Ação da MRV salta 4,5% após prévia e varejistas avançam com dados do IBGE; Braskem dispara 6,5%

Confira os destaques da B3 na sessão desta quarta-feira (8)

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – O Ibovespa registrou uma sessão de forte alta na sessão desta quarta-feira (8), com o destaque de alta no índice ficando para as ações da MRV (MRVE3, R$ 20,20, +4,50%), com ganhos que chegaram a 6% na máxima do dia, após a companhia divulgar prévia operacional com recorde de vendas.

Os ativos da Cyrela (CYRE3, R$ 26,74, +4,41%) também subiram forte. Vale destacar que a Lavvi Empreendimentos Imobiliários, que possui fatia na companhia, apresentou à CVM pedido de registro como emissora de valores mobiliários, categoria “A” e de oferta pública inicial de distribuição primária e secundária de ações.

A Camil (CAML3, R$ 11,48, +2,59%), que divulgou resultado do primeiro trimestre fiscal de 2020, também teve forte valorização hoje.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Os ativos de Petrobras (PETR3, R$ 23,32, +2,46%; PETR4, R$ 22,65, +1,89%) e Vale (VALE3, R$ 57,32, +1,69%) subiram mais de 1%. No mercado de commodities, o minério de ferro negociado em Qingdao com pureza de 62% subiu 3,3%, a US$ 106,90 a tonelada, em meio a sentimentos de risco positivo, impulsionados pela demanda de aço resiliente e pelo otimismo econômico subjacente sobre a China.

As aéreas também tiveram um noticiário movimentado: o plenário da Câmara dos Deputados aprovou na terça-feira o texto-base da medida provisória de socorro às aéreas, enquanto a Azul (AZUL4, R$ 21,53, +0,14%) informou que a sua demanda cresceu 43,6% em junho ante maio; taxa de ocupação sobe para 75,5%.

Já as empresas do setor de varejo subiram com os dados do IBGE de maio vindo acima do esperado. As vendas no varejo subiram 13,9% em maio na comparação com abril, ante  expectativa mediana dos economistas compilada no consenso Bloomberg de uma alta de 5,9% depois da queda de 16,8% registrada em abril. É a maior alta da série histórica da pesquisa, iniciada em janeiro de 2000. Veja mais clicando aqui.  Com isso, Via Varejo (VVAR3, R$ 16,37, +3,22%), Cia. Hering (HGTX3, R$ 15,22, +1,06%), Lojas Renner (LREN3, R$ 43,60, +2,01%) registraram algumas das maiores altas do Ibovespa.

Continua depois da publicidade

Bancos – após a forte queda da véspera com a fala de Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados (DEM-RJ) defendendo limite nas taxa de juros do cartão de crédito rotativo e do cheque especial – subiram forte na sessão em um movimento de recuperação. Itaú (ITUB4, R$ 27,01, +2,43%), Santander Brasil (SANB11, R$ 29,50, +3,40%), Bradesco (BBDC3, R$ 20,56, +3,42%; BBDC4, R$ 22,45, +3,41%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 34,09, +2,43%) avançaram entre 2% e 4%.

A maior alta do dia, porém, ficou com a Braskem (BRKM5, R$ 25,35, +6,51%), com ganhos de mais de 6%. Após dois anos de restrição, o Itaú BBA retomou sua cobertura para a empresa com recomendação neutra e preço justo previsto de R$ 27.

Segundo os analistas, o ciclo de produção petroquímica chegou, com excesso de oferta, enquanto a demanda global deve enfrentar “fortes ventos contrários à pandemia”. Entre os riscos, o BBA destaca o relacionamento complicado da Braskem com a Pemex, além de uma possível revogação de tarifas tributárias e de importação no Brasil que beneficiem a empresa e também do problema ambiental em Alagoas.

“Embora o ambiente operacional sem brilho e a maioria dos riscos mencionados pareçam estar nos preços atuais das ações, acreditamos que o momento funcionará contra a Braskem e não esperamos que os múltiplos melhorem até pelo menos 2022”, afirmam os analistas.

Confira os destaques:

MRV (MRVE3, R$ 20,20, +4,50%)

A incorporadora MRV registrou recorde de vendas no segundo trimestre do ano, se beneficiando da regularização de repasses para o programa Minha Casa Minha Vida (MCMV).

Na terça-feira à noite, a companhia informou que as vendas entre abril e junho somaram R$ 1,81 bilhão de reais, alta de 37,4% na comparação com igual período de 2019. O número de unidades negociadas foi de 11.479, alta de 33,7%.

