Ações de Azul e Gol sobem mais de 10%, enquanto Smiles cai 12%; Petrobras sobe 12% com salto do petróleo

Confira os destaques da B3 na sessão desta quinta-feira (19)

Lara Rizério

Avião da Azul (Crédito: Divulgação)

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SÃO PAULO – Após a forte queda de até 10,35% da última quarta-feira para o Ibovespa, a sessão desta quinta-feira foi de volatilidade para o mercado. Depois de uma queda de quase 8% nesta quinta-feira (19), com os investidores ainda com forte aversão ao risco repercutindo o impacto do coronavírus nas principais economias do globo, o Ibovespa registrou uma alta como reação ao novo corte de juros e programa de compra de títulos do Bank of England e com os investidores em busca de “pechinchas” na bolsa.

As ações da Petrobras abriram quase estáveis, chegaram a subir após a forte queda de 15% na véspera com a derrocada do petróleo, mas logo passaram a cair 4% na mínima do dia. Contudo, no começo da tarde, os papéis ganharam força, fechando em alta de 12,67% para os ativos ON e de 8,15% para os PN. Nesta sessão, o WTI avançou 23,80%, a US$ 25,22 por barril, e o brent avançou 14,4%, a US$ 28,47 o barril.

Na véspera, contudo, o WTI teve queda de 24,4%, chegando ao menor valor em 18 anos. O petróleo tem sido atingido no lado da oferta e da demanda. A desaceleração do turismo de viagens e negócios está afetando a demanda, enquanto os produtores de energia da Arábia Saudita e da Rússia se preparam para aumentar a produção.

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Mais uma vez, o destaque fica para as ações de Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4), que passaram a subir forte, cerca de 20%, fechando com alta respectiva de 15,65% e 11,61%. Mais cedo, os ativos chegaram a cair mais de 10%, apesar da medida do governo de socorro às aéreas, classificadas pelo Bradesco BBI como positivas, mas não suficientes. Os ativos de aéreas têm sofrido nas bolsas do mundo todo devido às restrições de voo, fechamento de fronteiras e diminuição do turismo por conta do coronavírus. No mês, os papéis AZUL4 e GOLL4 caem mais de 70%. Enquanto isso, Smiles (SMLS3) seguiu em queda, de 12,43%.

As ações do setor de varejo também têm uma sessão de repique após as fortes quedas, com destaque para alta de 15% da Lojas Renner, os ganhos da Centauro de mais de 13%, empresa que divulgou resultados do quarto trimestre de 2019 na véspera. Já a Via Varejo, que caiu mais de 30% na véspera, viu seus papéis subirem 6%.

Confira os destaques:

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Lojas Renner (LREN3)

A Lojas Renner anunciou a interrupção do funcionamento de suas lojas na Grande São Paulo a partir desta quinta, diante da pandemia do novo coronavírus. Em fato relevante, a companhia informou ainda que o horário de funcionamento de suas demais unidades será reduzido, mas não deu maiores detalhes.

O Itaú BBA avalia que o impacto do fechamento de todas as unidades da varejista Lojas Renner na Região Metropolitana de São Paulo será significativo sobre os resultados da empresa, observando que a região responde por mais de 15% das vendas da Renner. O banco comenta, contudo, que o impacto será inevitável sobre o comércio como um todo por conta das determinações dos governos municipal (de São Paulo) e do estado.

Na véspera, a prefeitura de São Paulo proibiu o funcionamento de comércio a partir de sexta. De acordo com o prefeito Bruno Covas, apenas padarias, farmácias, restaurantes, supermercados, postos de gasolina, lojas de conveniência e de produtos para animais, além de feiras livres, terão autorização de funcionamento até 5 de abril. Já o governador do estado de São Paulo, João Doria, anunciou ontem o fechamento de todos os shoppings e academias de ginástica da região metropolitana de São Paulo.

Petrobras (PETR3;PETR4

A Petrobras comunicou na noite de ontem que iniciou a fase vinculante para vender os blocos de Golfinho e Camarupim, em águas profundas na Bacia do Espírito Santo. A petrolífera estatal tem 100% de participação nos campos. Golfinho é formado por dois blocos, um de petróleo, com produção diária de 15 mil barris de óleo, e outro de gás natural, com uma produção diária de 750 mil metros cúbicos. O bloco de Golfinho fica em alto-mar, perto do litoral do Estado do Espírito Santo. Já o bloco de Camarupim também é formado por dois campos produtores de gás natural. A Petrobras disse que vende também um bloco exploratório chamado de BM-ES-23, onde tem 65% de participação. O restante é da japonesa Inpex e da PTTEP, petrolífera da Tailândia.

Em outro comunicado, a Petrobras informou na noite de ontem que adiou para 30 de abril o prazo para a habilitação de potenciais compradores da sua participação de 51% na Gaspetro – Petrobras Gás S.A.

