$ 1,2 bilhão, alta de 38,3% sobre os três primeiros meses de 2019.

A margem Ebitda (relação percentual entre a receita líquida e a geração operacional de caixa) foi de 6,1% no fim de março, 0,7 ponto percentual abaixo do valor visto um ano antes.

A dívida líquida do grupo passou de R$ 4,079 bilhões no primeiro trimestre de 2019 para R$ 11,207 bilhões nos três primeiros meses deste ano. Já a dívida líquida ajustada pelo saldo de recebíveis não antecipados totalizou R$ 10,8 bilhões, equivalente a 2,5x dívida líquida/Ebitda ajustado.

O aumento da dívida refletiu principalmente a captação de recursos destinados à aquisição do Grupo Éxito, segundo o GPA. “O maior patamar de alavancagem está em linha com o planejado pela companhia, permanecendo em patamar considerado adequado.”

O banco Bradesco BBI avalia que o Grupo Pão de Açúcar (GPA) apresentou resultados mistos no 1º trimestre deste ano, e relativamente negativos na comparação ano a ano. “Os resultados mostram progresso no Brasil, mas o lucro do Éxito na Colômbia foi fraco, e outras despesas financeiras levaram a uma perda líquida de R$ 130 milhões”, comentou o BBI.

Segundo o BBI, o destaque na operação brasileira mais uma vez foi o atacarejo Assai, com crescimento de 23% na receita e 34% no Ebitda. Na operação Multivarejo houve queda no Ebitda, mas o BBI espera “uma estabilização no 2º trimestre, com a volta do crescimento puxado pelas vendas nas mesmas lojas”.

O Bradesco BBI avalia que o ímpeto nas vendas no GPA Brasil é positivo e os resultados devem ser vistos sob esse prisma. Embora o prejuízo tenha desapontado, o banco avalia que o GPA Brasil manterá a expansão no 2º trimestre, já sem os custos da integração das outras operações latino-americanas, lançados no balanço do 1º trimestre. O BBI mantém a recomendação outperform – acima da média de mercado, para a ação PCAR3, com preço-alvo de R$ 86,00 para 2020, uma alta de 19% sobre o fechamento ontem na B3.

SLC Agrícola (SLCE3, R$ 27,22, +2,41%)

O lucro líquido da SLC Agrícola cresceu 40,4% no primeiro trimestre de 2020 frente ao mesmo período do ano passado, atingindo R$ 156,4 milhões. Segundo a companhia, o principal fator que contribuiu para essa variação foi a variação do valor justo dos ativos biológicos na soja (aumento de R$ 147,7 milhões versus o primeiro trimestre de 2019).

“A variação é explicada pelas premissas que foram utilizadas no cálculo. (…) Após o cálculo da variação do valor justo do ativo biológico da soja da safra 2018/19, houve melhoria nos preços e na produtividade da cultura, fazendo com que a variação do valor justo subestimasse o resultado dessa cultura naquele ano”, explicou a empresa em seu balanço.

O Ebitda ajustado foi de R$ 182,8 milhões, com declínio de 19,9% em relação aos três primeiros meses do ano passado. E, de acordo com a SLC, os principais fatores que contribuíram para essa variação foram o menor volume faturado de soja e a menor margem do algodão faturado no comparativo entre os trimestres.

“A margem inferior no algodão foi oriunda da menor produtividade da cultura na safra 2018/19 versus a safra 2017/18, combinado com aumento de custos por hectare”, disse a empresa.

A receita líquida cresceu 2,2% no primeiro trimestre de 2020 frente o valor visto um ano antes, apesar da queda de 4,5% no volume faturado.

No algodão em pluma, produto que possui maior valor agregado, o volume faturado foi 22,9% superior ao do primeiro trimestre de 2019. Com exceção da soja, todas as culturas obtiveram aumento do preço unitário na comparação anual.

Já a dívida líquida ajustada da companhia encerrou o primeiro trimestre de 2020 em R$ 1,4 bilhão, um aumento de R$ 475 milhões em relação ao valor registrado em dezembro, levando a relação dívida líquida/Ebitda para 1,9x.

Mahle Metal Leve (LEVE3, R$ 14,99, -0,07%)

O lucro líquido da Mahle Metal Leve despencou 66,4% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com igual período de 2019, para R$ 21,5 milhões. Sobre o trimestre anterior, a queda foi de 67,5%.

Com isso, a margem líquida da empresa também reduziu consideravelmente tanto na comparação anual (menos 6,6 pontos percentuais) quanto na trimestral (menos 7,4 pontos percentuais), encerrando março em 3,7%.

A companhia também observou uma queda em sua receita líquida de vendas, de 7,9% sobre o valor registrado um ano antes e de 3,7% sobre o último trimestre de 2019, totalizando R$ 573,8 milhões nos três primeiros meses deste ano.