A normalização dos repasses do MCMV contribuiu para mitigar o efeito das medidas de isolamento social adotadas para conter o avanço do novo coronavírus. Ainda assim, a companhia reportou atraso em alguns empreendimentos.

O ponto negativo foi a queda de 51,7% no volume de lançamentos, para 5.349 unidades, com a MRV preferindo “aproveitar o alto nível de estoque (…) e redução do volume de lançamentos”.

As medidas de isolamento social impostos por governos regionais atrasaram alguns empreendimentos, informou a empresa, afirmando no entanto que no fim de junho, a maior parte dos canteiros de obra já estava funcionando normalmente e apenas 2% de suas obras seguiam paralisadas em função da pandemia. No começo da pandemia, uma fatia de 20% dos canteiros de obras da MRV chegou a ficar parado.

Os analistas do Bradesco BBI lembram que houve um atraso na aprovação dos projetos, já que os órgãos de fiscalização regionais também foram afetados pelas medidas de isolamento social. “Por outro lado, à medida que o processo de aprovação volta aos trilhos gradualmente e com o aumento das vendas, a MRV provavelmente aumentará seus volumes de lançamentos daqui para frente”, avaliaram.

Já o Itaú BBA viu resultados positivos e destacou velocidade das vendas, em relatório escrito por analistas liderados por Enrico Trotta.

“Embora reconheçamos o cenário ainda desafiador para a empresa no curto prazo, na tentativa de encontrar o equilíbrio certo entre preços, velocidade de vendas e ciclo de construção, observamos que a MRV pode ser uma oportunidade interessante de compra e manutenção, dado valuation atual com desconto”, avaliam.

O Credit Suisse, por sua vez, aponta que a MRV aproveitou algumas das suas maiores vantagens competitivas para entregar um trimestre recorde de vendas líquidas e ajuda a reforçar a tese de alguns investidores de que a recuperação macro pode vir um pouco mais rápido do que o esperado.

“Os investimentos antes da pandemia em plataforma online e uma marca bem estabelecida podem ser mencionados como os grandes pilares por trás do ótimo resultado”, apontam. As vendas ficaram em R$ 1,81 bilhão, mas acreditamos que a estrategia comercial de maiores descontos assim como as melhores condições da Caixa tiveram um papel importante.

O nível de velocidade de vendas ficou em 20%, enquanto os lançamentos ficaram um pouco aquém do esperado em função do impacto da pandemia nos cartórios e municípios. A queda de produção de 25% deve afetar o reconhecimento de receita mas, por outro lado, há um nível alto de vendas e um POC (Percentage of Compliance ou, em tradução livre, percentual de confiança) médio mais alto. “Enxergamos o resultado como bastante positivo, mas seguimos com recomendação neutra por conta do valuation”, avalia o Credit.

Azul (AZUL4, R$ 21,53, +0,14%) e Gol (GOLL4, R$ 19,84, -1,54%)

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou na terça-feira o texto-base da medida provisória (MP) sobre reembolso e a remarcação de passagens de voos cancelados durante a pandemia de Covid-19. O texto ainda prevê que trabalhadores do setor saquem recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Os destaques da MP devem ser votados nesta quarta-feira.

“A notícia é positiva para o setor de aéreas da bolsa,. No texto, são reguladas diversas situações envolvendo desistência de compra, remarcação de passagens, entre outras alternativas. Isso permitirá que companhias não tenham maiores prejuízos jurídicos e que os consumidores também se sintam contemplados”, destaca a equipe de análise da Levante Ideias de Investimento.

Ainda no noticiário sobre aéreas, a Azul informou que a demanda consolidada em junho, medida pelo tráfego de passageiros (RPKs), aumentou 43,6% em relação a maio de 2020, frente a um crescimento de 37,1% na oferta, medida pela capacidade (ASKs). Com isso, a taxa de ocupação no mês passado atingiu 75,5%, um aumento de 3,5 pontos porcentuais em relação a maio.

Nos voos domésticos, a demanda em junho cresceu 47% sobre maio, enquanto a oferta avançou 43,9% no mesmo intervalo. A taxa de ocupação em junho chegou a 75,7% (contra 74,1% em maio). Já nos voos internacionais, a demanda em junho foi 27,8% maior que em maio, enquanto a oferta cresceu 9,7% no período. A taxa de ocupação nos voos para o exterior ficou em 74,3% no mês passado, frente a 63,8% em maio.

