
SÃO PAULO – Apesar de tropeços no calendário preliminar de tramitação no Congresso Nacional, a pauta da reforma da Previdência alimenta cada vez mais consenso entre deputados fora do bloco de oposição ao governo Jair Bolsonaro (PSL). É o que mostra quarta rodada da pesquisa XP Investimentos com deputados.
Segundo o levantamento, feito entre os dias 18 e 26 de junho, considerando apenas os deputados que não podem ser classificados como de oposição, o entendimento de que é necessário reformar o atual sistema de aposentadorias encontra apoio de 99% dos entrevistados.
O resultado representa um salto de 9 pontos percentuais em comparação com os números de abril. Em fevereiro, 92% dos parlamentares governistas ou independentes concordavam com a necessidade de se aprovar uma reforma previdenciária.
Considerando todos os parlamentares no exercício do mandato, sem recorte por posições políticas, o levantamento mostrou que o apoio à necessidade de se reformar a Previdência chegou a 80%, o que corresponde a um salto de 4 pontos percentuais na comparação com abril. Outros 19% discordam.
A pesquisa da XP Investimentos ouviu 236 dos 513 deputados federais no exercício do mandato, entre os dias 18 e 26 de abril. A amostra de entrevistados respeitou a proporcionalidade das bancadas partidárias na casa legislativa.
Entre os deputados de oposição, contudo, depois que o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) apresentou relatório sobre a Proposta de Emenda à Constituição de autoria do governo sobre o assunto, a resistência à ideia de se reformar o atual sistema de aposentadorias cresceu.
Agora, 59% dos deputados de partidos identificados como contrários ao governo Bolsonaro se opõem à necessidade de aprovação de uma reforma previdenciária. Em fevereiro, eram 55%. Já o grupo dos que apoiam a ideia mesmo sendo de oposição foi de 42% para 38% no período.
Com relação ao parecer apresentado pelo relator, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), em comissão especial, 56% dos deputados ouvidos concorda em partes com o texto, mas defende alterações. Em abril, quando o assunto ainda era a proposta original encaminhada pelo governo ao parlamento o mesmo grupo correspondia a 42% dos assentos na casa legislativa.
Lembrando que, por se tratar de PEC, o texto precisa contar com o apoio de 3/5 dos deputados (308) em dois turnos de votações em plenário para avançar para o Senado Federal.
O ambiente melhorou até entre os opositores ao governo, o que pode ser um reflexo dos esforços de negociação do governo e do deputado Samuel Moreira, a partir das alterações que promoveu na PEC recebida. Segundo o levantamento, no grupo de parlamentares contrários à atual administração, o percentual dos que discordam totalmente com a proposta caiu de 70% (quando o texto analisado era o do ministro Paulo Guedes) para atuais 45%. Já os que concordam parcialmente com algumas alterações subiu de 8% para 18%.
Entre os demais parlamentares a melhora é ainda mais expressiva. O grupo dos que concordam parcialmente com o texto e que pedem algumas alterações subiu de 56% para 73%. Já o dos que discordam totalmente com a proposta foi de 6% para 1%. Uma boa notícia para o relator.
Entre os principais pontos criticados pelos parlamentares no relatório apresentado em comissão especial estão as regras de aposentadorias para professores e as regras de transição para agentes de segurança e para o regime geral. Do lado dos deputados governistas ou independentes, os dois primeiros itens são os maiores focos de resistência.
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