Enquanto isso, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recuou 23,9% na comparação anual, para R$ 91,5 milhões. Sobre o último trimestre de 2019, no entanto, houve uma alta de 19,5%.

Assim, a margem Ebitda (relação percentual entre a receita líquida e a geração operacional de caixa) da companhia subiu 3 pontos percentuais na comparação trimestral, para 15,9%. Um ano antes, ela estava em 19,3%.

“No primeiro trimestre de 2020, o cenário global foi marcado pelos desdobramentos iniciais da pandemia causada pela Covid-19 e a companhia está monitorando os possíveis riscos inerentes a esta pandemia que possam vir a afetar suas operações”, afirmou a Metal Leve em seu balanço.

“Acompanharemos a evolução de todo o contexto econômico no Brasil e global, visando adequar às operações de acordo com o volume dos negócios. Quanto aos recebíveis, todas as medidas foram tomadas para mitigação dos riscos de não serem quitados, tais como, renegociações e prorrogações quando as mesmas foram solicitadas”, completou.

Enauta (ENAT3, R$ 9,49, +12,31%)

O lucro líquido da Enauta  aumentou 50,7% no primeiro trimestre de 2020, na comparação com igual período de 2019, para R$ 76,8 milhões. Sobre o trimestre anterior, houve uma queda de 24,8%.

O mesmo aconteceu com a receita líquida da companhia, que caiu na comparação trimestral (menos 28,2%), mas teve crescimento de 40% sobre o valor registrado um ano antes, totalizando R$ 290,3 milhões.

Já o Ebitdax (lucro antes do Imposto de Renda, contribuição social, resultado financeiro e despesas de amortização, mais despesas de exploração com poços secos ou sub-comerciais) da empresa ficou em R$ 195,1 milhões nos três primeiros meses deste ano, 53,8% maior do que o registrado em igual período de 2019, mas 24,7% abaixo do valor visto no trimestre anterior.

Com isso, a margem Ebitdax (relação percentual entre a receita líquida e o Ebitdax) da empresa encerrou março em 67,2%, o que representa uma alta de 6,0 pontos percentuais sobre o valor visto um ano antes e de 3,1 pontos percentuais sobre o trimestre anterior.

“Prudência é a marca registrada da Enauta e não poderia ser diferente nesse momento de pandemia global da Covid-19, que intensificou os impactos da crise na indústria do petróleo, levando a uma volatilidade intensa e quedas nas cotações da commodity sem precedentes”, disse a empresa em seu balanço.

“As decisões de investimento em exploração e produção de petróleo demandam visão de longo prazo. E, neste momento, a visibilidade sobre a capacidade de retomada do preço do Brent, com maior equilíbrio entre oferta e demanda, está extremamente prejudicada. Seguiremos com nossa postura prudente e técnica em nossas decisões”, completou.

Segundo o Itaú BBA, a Enauta reportou um Ebitda acima da estimativa do banco de R$ 157 milhões, em grande parte devido ao desconto abaixo do esperado no petróleo do campo de Atlanta.

A empresa anunciou o adiamento do processo de preços de afretamento para o Sistema de Desenvolvimento Integral e a revisão do desenho do projeto. A perfuração do quarto poço também foi adiada.

A produção no campo de Manati está encerrada desde fevereiro, quando a Petrobras declarou força maior, mas a Enauta já começou a negociar com a Petrobras para evitar o cancelamento dos pagamentos,

Movida (MOVI3, R$ 9,28, +9,18% )

A Movida, terceira maior locadora de veículos do Brasil, reportou um lucro líquido ajustado de R$ 55 milhões no 1º trimestre deste ano, uma expansão de 31% sobre igual período de 2019. O lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortizações (Ebitda) ajustado avançou 55% sobre o 1º trimestre do ano passado para R$ 225 milhões no trimestre encerrado em março deste ano.

A receita líquida da locadora avançou 19,5% para R$ 325 milhões no 1º trimestre de 2020. Os resultados da Movida, todos com expansão de dois dígitos, refletem a melhoria de dois indicadores importantes no mercado de aluguel de carros: o número de carros alugados por dia e a queda no custo médio (depreciação) do automóvel. O número de carros alugados por dia (diárias) avançou 18,5% para 4.420 veículos alugados por dia no 1º trimestre de 2020; já o custo médio mensal de cada carro caiu 11,7% no trimestre, para R$ 540. O número de diárias avançou 29,6% entre os dois trimestres, para 3.145 diárias no 1º trimestre deste ano. As vendas de carros seminovos (na Movida, até dois anos de uso) avançaram 19,4% para R$ 559 milhões, com 14.127 automóveis vendidos no 1º trimestre de 2020 (expansão de 11% em volume).

