ADRs do Bradesco (BBDC4) desabam na Bolsa de Nova York após resultado do 4º tri

Ativos do banco chegam a cair 7% após divulgação de resultado abaixo do esperado, com lucro caindo quase 76%

Equipe InfoMoney

(Crédito: Shutterstock)

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As reações iniciais do mercado aos resultados do Bradesco (BBDC4) foram bastante negativas. No after market da Bolsa de Nova York nesta quinta-feira (9), os ADRs (na prática, os ativos da companhia brasileira negociados nos EUA) BBD caíam 7,17%, a US$ 2,46, às 20h25 (horário de Brasília). O movimento persiste no pré-mercado desta sexta-feira (10), com o ADR em queda de 9,06%, a US$ 2,41.

O Bradesco fechou o quarto trimestre de 2022 com lucro líquido recorrente de R$ 1,595 bilhão, uma queda de 75,9% em relação ao mesmo período de 2021, e de 69,5% em relação ao trimestre imediatamente anterior. O resultado do banco foi fortemente afetado por um cliente de atacado, que não teve o nome citado, e que teve todo o crédito provisionado – pelo movimento, é possível inferir que trata-se da Americanas (AMER3).

“Com os recentes eventos envolvendo um cliente Large Corporate específico, ocorridos no início de 2023, a Administração reavaliou os riscos inerentes e, de forma prudencial, provisionou 100% da operação, afetando o lucro do 4T22”, afirma o banco em informe de resultados. De acordo com o Bradesco, o crédito junto a esse cliente era de R$ 4,9 bilhões.

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A Americanas  entrou em recuperação judicial em janeiro, com dívidas de R$ 48 bilhões. O Bradesco é o banco com a maior exposição absoluta à companhia. O Itaú (ITUB4), que tinha R$ 2,8 bilhões a receber, também optou por provisionar todo o crédito. Por sigilo bancário, as instituições não podem citar a companhia nominalmente.

Este fator fez com que as provisões do Bradesco contra a inadimplência tivessem um salto para R$ 14,881 bilhões no trimestre, mais de quatro vezes o volume registrado no mesmo período do ano anterior. Sem este caso, teriam sido de R$ 10,030 bilhões, refletindo o aumento da inadimplência. O resultado operacional do Bradesco no trimestre ficou negativo em R$ 99 milhões. No ano anterior ficou positivo em R$ 10,283 bilhões.

“Não fosse o provisionamento de Americanas, o banco teria entregue um lucro líquido acima da expectativa do mercado. Mas, olhando as outras linhas, o resultado foi ruim, a inadimplência continua alta, e o ROE [Retorno sobre o Patrimônio], que figurava entre os melhores junto com Itaú, acabou decepcionando”, aponta André Fernandes, Head de Renda Variável e sócio A7 Capital.

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O analista destaca que, assim como seu concorrente Itaú, o Bradesco provisionou em 100% sua exposição à Americanas, um total de R$ 4,9 bilhões, impactando fortemente seu resultado, e acabou divulgando um lucro líquido de R$ 1,6 bilhão no 4° trimestre de 2022, sendo o maior impactado no resultado dentre os três grandes bancos privados.

Além disso, aponta o analista, inadimplência continua sendo a maior dentre os seus concorrentes. O banco fechou o 4° trimestre de 2022 com o índice de inadimplência de 4,30% ante 3,90% do trimestre anterior, enquanto o Retorno sobre o Patrimônio também foi o pior entre os bancos que divulgaram seus balanços, a 3,9%, ante consenso do mercado era de 11%.

“Com isso, Bradesco, em comparação a Itaú e Santander (SANB11), obteve o pior resultado do 4° trimestre de 2022″, avalia.