A reforma da Previdência chegou ao Congresso: então por que o Ibovespa caiu mais de 1%?

Índice chegou a superar os 98 mil pontos durante a manhã, mas não se sustentou e acentuou a queda na reta final após a ata do fomc

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Após valorizar em meio ao otimismo com os detalhes da proposta da reforma da Previdência, que foi entregue por Jair Bolsonaro ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o Ibovespa abandonou os ganhos e passou a cair durante a tarde desta quarta-feira (20).

O mercado, mais uma vez, se comportou de acordo com a máxima: sobe no boato e cai no fato, realizando lucros após finalmente a proposta da reforma ser entregue. Além disso, investidores tentam antecipar quais pontos da reforma poderão ser modificados nas negociações no Congresso, o que pode reduzir a economia do governo esperada.

Diante disso, o Ibovespa fechou com queda de 1,14%, aos 96.544 pontos, em sua mínima do dia, após ter alcançado máxima de 98.543 pontos no fim da manhã. O volume financeiro ficou em R$ 17,478 bilhões.

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Já o contrato de dólar futuro com vencimento em março teve alta de 0,16%, a R$ 3,732, enquanto o dólar comercial avançou 0,33%, cotado a R$ 3,7280 na venda. No mercado de juros, os contratos futuros com vencimento em janeiro de 2021 subiram 7 pontos-base, para 7,09%, e os contratos para janeiro de 2023 avançaram 8 pontos, a 8,20%.

Outro evento que ficou no radar dos investidores durante o pregão e pressionou ainda mais o índice foi a ata da última reunião de política monetária dos Estados Unidos. O documento, publicado às 16h (de Brasília), mostrou que o Fed (Federal Reserve) estava preocupado com as políticas de aperto monetário aplicadas. A autoridade monetária também observou riscos crescentes à economia e que o cenário está mais incerto.

Parte da equipe do banco central norte-americano considerou que, se a incerteza com as perspectivas econômicas diminuírem, o Fed precisaria reavaliar a caracterização da política monetária como “paciente” nas futuras altas de juros. A ata gerou grande volatilidade em Wall Street, com os índices norte-americanos fechando com ganhos.

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Reforma

A proposta de reforma da Previdência prevê uma economia de R$ 1,16 trilhão em 10 anos. O documento entregue hoje traz uma idade mínima de aposentadoria de 65 anos para homens e de 62 para mulheres, a ser aplicada após 12 anos de transição, conforme antecipado na semana passada. A idade mínima subirá progressivamente durante esse período – que é mais curto do que os 21 anos propostos pelo governo Temer em 2017.

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A equipe econômica montou a transição de uma forma que as idades que servirão de referência para a aposentadoria em 2022 (último ano do mandato do presidente Jair Bolsonaro) serão 62 anos (para homens) e 57 anos (mulheres). Essas idades, no entanto, continuarão subindo nos anos seguintes até atingir 65 anos (homens) e 62 anos (mulheres).

A equipe econômica também informou que buscará implementar um regime de capitalização. Através dele, cada trabalhador financia a própria aposentadoria por depósitos em uma conta individual. Entretanto, detalhes sobre essa proposta serão apresentados somente no futuro.

Leia mais:
– Confira na íntegra a proposta do governo para a reforma da previdência

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– Proposta de reforma da Previdência prevê economia de R$ 1,16 trilhão em 10 anos; confira os principais pontos

Para a equipe de análise do Goldman Sachs, a proposta apresentada é “robusta e abrangente”. “Mas uma coisa é uma proposta de reforma sólida, bem pensada e elaborada, a outra é o que acabará emanando do Congresso.

O risco é que a proposta inicial seja significativamente diluída pelo Congresso, reduzindo o esperado dividendo fiscal da proposta e potencialmente preservando um número significativo de exceções à regra geral”, pondera Alberto Ramos, diretor do departamento de pesquisas econômicas para a América Latina do Goldman Sachs, em relatório enviado a clientes.

Ele aponta que o projeto de lei é uma emenda constitucional e, portanto, a tramitação pelo Congresso provavelmente será “longa, barulhenta e acidentada”.

Bolsas mundiais

Os índices dos Estados Unidos subiram após a divulgação a ata do Fomc. Os investidores também estão atentos à segunda parte das negociações entre China e Estados Unidos, envolvendo funcionários de alto escalão.

A equipe americana será liderada pelo Representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, e incluirá o Secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, e o Secretário do Comércio, Wilbur Ross. O Ministério do Comércio chinês informou que o vice-primeiro-ministro da China, Liu He, participará das conversas.

As bolsas europeias encerraram em leve alta, também à espera de novidades sobre a guerra comercial entre Estados Unidos e China. As bolsas asiáticas encerraram em alta após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar que as negociações com a China estão indo bem, acrescentando que o atual prazo de 1º de março não é uma “data mágica”, sinalizando – mais uma vez – que a data para início das tarifas sobre os produtos chineses pode ser adiada.

No mercado de commodities, os preços do petróleo interrompem a sequência de cinco altas seguidas e têm leve queda e o minério de ferro cai quase 2% no mercado futuro de Dalian.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.