A Movida encerrou o 1º trimestre com dívida líquida de R$ 2 bilhões, toda denominada em reais. A relação dívida líquida sobre o Ebitda está em 2,4 vezes (2,4x), em leve queda sobre o 1º trimestre de 2019, quando estava em 2,7 vezes. A Movida fechou o mês de abril com caixa líquido de R$ 1,1 bilhão. Até o final do ano, a empresa tem pagamentos de debêntures e financiamentos no valor de pelo menos R$ 406 milhões. Como medidas para mitigar o forte efeito da epidemia da Covid-19 sobre o setor das locadoras, a Movida informou que reduziu muito a compra de carros novos, renegociou contratos com fornecedores e reforçou a liquidez.

O banco Bradesco BBI avalia que a locadora Movida apresentou um resultado trimestral “forte e sólido”, ponderando que a empresa estava se preparando para acelerar sua expansão, quando a epidemia do coronavírus se abateu sobre o Brasil em março e prejudicou os planos. “A Movida teve uma forte melhoria nas vendas da sua unidade Seminovos e também continuou a se beneficiar da sua eficiente gestão de frotas, que elevou em 0,6% a receita mensal por carro alugado. Os resultados do 1º trimestre e preliminares de abril mostram que a empresa está posicionada para crescer com rentabilidade nos próximos trimestres, apesar da Covid-19”, avalia o BBI. O banco reafirma a nota outperform – acima da média de mercado, e preço-alvo de R$ 19,00 para a ação MOVI3 em 2020.

Locaweb (LWSA3, R$ 23,75, -1,45%)

A Locaweb publicou ontem balanço não auditado do 1º trimestre de 2020 e reportou prejuízo de R$ 2,2 milhões no período, revertendo lucro de R$ 1,4 milhão de igual trimestre de 2019. A receita líquida da Locaweb avançou de R$ 84,5 milhões para R$ 104,5 milhões no 1º trimestre deste ano. Em 5 de fevereiro, a Locaweb fez uma oferta pública primária e secundária de ações que levantou R$ 1,3 bilhão. A Locaweb encerrou março com R$ 540 milhões no caixa.

A empresa afirma que durante o 1º trimestre conseguiu manter sua base de aproximadamente 300 mil clientes, a maioria pequenas e médias empresas, que usam diversos softwares e serviços da companhia – entre eles, o mais conhecido é a hospedagem de sites. Segundo a empresa, as contas em atraso (mais de 30 dias) dos clientes, em 31 de março, somavam R$ 1,5 milhão – essa é a principal explicação, no balanço não auditado, para o prejuízo.

A Locaweb afirma que a chegada da epidemia do coronavírus levou 97% dos empregados da empresa ao trabalho em home office. A companhia afirma que a epidemia e seus efeitos até agora não geraram nenhum impacto no caixa e nas operações.

“A Locaweb reportou fortes resultados, em linha com as nossas estimativas e com o consenso de mercado. O destaque positivo foi a operação de Commerce (37% do Ebitda), que mostrou a maior expansão trimestral de novas lojas virtuais da história da companhia, com aceleração importante em abril. Por outro lado, a rentabilidade foi negativamente afetada por despesas pontuais. Mantemos a nossa recomendação de compra nas ações”, destaca Pedro Fagundes, analista da XP Investimentos.

Azul Azul (AZUL4, R$ 11,60, -5,61%), Gol (GOLL4, R$ 10,43, +3,57%) e Embraer (EMBR3, R$ 6,57, +6,14%)

A Azul informou que registrou um prejuízo líquido de R$ 6,135 bilhões no primeiro trimestre de 2020, ante um lucro de R$ 125,3 milhões do mesmo período do ano passado, impactada principalmente pelas variações monetárias e cambiais, que afetaram o resultado financeiro da companhia aérea em R$ 4,23 bilhões, em meio à disparada do dólar por conta do coronavírus. Os instrumentos financeiros e derivativos tiveram impacto de R$ 1,28 bilhão.

“Com a implementação de medidas de restrição de viagens e do distanciamento social a partir da segunda quinzena de março, a economia brasileira ficou paralisada, levando a uma queda brusca na demanda de passageiros. Além disso, no final do trimestre, o real desvalorizou 33% comparado ao mesmo período no ano anterior, o que pressionou ainda mais nossos resultados”, afirmou a empresa no release de resultados.

Já o resultado operacional ficou positivo em R$ 173,6 milhões, queda de 50% frente os R$ 347,2 milhões do mesmo período do ano anterior.

O prejuízo líquido excluindo variação cambial e marcação a mercado totalizou R$ 975,3 milhões,
principalmente relacionado com o ajuste do valor justo da participação na TAP de R$ 618,5 milhões e as perdas com hedge de combustível.

