Entre aéreas e estatais, 18 ações do Ibovespa caem mais de 10%; Suzano sobe 7% com disparada do dólar

Confira os destaques da B3 na sessão desta sexta-feira (24)

Lara Rizério

(Divulgação)

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SÃO PAULO – O noticiário corporativo é movimentado, mas o que ganhou destaque mesmo na sessão foi o noticiário político, em meio ao anúncio da saída do ministro Sérgio Moro do Ministério de Justiça, o que deflagrou uma verdadeira crise política e fez o Ibovespa fechar em queda de 5,45%. As ações da Petrobras (PETR3, R$ 16,07, -7,32%; PETR4, R$ 15,95, -5,90%) caíram mais de 9%, amenizando levemente durante a sessão, assim como estatais como Eletrobras (ELET3, R$ 21,78, -13,05%; ELET6, R$ 24,93, -13,17%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 24,30, -13,37%), essas duas últimas caindo mais de 10%.

No radar das commodities, em uma sessão volátil, os contratos futuros de petróleo continuaram o movimento de recuperação nesta sexta-feira e fecharam em alta, mas acumularam quedas entre 23% e 33% na semana em que a commodity energética foi negociada abaixo de US$ 0 pela primeira vez na História.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para junho subiu 2,67%, a US$ 16,94 o barril, mas registrou queda de 33,65% na semana. Na Intercontinental Exchange (ICE), o Brent para o mesmo mês avançou 0,52%, a US$ 21,44 o barril, mas acumulou perdas semanais de 23,65%.

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Já Gol (GOLL4, R$ 10,67, -11,89%) e Azul (AZUL4, R$ 13,99, -14,54%) caíram mais de 10% também depois de terem a recomendação de seus ADRs reduzida pelo Morgan Stanley e com a disparada do dólar.

Também em forte queda, estiveram os ativos da Embraer (EMBR3, R$ 8,28, -10,68%). Segundo o Financial Times, a Boeing avalia desistir de união com a companhia brasileira.

De acordo com o jornal britânico, a fabricante de aeronaves dos Estados Unidos pondera se abandonará o pacto em meio a gastos também de bilhões de dólares com a crise da aviação global e com problemas em seu modelo 737 Max.  Os dois lados discutiram as condições associadas à união de bilhões de dólares poucas horas antes do prazo que dá a cada uma das companhias o direito de desistir do acordo. No total, 18 ações do Ibovespa caíram mais de 10%.

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As ações da Suzano (SUZB3, R$ 39,13, +7,03%), por sua vez, que subiam no início da sessão e zeraram as perdas quando o Ibovespa atingiu a mínima, voltaram a registrar ganhos expressivos em meio à alta do dólar, que superou os R$ 5,70 e fechou a R$ 5,66. A companhia ganha com a alta da moeda por ser exportadora. O Ibovespa teve somente mais três altas, também de exportadoras como Klabin (KLBN11, R$ 17,25, +1,71%), Bradespar (BRAP4, R$ 29,69, +0,99%) e Vale (VALE3, R$ 43,76, +0,57%).

Confira os destaques:

BRF (BRFS3, R$ 18,55, -4,92%)

A BRF assinou documento que estabelece os termos e condições para um acordo visando ao  encerramento da class action intitulada “In re BRF S.A. Securities Litigation”, movida contra a BRF e determinados executivos na cidade de Nova York, segundo comunicado.

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A BRF comprometeu-se a pagar US$ 40 milhões para encerrar todas as demandas pendentes e que possam vir a ser propostas por pessoas ou entidades que compraram ou de outra forma adquiriram ADRs entre 4 de abril de 2013 e 5 de março de 2018. O acordo está sujeito à homologação pelo tribunal bem como à celebração do documento final de acordo. A BRF diz que “acordo não implica reconhecimento de responsabilidade ou de prática de atos irregulares pela BRF ou seus executivos”.

Lojas Renner (LREN3, R$ 37,67, -4,51%)

A Lojas Renner anunciou na quinta (23), em comunicado ao mercado, que a partir desta sexta iniciará a reabertura gradual de algumas de suas lojas. A medida abrange “unidades pontuais” da Renner, Camicado, Youcom e Ashua, segundo o documento.

“As decisões para as retomadas são analisadas individualmente, respeitando os decretos governamentais locais, seguindo critérios técnicos sobre a extensão da pandemia em cada município e garantindo a segurança das pessoas e do negócio”, explicou o RI da companhia. Todas as unidades estão fechadas desde o dia 20 de março.

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Ainda no comunicado, a companhia disse que “a Administração continuará alerta e diligente” e pode rever, ampliando ou reduzindo, o número de lojas em operação. A atualização do número de lojas abertas poderá ser confirmada diariamente pelo site de RI da Lojas Renner S.A.

