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Ação da Microsoft devolve ganhos após projeções fracas da empresa para 2023

O negócio de computação em nuvem, destaque positivo no balanço trimestral, começa a dar sinais de desaceleração

Mitchel Diniz

(Tawanda Razika/Pixabay )

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As ações da Microsoft negociadas na Nasdaq, Bolsa que reúne papéis de empresas de tecnologia, devolvem parte dos ganhos da véspera. Os investidores repercutem as mais recentes projeções da companhia, que indicam uma desaceleração no crescimento do segmento que foi destaque no segundo trimestre fiscal da empresa: os serviços de computação em nuvem.

Os papéis MSFT fecharam em baixa de 0,59%, a US$ 240,61. No pré-mercado, os ativos chegaram a recuar mais de 3%. Os BDR’s (recibos de ações estrangeiras negociados na B3) caíram 5,39%, a R$ 50,71.

Ontem (24), após o fechamento dos mercados, a empresa reportou seus números referentes ao trimestre encerrado em 31 de dezembro de 2022. O lucro líquido da Microsoft no período foi de US$ 16,43 bilhões. A cifra é 12,46% inferior aos US$ 18,77 bilhões registrados um ano antes.

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Inicialmente, o resultado repercutiu de forma positiva nas ações, com os papéis subindo 4% no after market. Isso porque, mesmo com a queda no lucro, a receita do segmento de nuvem da empresa cresceu 18% para US$ 21,51 bilhões, batendo as estimativas.

Mas o ânimo durou pouco. Na teleconferência sobre os resultados, os executivos da Microsoft informaram que justamente as receitas da computação em nuvem, o destaque positivo do último balanço, estão desacelerando. O movimento começou no último mês de dezembro e deve piorar.

As vendas da Azure, que faz parte do segmento de nuvem da Microsoft, cresceram 38% no segundo trimestre fiscal. Mas para o próximo período, que se encerra em março, a previsão é que esse avanço desacelere e fique entre 30% e 32%.

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O segmento de computação em nuvem da Microsoft cresceu nos últimos dois anos, impulsionados pelos regime de trabalho home-office ao longo da pandemia pandemia. Agora, dá sinais de consolidação, num momento em que as empresas otimizam custos.

O Goldman Sachs acredita que há chances das vendas da Azure se estabilizarem ou até mesmo voltarem a crescer, com novos fluxos de trabalho on-line ao longo do tempo.

“De maneira geral, acreditamos que a Azure está apenas passando por uma fase de normalização pós-pandemia”, escreveram os analistas do banco, afirmando que seguem confiantes no crescimento do segmento de nuvem da Microsoft como um todo, na ordem de 20%.

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O Goldman Sachs reiterou a recomendação de compra do papel, com preço-alvo de US$ 315.

Além de prever desaceleração no crescimento de um importante segmento dos seus negócios, a Microsoft também não foi muito otimista em relação ao guidance de suas receitas. Para o terceiro trimestre fiscal, a expectativa é de faturamento de US$ 51 bilhões, 3% a mais que o mesmo período do ano passado, mas abaixo das previsões do mercado.

Com o guidance pouco animador da empresa, o JP Morgan reduziu em 2% suas previsões de receitas para a empresa no ano fiscal de 2023, assim como no lucro por ação da companhia.

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A recomendação para o papel MSFT foi mantida em overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra), mas o preço-alvo foi reduzido de US$ 275 para US$ 265.

Ainda assim, o banco considera a Microsoft como “a melhor casa em uma vizinhança que gradualmente está se deteriorando”, ressaltando os desafios das empresas do setor de tecnologia.

Demissões

Na última quarta-feira (18), a gigante de tecnologia confirmou que dispensará 10 mil funcionários até 31 de março deste ano. A medida teve impacto negativo de US$ 1,2 bilhão em custos indenizatórios no segundo trimestre fiscal da companhia.

Com o corte, a Microsoft vai diminuir sua força de trabalho em aproximadamente 5%.

O CEO Satya Nadella explicou que a empresa viu seus clientes reduzirem seus gastos digitais para fazer mais com menos, ao contrário do que ocorreu na pandemia. Agora, com o agravante de expectativa de recessão em algumas partes do mundo.

“É importante observar que, embora estejamos eliminando funções em algumas áreas, continuaremos contratando em áreas estratégicas importantes”, disse ele.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados