Ações de Gol e Azul desabam até 36%; 15 papéis do Ibovespa caem mais de 21% e nenhum sobe

Confira os destaques da B3 na sessão desta quinta-feira (12)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Pânico. Essa foi a definição para o mercado internacional hoje, em especial para a bolsa brasileira, que acionou o segundo circuit breaker do dia após o Ibovespa cair mais de 15%. 15 das 73 ações do Ibovespa caíram mais de 21% nesta sessão, enquanto o índice encerrou com perdas de 14,78%.

Mais uma vez, o noticiário corporativo foi ofuscado e muito pelo clima de aversão ao risco no mercado com os desdobramentos da agora declarada pandemia de coronavírus, com o maior pessimismo potencializado pelo discurso de Donald Trump, presidente dos EUA, que não animou (veja mais clicando aqui) e pela derrota do governo no Congresso que pode custar R$ 217 bilhões aos cofres públicos em 10 anos.

Quem ganhou destaque foram os papéis da Azul, com baixa de 32%. O “melhor” desempenho do Ibovespa ficou para as ações da Engie, que caíram 3,16%.

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No caso da Azul, a aérea divulgou resultado e informou ter suspendido as suas projeções para 2020, afirmando que tomou medidas para reduzir o impacto do coronavírus, reduzindo a capacidade internacional entre 20% e 30%.

Conforme destaca o Itaú BBA, é “uma pena que o mercado não se concentre nos resultados do quarto trimestre de 2019 da Azul, porque foram notáveis. Com o Brasil ainda crescendo lentamente, a empresa conseguiu registrar um forte crescimento com maior rentabilidade. Infelizmente, não é hora de olhar para o passado, mas para o impacto do coronavírus no setor de aviação e como a empresa está preparada para enfrentar isso”.

A aérea Gol também registrou forte queda, de 36%, em meio ao impacto do coronavírus no turismo e pelo fato da companhia ser endividada em dólar, o que é negativo em momentos de forte valorização da moeda, que chegou a bater R$ 5 nesta sessão.

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As ações da Petrobras despencaram, com baixa de 19%, assim como os ativos da Vale, que caíram 13%, em um ambiente de forte aversão ao risco refletindo a forte queda de cerca de 7% do brent após Trump anunciar suspensão de voos da Europa para os EUA. Banco do Brasil registrou baixa de 12% após chegar a cair mais de 20%, enquanto Bradesco caiu 13% e o Itaú teve baixa de 10%.

Veja mais:

Petrobras (PETR3;PETR4

A Petrobras informou que atingiu produção recorde no campo petrolífero de Búzios, que fica no pré-sal da Bacia de Santos. Segundo a estatal, em 10 de março a empresa atingiu a marca de 640 mil barris de óleo diários extraídos no local, ou 790 mil barris por equivalência (boe) por dia. A Petrobras informou que atualmente quatro plataformas, P-74, P-75, P-76 P-77, extraem petróleo no local em alto-mar. A empresa planeja deslocar mais duas plataformas para o campo de Búzios em 2022 e 2024, como parte do seu plano estratégico.

Vale (VALE3)

A Vale comunicou na noite de ontem que instalará um Comitê de Auditoria na empresa. O objetivo da companhia é melhorar a governança corporativa. O Comitê terá a função expressa de auxiliar o Conselho de Administração da Vale na tomada de decisões nos assuntos internos e corporativos. O Comitê terá um mínimo de três pessoas. Para compor o primeiro Comitê, foram escolhidas a economista Isabella Saboya de Albuquerque e a advogada Luciana Pires Dias.

BR Distribuidora (BRDT3)

No primeiro balanço anual da BR Distribuidora após a privatização, o lucro da empresa foi de R$ 2,2 bilhões, contra R$ 3,2 bilhões em 2018, uma queda de 31,2%. No quarto trimestre, o lucro foi de R$ 96 milhões, abaixo do lucro de R$ 1,6 bilhão registrado há um ano.

“Apesar da redução no lucro líquido do exercício, o resultado de R$ 2,2 bilhões é bastante relevante e reflete o empenho dedicado ao melhor gerenciamento do passivo da companhia e reforça a trajetória de resultados positivos e de rentabilidade”, afirmou a empresa no relatório ao mercado.

O Ebtida somou R$ 214 milhões no quarto trimestre do ano passado, queda de 51% ante o quarto trimestre de 2018. Já o Ebitda ajustado no ano ficou em R$ 3,1 bilhões em 2019, 24% a mais do que em 2018, e em R$ 952 milhões no quarto trimestre, alta de 47,3% contra igual período do ano anterior.