O banco Itaú BBA avaliou que a reabertura das lojas é um fator positivo e até certo ponto já esperado, em seguido ao anúncio da reabertura de alguns shopping centers – a maioria das lojas da Renner está nos centros comerciais.

“Embora a empresa não tenha revelado quantas lojas serão reabertas, a medida é relevante porque a Renner foi a primeira varejista, das empresas da nossa cobertura, a anunciar fechamento da operação física por causa do Covid-19 e também é a primeira a reabri-la”, comenta o BBA. Segundo o banco, a medida da Renner deve ser seguida por outras empresas e será importante para tentar salvar as vendas das empresas antes da segunda data mais expressiva do varejo brasileiro, o Dia das Mães, que sempre cai no segundo domingo de maio.

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Guararapes (GUAR3, R$ 11,51, -13,26%)

A Guararapes, controladora da Lojas Riachuelo, informou na manhã desta sexta-feira que decidiu a “reabertura escalonada” das suas lojas no país, cumprindo “com os decretos governamentais e seguindo um rígido protocolo de medidas preventivas em prol do cuidado e da saúde de colaboradores, clientes, fornecedores, parceiros e comunidades”.

Iguatemi (IGTA3, R$ 32,34, -9,64%)

O Iguatemi reabre o I Fashion Outlet Santa Catarina nesta sexta. A retomada acontecerá com horário reduzido, das 12h às 20h, segundo comunicado. A companhia diz que adotará medidas de proteção e segurança, como o reforço das rotinas de limpeza, álcool em gel à disposição, áreas de alimentação intensamente higienizadas e com distanciamento mínimo de 2 metros entre as mesas e equipes
treinadas para oferecer suporte aos clientes.

Os demais ativos da cia. continuam com suas operações suspensas, respeitando as determinações vigentes, ficando autorizadas de funcionar apenas as atividades essenciais e operações de
delivery, diz a Iguatemi.

Bancos

O Bradesco BBI atualizou as estimativas para bancos brasileiros, refletindo o novo cenário de crise que deve se traduzir em desaceleração de originação de crédito, deterioração de inadimplência e aumento de provisões, com os resultados do 1Q20 já devendo mostrar os primeiros sinais do que está por vir.

Os analistas apontam que, embora Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 20,88, -5,31%), Santander Brasil (SANB11, R$ 23,44, -6,35%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 24,30, -13,37%) sejam bem capitalizados, líquidos e com cobertura saudável para inadimplência, a mudança de cenário pode atingir forte os lucros de curto-médio prazo, com os novos números apontando para queda de lucros de 23% a 28% em 2020, com recuperação ao nível pré crise apenas em 2022.

De qualquer forma, os bancos privados devem estar mais bem posicionados nesse cenário, com Itaú sendo o top pick do Bradesco BBI com recomendação outperform e preço-alvo de R$ 35, sendo seguido pelo Santander Brasil, também com recomendação outperform e preço-alvo de R$ 39, enquanto possui recomendação neutra para o Banco do Brasil, com preço-alvo de R$35.

“Uma vez que ROEs se recuperem em 2021 e 2022, e bancos privados devem ser capazes de distribuir excesso de liquidez via maiores payouts em 2022 (100% para Itaú e 75% para Santander), vemos esses valuations como atrativos”, avaliam os analistas.

Gol (GOLL4, R$ 10,67, -11,89%) e Azul (AZUL4, R$ 13,99, -14,54%)

O Morgan Stanley cortou a recomendação dos ADRs de Gol e Azul de overweight para equal-weight.

“Nós achamos que as duas empresas brasileiras parecem caras nos números revisados para o setor. Existem também incertezas no plano do BNDES de financiamento para as companhias, principalmente a respeito das garantias que elas deverão oferecer. Das duas empresas brasileiras, nós preferimos a Gol por várias razões. Para começar, a liquidez da Gol aguenta uma queima de caixa superior à da Azul, que nós estimamos em 11 meses, frente a 9 meses para a segunda empresa. Outro fator é o acordo da Gol com a Boeing para o cancelamento de pedidos e compensação financeira anunciado no dia 14, vemos a Gol bem adiante da Azul na reestruturação da frota”, avalia o Morgan Stanley. O banco também ressalta que a Azul possui uma dependência maior (24%) das suas rotas internacionais, frente à menor exposição da Gol (apenas 13%). O Morgan Stanley avalia que as rotas internacionais levarão mais tempo para se recuperar por causa da epidemia do coronavírus.