Normalizando pelo impacto do COVID-19 e pela depreciação média do real de 18% em relação ao ano anterior, a margem operacional seria de 14,9%, um crescimento de 1,2 ponto percentual em relação ao primeiro trimestre de 2019, informa a companhia.

Por outro lado, a receita líquida subiu 10,3%, a R$ 2,8 bilhões, principalmente devido à forte demanda em janeiro e fevereiro, e ao crescimento de 12% da capacidade, afirmou no release de resultados. A Azul entrou nessa crise apresentando um aumento de sua receita unitária ajustada pela etapa média no primeiro trimestre de 2020, mesmo com a significativa expansão da capacidade antes da crise chegar no Brasil, apontou.

Já o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) foi a R$ 654,2 milhões, queda de 9,7% na comparação anual.

A companhia afirmou que, em resposta aos acontecimentos relacionados com a disseminação do COVID-19 no Brasil, implementou medidas como foco na segurança de seus clientes e tripulantes, ao mesmo tempo em que buscou mitigar o impacto em seus resultados financeiros e posição de liquidez.

“Desde o início da pandemia, a Azul rapidamente ajustou a sua malha, e na segunda quinzena de março reduziu a sua capacidade em 50%. Em 26 de março, a Azul foi a primeira companhia aérea do Brasil a implementar uma malha aérea essencial, reduzindo a quantidade de voos diários de 950 para 70. A  companhia tem operado apenas os voos que geram receita suficiente para cobrir seus custos variáveis. Nas semanas de 4 e 11 de maio, a Azul aumentou sua malha para 90 e 115 voos diários, respectivamente, com base na identificação de novos mercados viáveis. A Azul está acompanhando a evolução da pandemia, as regras de distanciamento social e restrição de mobilidade, a fim de ajustar sua malha conforme necessário. Como resultado, a Azul espera uma redução de capacidade entre 75% a 85% no segundo trimestre de 2020 comparado com o segundo trimestre de 2019”, apontou.

Conforme destaca o Bradesco BBI, mais importante do que o resultado em si do primeiro trimestre, está a notícia de que a Azul atualizou o status do seu plano de contingência. No final de março, a empresa reduziu o número de voos diários para 70, de 950, e com a rede essencial instalada e uma margem de contribuição positiva, que está aumentando o número de vôos diários para 115. No segundo trimestre, a capacidade total poderia cair 75 % -85% na base anual.

Os analistas do banco ainda ressaltam que a Azul divulgou seu plano de recuperação com a demanda esperada abaixo de 40% na base anual em 2020. Esse plano abrange: 1) redução de despesas com mão-de-obra; 2) renegociação de contratos de leasing de aeronaves; 3) adiar a entrega de 59 E2s de 2020-23 para ao menos 2024; 4) renegociação de contratos com outros fornecedores, como Airbus, GE, P&W e Rolls Royce; 5) reestruturação da dívida; 6) novos termos para pagar taxas de pouso e navegação; e 7) estender as condições de pagamento com outros fornecedores. “A implementação bem-sucedida desse plano de recuperação e a liquidez de caixa de R $ 3,1 bilhões são fundamentais para a Azul superar a crise do COVID-19 e aumentar a lucratividade”. Os analistas mantiveram a recomendação de compra, mas cortaram o preço-alvo de R$ 27 para R$ 19.

Ainda em destaque, a Azul negocia acordo com a Embraer para adiamento de entregas de 59 aeronaves E2s previstas entre 2020 e 2023 para a partir de 2024, segundo comunicado. As aeronaves têm preço de tabela de R$ 24,5 bilhões. O acordo faz parte das medidas adotadas pela empresa em resposta aos impactos do Covid-19 no setor aéreo.

Ainda no radar do setor, o pacote de resgate das três principais companhias aéreas que atuam no Brasil deve ficar próximo de R$ 4 bilhões, segundo fontes ouvidas pela Bloomberg.

O pacote, que foi apresentado às companhias na quarta-feira, será composto por 60% de crédito do BNDES e 10% de outros bancos, as pessoas disseram, pedindo anonimato pois os detalhes não são públicos. Os 30% restantes terão que ser levantados no mercado de capitais, entre fundos de investimentos, segundo as pessoas.

B2W (BTOW3, R$ 88,85, -2,80%)

O Supermercado Now, da B2W, fechou parceria com Grupo Big. Por meio da parceria, 376 lojas do Grupo Big (bandeiras Big, Bom Preço, Nacional, Mercadorama, Todo Dia, Sam’s Club e Maxxi Atacado), poderão ser conectadas para vender produtos nas plataformas de venda do Supermercado Now e no
Americanas Mercado (mini app do Supermercado Now na Americanas), segundo comunicado.

Os clientes poderão optar por retirar os itens na loja do Grupo Big ou receber no endereço desejado em até 2 horas ou em um horário agendado.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.