Ainda em destaque, o Supremo Tribunal Federal (STF) pode voltar a julgar o decreto que facilita o plano de desinvestimentos da Petrobras e que foi suspenso no mês passado pelo presidente da Corte, ministro Dias Toffoli. A interrupção se deu diante da ausência dos ministros Celso de Mello e Cármen Lúcia na sessão. Toffoli também ainda não votou. Até o momento, o julgamento está empatado em 4 a 4.

O ministro Marco Aurélio Mello votou para derrubar o decreto, editado em 2018 ainda durante o governo Temer. Para ele, a norma é inconstitucional por dispensar a licitação no processo da cessão de direitos de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo pela Petrobras. O decreto cria um procedimento especial para essas operações. A posição de Marco Aurélio foi seguida pelos ministros Edson Fachin, Ricardo Lewandowski e Rosa Weber, sob os mesmos argumentos.

Já o ministro Alexandre de Moraes afirmou que a legislação permite, desde 1997, situações excepcionais que dispensem o processo licitatório tradicional. Assim como Moraes, o ministro Luís Roberto Barroso defendeu que o decreto melhorou aspectos de governança na empresa e deu mais transparência e segurança jurídica ao processo de cessão. Também votaram dessa forma os ministros Gilmar Mendes e Luiz Fux.

De acordo com o Bradesco BBI, existem vários resultados possíveis do processo de votação. Se o STF decidir contra a Petrobras, terá que decidir se a decisão se aplica a ativos futuros de exploração e produção a serem vendidos, ou também a vendas realizadas após o decreto do ex-presidente Temer (maio de 2018).

Aéreas

Na noite de quarta, o ministro da Infraestrutura do Brasil, Tarcisio Freitas, anunciou três medidas iniciais para preservar a liquidez de caixa nos setores de companhias aéreas e aeroportos do Brasil: 1) as companhias aéreas pagarão taxas aeroportuárias de março a junho de 2020 em setembro a dezembro 2020; 2) uma medida provisória permitirá às companhias aéreas reembolsar passagens aéreas canceladas em até 12 meses; e 3) as concessões aeroportuárias terão até meados de dezembro para pagar taxas de concessão variáveis ​​e fixas. As companhias aéreas e os aeroportos também terão acesso às linhas de crédito existentes oferecidas pelo Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES.

Conforme destaca o Bradesco BBI, o governo federal está preocupado com a rápida deterioração da liquidez de caixa no setor aéreo, com o cancelamento de voos domésticos e internacionais.

“Em nossa opinião, essas medidas ajudarão, mas não serão suficientes para solucionar os problemas do setor de aviação brasileira”, avaliam.

Eles avaliam que as companhias aéreas pagarão as taxas aeroportuárias no segundo semestre, mas a maioria é formada por custos variáveis ​​e diminuiria com o cancelamento de voos. Além disso, o período de 12 meses para reembolso de passageiros proporcionará alívio nas posições em dinheiro e as companhias aéreas podem descontar esses recebíveis para melhorar a liquidez em dinheiro.

“Por fim, em nossa opinião, o surto da Covid-19 exigirá: 1) linhas de crédito específicas para ajudar as companhias aéreas a financiar capital de giro e reestruturar a dívida; e 2) alternativas para reduzir os custos de mão-de-obra durante esse período, em meio a uma queda maciça nos voos domésticos e internacionais”, avaliam.

A Azul afirmou em nota que avalia como “um bom começo” o anúncio das medidas. No entanto, a acredita que neste momento “é necessário que políticas mais contundentes sejam adotadas para garantir apoio ao setor aéreo durante este cenário de incertezas”. A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), considerou o pacote “uma abertura de porta”.

Sobre o setor, a Gol Linhas Aéreas informou ainda que não distribuirá dividendos relativos a 2019 aos acionistas por causa dos prejuízos recentes. Nesta semana, a empresa começou a implementar a readequação da sua malha aeroviária por causa da epidemia do coronavírus. No quarto trimestre do ano passado, a Gol teve um lucro líquido de R$ 344 milhões. No ano de 2019 consolidado, a empresa lucrou R$ 648 milhões.

Biosev (BSEV3)

A Biosev efetuou uma venda de US$ 83 milhões (R$ 418,1 milhões) para a Dreyfus Suisse, em um contrato de entrega de mercadorias até 31 de outubro deste ano.

A Biosev, que é uma das maiores produtoras de açúcar e de etanol do Brasil, não informou quais são as mercadorias que irão para a Suíça. Tanto Biosev como Dreyfus Suisse são subsidiárias do Grupo Louis Dreyfus, com sede em Roterdã, na Holanda. A Biosev conta atualmente com oito usinas de cana-de-açúcar nos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, além de um terminal próprio no porto de Santos (SP).

Tecnisa (TCSA3)

A construtora e incorporadora imobiliária Tecnisa divulgou balanço e informou um prejuízo de R$ 59,6 milhões no quarto trimestre de 2019. A empresa reduziu em 7,1% o prejuízo sobre igual período de 2018, que foi de R$ 64,1 milhões.