Finalmente, a Gol estaria, segundo o Morgan, mais bem posicionada para ocupar parte do espaço da chilena Latam, se a empresa fizer uma possível readequação da sua malha aérea no Brasil. Em situação pior está a Latam, que o Morgan Stanley rebaixou para Abaixo da Média (Under Weight) do mercado. “Embora a Latam, como a Gol e a Azul, tenha potencial para o socorro do BNDES, a empresa não é listada na bolsa brasileira e sua sede fica no Chile”, pondera o Morgan Stanley.

O banco reduziu também os preços-alvo das ações três empresas negociadas no mercado americano: a ação Gol (GOL.N), caiu de US$ 121,00 para US$ 68,00; Azul (AZUL.N) caiu de US$ 47,00 a US$ 10,30; e Latam (LATAM.N) foi reduzida de US$ 10,00 para US$ 3,50.

Ainda no noticiário do setor, as aéreas anunciaram retomada parcial de voos. Entre as mudanças, Gol voltará a operar ponte aérea Rio-São Paulo no aeroporto de Congonhas e Azul retomará voos para nove cidades brasileiras, segundo o Valor.

Randon (RAPT4, R$ 7,69, -8,67%) e Fras-le (FRAS3, R$ 3,75, -7,41%)

A Randon, maior fabricante brasileira de implementos rodoviários e semirreboques, e sua subsidiária Fras-Le, maior produtora de pastilhas de freio do mercado nacional, cancelaram na manhã de hoje o guidance (projeções) para 2020.

A Randon informou que “considerando a incerteza e o rápido alastramento da epidemia do Covid-19 nos mercados em que atua, está impossibilitada de estimar seus impactos sobre as operações em 2020, e portanto cancela suas projeções (guidance) para o ano”. Já a Fras-Le “informa que está impossibilitada de estimar os impactos da epidemia do Covid-19 sobre suas operações em 2020, e, portanto, cancela suas projeções”, informou a fabricante de autopeças.

Arezzo (ARZZ3, R$ 42,99, -3,33%)

A Arezzo informou que sua unidade localizada no município de Campo Bom (Rio Grande do Sul), iniciou o retorno parcial das atividades na data de hoje, após avaliação criteriosa de dados e a adoção de uma série de medidas, como o uso obrigatório de máscaras e medição de temperatura em todos os seus colaboradores.

“Cabe lembrar que o município de Campo Bom, de acordo com o Decreto Municipal nº 6.818 de 20 de abril de 2020, já permitiu a retomada das atividades empresariais e comerciais, uma vez que, até o momento, contou com apenas 4 casos de COVID-19 – sendo que nenhum deles necessitou de internação hospitalar – além de contar com a disponibilidade de leitos de UTI bem como de testes rápidos à população. Além disso, após um período de suspensão de atividades, nossas fábricas próprias, também localizadas em Campo Bom, retomaram a produção na data de hoje, ainda em jornada de
trabalho reduzida”, afirma a companhia.

Além disso, o centro de distribuição em Cariacica (ES), que permaneceu operando normalmente
desde março, passará a operar em regime de turno adicional, visando atender o aumento da
demanda do canal web commerce.

“Adicionalmente, aproximadamente 15% de nossa rede de lojas (106 lojas) já retomaram suas
atividades comerciais e encontram-se abertas, seguindo os decretos municipais e/ou governamentais locais, além de todas as medidas necessárias de higiene e distanciamento social, de modo a garantir a segurança de todos os envolvidos. A atualização do número de lojas abertas diariamente poderá ser obtida com o time de RI da Arezzo&Co, que permanece disponível para esclarecimento de quaisquer dúvidas”, informou a companhia.

Copel (CPLE6, R$ 52,87, -8,72%)

A Companhia Paranaense de Energia aprovou ontem o repasse de R$ 3,3 milhões para sua subsidiária FDA Geração, que opera desde fevereiro deste ano a maior usina hidrelétrica da estatal paranaense, a de Foz da Areia. Segundo a Copel, o repasse tornou-se necessário para a FDA realizar o primeiro pagamento dos Encargos de Uso do Sistema de Transmissão (EUST).

Vivo (VIVT4, R$ 45,51, -6,51%)

A Telefônica Brasil, controladora da Vivo, realizará sua assembleia geral ordinária às 11h do dia 28 de maio, na sede da empresa, Zona Sul da capital paulista. Durante o evento a empresa deliberará sobre o pagamento de dividendos, o orçamento para 2020 e outros assuntos. A Vivo lembrou aos acionistas que existe a possibilidade de voto à distância através de boletim. Mais informações sobre a assembleia e o voto à distância podem ser obtidas no site ri.telefonica.com.br.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.