“Encerramos o mês com 168 voos diários em dias de pico, para 57 cidades, e manteremos esse ritmo nos próximos meses”, disse John Rodgerson, principal executivo da Azul, em comunicado. “Em julho, esperamos fazer 240 decolagens em dias de maior demanda, para 72 cidades, e em agosto teremos 303 decolagens em dias de pico, para 80 cidades”, afirmou.

Eletrobras (ELET3, R$ 33,85, +1,04%; ELET6, R$ 34,60, +1,20%)

Já o governo negocia duas alterações no projeto de lei, já enviado ao Congresso Nacional, que trata da privatização da Eletrobras. A primeira prevê o uso da “golden share” (ação especial que dá alguns direitos de veto ao governo) e a criação de um fundo destinado especificamente para investimentos na região Norte, segundo reportagem do jornal “Valor Econômico”.

Camil (CAML3, R$ 11,48, +2,59%)

A Camil registrou lucro líquido de R$ 109,5 milhões no primeiro trimestre de seu exercício 2020, encerrado em 31 de maio, mais que o dobro (120%) dos R$ 49,8 milhões de igual período de 2019.

A receita líquida da empresa foi de R$ 1,729 bilhão entre janeiro e março, uma alta de 39,8% na comparação com os primeiros três meses do ano passado, em meio às vendas de alimentos básicos aquecidas em meio à pandemia do novo coronavírus.

Já o Ebitda, no mesmo período, ficou em R$ 196,6 milhões. A margem Ebitda passou de 6,7% no primeiro trimestre de 2019 para 11,4% no primeiro trimestre de 2020.

JHSF (JHSF3, R$ 9,54, -2,35%)

A JHSF Participações informou que irá retomar as operações do Hotel Fasano São Paulo a partir de 1º de agosto, mas de forma gradual.

Segundo a empresa, o hotel será reaberto sob o selo “SafeGuard”, que é uma referência de conformidade e certificação em saúde e segurança.

IPO

A Lavvi Empreendimentos Imobiliários apresentou à CVM pedido de registro como emissora de valores
mobiliários, categoria “A” e de oferta pública inicial de distribuição primária e secundária de ações, disse a Cyrela Brazil Realty (CYRE3) em comunicado. A Lavvi também submeteu à B3 pedido de listagem de ações para adesão ao segmento Novo Mercado.

A diretoria da Cyrela aprovou a venda de ações da Lavvi que detém. A Lavvi foi constituída em 2016 como uma joint venture entre Cyrela e a RH Empreendimentos Imobiliários com objetivo de desenvolver projetos no segmento médio e alto padrão na cidade de São Paulo. A Cyrela detém participação correspondente a 45% do capital social da Lavvi.

Bancos

O  Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu ontem  um limite nas taxa de juros do cartão de crédito rotativo e do cheque especial. Há um projeto de lei (1166/2020) que estabelece um limite de taxa de juros de 30%a.a. nos empréstimos com cartão de crédito rotativo e cheque especial e exige que os bancos não reduzam os limites de crédito a partir de fevereiro de 20. As alterações são devidas ao estado de calamidade definido pela Câmara. O projeto, se aprovado, provavelmente destruiria o valor nos segmentos.

“A declaração do Presidente da Câmara soa como se, caso a medida seja aprovada no Senado, ele tenha a intenção de colocar em votação também na Câmara, o que é negativo, uma vez que aumenta as chances de aprovação e aplicação do projeto”.

Arco

Os analistas do Credit elevaram a recomendação para a ação da empresa de educação Arco, negociada na Nasdaq, de neutro para outperform.

“A empresa é bem vista pelos nossos analistas, possui um modelo de negócio sólido e um momento operacional robusto mesmo em meio a um turbilhão macro. O valuation também já não é um problema dado que as ações caíram 16% em dólar (15% em reais) enquanto o Ibovespa (alta de 11%) e os pares  performaram bem”, avaliam os analistas.

Os analistas apontam que a Arco não tem passado pelo mesmo problema da Cogna (abandono de curso) e que tem passado pelo Covid-19 relativamente imune. A gestão da Arco destacou que não estão garantindo descontos para escolas/clientes já existentes e que as taxas de renovações e tickets continuam saudáveis.

(Com Bloomberg e Agência Estado)

O passo a passo para trabalhar no mercado financeiro foi revelado: assista nesta série gratuita do InfoMoney.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.