No quarto trimestre de 2019, as vendas da BR Distribuidora, líder de mercado, caíram 4,6%, para 9,9 bilhões de metros cúbicos, contra 10,4 bilhões de metros cúbicos no quarto trimestre do ano anterior. No ano, a queda nas vendas foi de 3,2%, para 40,1 bilhões de metros cúbicos, ante 41,5 bilhões de metros cúbicos em 2018.

A receita líquida com as vendas atingiram caíram 2,8% no ano passado, para R$ 94,9 bilhões frente a 2018, enquanto a dívida líquida da empresa subiu 87,3%, para R$ 4,4 bilhões.

Após uma reestruturação após a mudança de empresa estatal para empresa privada, a BR Distribuidora fechou 2019 com 2.278 empregados, contra 3.134 em 2018, resultado de um plano de incentivo lançado pela companhia.

O aumento da dívida da companhia ocorreu em função, principalmente, da redução do caixa e aplicações no montante de R$ 885 milhões, do reconhecimento dos arrendamentos mercantis em virtude da adoção do IFRS 16, que passou a vigorar a partir de janeiro de 2019, cujo montante em dezembro é de R$ 799 milhões, e da captação de R$ 500 milhões de NCE (Nota de Crédito à Exportação).

“Para o cálculo da dívida líquida, foi considerado o saldo da aplicação no FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) de R$ 190 milhões. O custo médio da dívida bruta da Companhia em 31 de dezembro de 2019 é de 6,0% a.a. (7,0% a.a. em 31 de dezembro de 2018)”, informou a companhia.

Bradesco BBI e Itaú BBA avaliaram como positivos os resultados do quarto trimestre de 2019 e do ano passado inteiro da BR Distribuidora. Ambos notaram que no ano passado a empresa começou a transição de estatal para companhia privada. O BBI comentou que a BR mostrou “um quarto trimestre forte” com um Ebitda acima das projeções do banco, impulsionado por uma estratégia de preços, ganhos nas importações e nos estoques. O BBI ressaltou que a empresa reduziu despesas e teve uma expansão de 36% no varejo. Mas o banco avalia que a distribuição de dividendos ficou abaixo das expectativas. “A BR anunciou que pagará R$ 585 milhões em dividendos, adicionais aos R$ 540 milhões já anunciados em novembro. Este é um payout abaixo das nossas expectativas, ao redor de 50%. Esperávamos que a empresa retomasse o payout de 95%”, comentou o BBI.

O BBI avalia que o principal risco para a empresa é que a difusão da pandemia do Covid-19 reduza os volumes de vendas no Brasil em 2020, mas isso pode ser compensado pela continuidade no corte de despesas e pelo menor preço dos combustíveis. O BBI mantém a nota “outperform” (acima da média) e um preço-alvo de R$ 37,00 para a ação, uma alta de 63% sobre o fechamento ontem na B3.

O Itaú BBA avalia que a BR mostrou resultados superiores aos projetados tanto pelo banco como pela Bloomberg, com destaque no crescimento das operações do varejo. O BBA também destacou os ganhos de preços e estoques da BR Distribuidora no trimestre e elogiou o programa de redução de despesas e custos. O BBA mantém a nota “outperform” e preço-alvo de R$ 35,00 para o papel, alta de 54% sobre o fechamento de R$ 22,69 na B3.

Azul (AZUL4)

A Azul publicou balanço na manhã de hoje e informou que obteve um lucro líquido ajustado de R$ 436,7 milhões no quarto trimestre de 2019, uma expansão de 352,2% sobre igual período de 2018. No fechamento do ano de 2019, o lucro líquido avançou 35,6% para R$ 1,2 bilhão. O lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi de R$ 1,22 bilhão no quarto trimestre do ano passado, crescimento de 61,8% sobre igual trimestre de 2018.

A margem Ebitda foi de 37,8% no quarto trimestre, ante 31% no quarto trimestre de 2018. Já o Ebitda de 2019 consolidado cresceu 34% para R$ 3,62 bilhões. A Azul explica os resultados mais fortes do quarto trimestre pelo crescimento de 31,1% na demanda de passageiros no período, ao mesmo tempo em que seu aumento de capacidade cresceu menos, 30%. A taxa de ocupação no período cresceu 0,4 ponto porcentual, para 83,4%. Outro crescimento expressivo da companhia aérea no quarto trimestre foi no transporte de cargas, que avançou 53%. Em 2019 consolidado, o transporte de cargas cresceu 45% sobre 2018.