O Ebitda ajustado da Tecnisa ficou negativo em R$ 30,1 milhões no quarto trimestre de 2019 – uma melhora de 12,4% sobre igual período de 2018, quando o Ebitda ajustado também ficou negativo, mas ainda mais, em R$ 34,5 milhões.

No resultado consolidado de 2019, a Tecnisa teve prejuízo de R$ 257,9 milhões. Mesmo com os resultados negativos, a Tecnisa informou que encerrou 2019 com um caixa líquido de R$ 31,2 milhões. No acumulado de 2019, a incorporadora da Tecnisa participou de quatro lançamentos, com um VGV – Valor Geral de Vendas – de R$ 69 milhões na parte da empresa. A Tecnisa informou que no ano passado os distratos recuaram 69% sobre 2018 para R$ 65 milhões, o que possibilitou que a empresa reduzisse em 52% sua provisão para distratos.

O Itaú BBA avaliou como Neutro o resultado divulgado pela Tecnisa. Segundo o banco, o prejuízo já era esperado e uma surpresa positiva foi o crescimento das vendas no quarto trimestre de 2019, para R$ 164 milhões e 67% superiores a igual período do ano anterior. O BBA destacou ainda o banco de terrenos avaliado em R$ 4,1 bilhões na região metropolitana de São Paulo. Além disso, aponta que o cenário para a empresa é positivo porque houve capitalização após a oferta de ações feita no ano passado.

“Nós enxergamos a Tecnisa bem posicionada para retornar à lucratividade, principalmente após a entrega da próxima fase do projeto Jardim das Perdizes e uma reestruturação das dívidas para reduzir o endividamento nos próximos anos”, avalia o BBA. O banco vê a ação TCSA3 como a mais barata da sua cobertura, com preço de mercado de R$ 1,30. O BBA mantém a nota outperform (acima da média) para o papel TCSA3, com um preço-alvo de R$ 1,90 para 2020, uma alta de 46,2%.

Centauro (CNTO3)

O Grupo SBF, controlador da varejista de produtos esportivos Centauro, teve lucro líquido de R$ 163,6 milhões no quarto trimestre de 2019, em alta de 33,1% frente igual período de 2018.

O Bradesco BBI avaliou como “fortes” os resultados do quarto trimestre publicados hoje pela rede varejista de calçados e roupas esportivas Centauro. O BBI comentou que o lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 121 milhões foi 31% superior ao de igual período de 2018 e chegou 16% acima das projeções do banco.

As vendas nas mesmas lojas avançaram 8,9% no trimestre, outro fato destacado na avaliação. “O canal de comércio eletrônico da Centauro também cresce fortemente e agora responde por 19% das vendas. A empresa tem uma liquidez de R$ 700 milhões no caixa e limpou suas dívidas após a oferta de ações no ano passado. Acreditamos que mesmo com a aquisição das operações da Nike no Brasil (um acordo de R$ 900 milhões) a Centauro será capaz de atravessar esta tempestade” da pandemia, avalia o BBI. O banco mantém a nota Neutra para a ação, com preço-alvo de R$ 40,00 para o papel CNTO3 em 2020, uma alta de 122% sobre os R$ 18,00 na B3.

Tupy (TUPY3)

A fabricante de peças fundidas Tupy anunciou que irá conceder 10 dias férias coletivas a todos os funcionários no país a partir de 19 de março.

A companhia catarinense afirmou que a medida “leva em consideração a suspensão de operações dos nossos clientes no Brasil e exterior em face das restrições impostas pelos governos locais para a contenção da pandemia”, referindo-se ao coronavírus.

Contudo, a companhia informou que seus estoques estão em patamares adequados e não há risco para o fornecimento aos clientes.

Marcopolo (POMO4)

Além da Tupy, a Marcopolo informou que, em atenção às medidas de prevenção e combate ao Covid-19, resolveu conceder férias coletivas em todas as unidades localizadas no Brasil a partir da próxima segunda-feira (23/03) com duração de 20 dias.

“A adoção de férias coletivas pressupõe a paralisação das atividades fabris e administrativas, com restrição de acesso às unidades da Companhia. A decisão faz parte de uma série de ações preventivas adotadas pela Companhia para mitigar o risco de contaminação e preservar a saúde de seus colaboradores, familiares e das comunidades em que está presente”, apontam.

A companhia informou que vai manter seus acionistas e o mercado informados sobre quaisquer eventos subsequentes relevantes ao tema.

Randon (RAPT4) e Fras-le (FRAS3)

A Randon também informou que irá adotar regime de férias coletivas e/ou seletivas, podendo variar conforme a unidade de negócio e a região em que está localizada.

“Essa medida será, dentre outras já adotadas, mais uma forma de contribuir no combate a proliferação do Novo Coronavírus (SARS-COV-2) e da doença COVID-19 por ele provocada. A data de início será definida nos próximos dias e nas unidades em que forem implantadas férias seletivas, será ampliado o uso de home office, com o objetivo de manter o menor número possível de profissionais no mesmo ambiente de trabalho”, destacou a Randon.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.