A Azul também informou que durante o ano passado acelerou a modernização da sua frota, essencial para reduzir o consumo de combustíveis com aviões mais econômicos. A empresa encerrou 2019 com 140 aeronaves, incluindo 47 das novas gerações da Airbus e da Embraer.

O aumento no número de passageiros pagantes entre 2018 e 2019 foi expressivo, de 23,1 milhões em 2018 para 27,6 milhões no ano passado. Os custos da Azul, contudo, também cresceram. Houve expansão de 21,8% nos custos e despesas operacionais no quarto trimestre de 2019, sobre 2018, para R$ 2,5 bilhões.

O aumento nos preços do querosene de aviação foi o principal fator, com alta de 8,4% para R$ 831 milhões no trimestre. As tarifas aeroportuárias subiram 30,6%, ou R$ 45 milhões, no período.

Mas o preocupante na Azul é o alto endividamento. A dívida líquida da empresa cresceu 47,1% durante 2019, sobre 2018, para R$ 11,9 bilhões. A empresa aérea fechou 2019 com uma relação dívida líquida sobre o Ebitda em 3,3 vezes (3,3x), nível relativamente elevado.

O executivo-chefe da Azul, John Rodgerson, escreveu na mensagem do balanço que a empresa monitora os possíveis impactos do coronavírus no Brasil, mas mantém os seus planos de expansão para 2020. A empresa encerrou 2019 com R$ 4,3 bilhões em caixa.

IRB Brasil ([ativo=IRBR3)]

A resseguradora IRB Brasil informou que a Polícia Federal fez buscas em seu escritório nesta quinta-feira. Segundo comunicado, “a operação realizada pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira, 12 de março, não está relacionada à companhia”.

Segundo informações da agência de notícias Reuters, um dos envolvidos na investigação é o agora ex-presidente de finanças do IRB Fernando Passos.

A Polícia Federal informou apenas que deflagrou a Operação Suitcase, para investigar a prática de corrupção ativa e passiva e que foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão nos Estados de Ceará e São Paulo.

SLC Agrícola (SLCE3

A SLC Agrícola publicou balanço na noite de ontem e reportou um lucro líquido de R$ 88 milhões no quarto trimestre de 2019, uma expansão de 165% em comparação a igual período de 2018. No consolidado de 2019, a empresa lucrou R$ 315 milhões. Houve uma queda de 22,5% em comparação a 2018. A empresa informou que o lucro teve retração porque a colheita do algodão rendeu uma margem menor na safra 2018-2019. O Ebitda ajustado da empresa foi de R$ 277 milhões no quarto trimestre de 2019, um crescimento de 1,9% sobre igual período de 2018.

Melhoramentos (MSPA3) 

A Companhia Melhoramentos de São Paulo publicou ontem demonstrativo financeiro relativo ao ano passado. A empresa teve em 2019 um prejuízo de R$ 36,5 milhões, ante um lucro de R$ 4,6 milhões em 2018. A receita operacional líquida, que em 2018 foi de R$ 137,6 milhões, em 2019 caiu para R$ 121,7 milhões. A Melhoramentos é uma das editoras mais antigas de São Paulo. A empresa foi fundada em 1890.

IPO da Caixa Seguridade

Diante da atual conjuntura do mercado, a Caixa Econômica Federal solicitou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a interrupção da análise da documentação referente ao registro da oferta pública de distribuição secundária de ações ordinárias (IPO, na sigla em inglês) da Caixa Seguridade, braço de seguros e previdência do banco.

No início da semana, a instituição havia informado intenção de suspender a oferta por três meses devido à turbulência dos mercados. No último dia 10, porém, a subsidiária afirmou que seu acionista controlador não tinha formalizado “qualquer mudança de decisão acerca da oferta”. A operação é estimada em R$ 15 bilhões.

Em fato relevante divulgado nesta quinta-feira, 12, o banco acrescenta que consequentemente a Caixa Seguridade deve encaminhar à B3 o pedido de interrupção da análise da documentação referente à sua admissão e listagem no Novo Mercado.

OdontoPrev (ODPV3)

Na Odontoprev, Luis André Blanco renunciou à diretoria financeira.

(Com Agência Estado)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.