8 ações caem mais de 3% com risco político; exportadoras sobem com dólar

Confira abaixo os principais destaques da Bovespa na sessão desta segunda-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – Nesta segunda-feira (9), 8 ações caem mais de 3% em meio ao risco político, que se tornou ainda mais negativo após as manifestações populares com o pronunciamento de Dilma Rousseff na noite de ontem. Entre os ativos que sofrem com o quadro político estão as ações de  Itaú Unibanco, que segue o pessimismo visto com as blue chips, além das ações do setor imobiliário como PDG Realty (PDGR3, R$ 0,41, -4,65%), MRV (MRVE3, R$ 6,60, -4,21%) e Even (EVEN3, R$ 4,41, -4,75%), que refletem as perspectivas de juros mais altos e com os juros futuros (DI) disparando nesta sessão.

Além delas ainda operam no vermelho as ações das concessões rodoviárias e companhias de logística, que sofrem com uma exposição maior ao governo, e as ações da Gol, que são penalizadas pelo risco político indiretamente, com o dólar mais alto. Confira abaixo os principais destaques desta sessão, segundo cotação das 15h10 (horário de Brasília):

Petrobras (PETR3, R$ 9,00, -0,99%; PETR4, R$ 9,07, -1,84%)
As ações da Petrobras caem nesta sessão em meio à corrida contra o tempo para divulgação do seu balanço trimestral. De acordo com noticiário, o presidente da companhia, Aldemir Bendine, está trabalhando para publicar o balanço auditado do terceiro trimestre de 2014 na primeira semana de abril. A expectativa anterior era que fosse no final de março. Além disso, matéria da Agência Estado mostra que a exposição de bancos públicos à estatal é de US$ 27 bilhões, sendo US$ 19,5 bilhões referentes ao Banco do Brasil (BBAS3), segundo cálculos da Moody’s. 

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Bancos
Os papéis do setor financeiro seguiam o pessimismo do mercado e registravam fortes baixas hoje: Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 33,67, -3,80%), Banco do Brasil (BBAS3, R$ 21,35, -2,95%), Bradesco (BBDC3, R$ 34,87, -1,89%; BBDC4, R$ 34,63, -3,48%). A exceção era o Santander (SANB11, R$ 13,95, -0,14%), que operava estável.  

Concessão rodoviária e logística

As ações das concessões rodoviárias operam com fortes quedas na Bolsa nesta segunda, com destaque para as ações da CCR (CCRO3, R$ 14,28, -5,12%), que acumulam perdas de 13,8% em sete dias, e da Ecorodovias (ECOR3, R$ 9,11, -6,08%), que em seu sétimo pregão seguido de perdas acumula desvalorização de 14,8%. As companhias, mesmo não possuindo relação direta com o Estado, possuem uma forte exposição ao governo por serem companhias de concessão das estradas, como explica o analista da Leme Investimentos, João Pedro Brugger. Ainda seguiam pressionados pelo mesmo motivo os ativos das companhias de logística da Bolsa, como ALL (ALLL3, R$ 4,23, -7,84%), que já cai pelo sétimo pregão seguido, acumulando perdas de 25,2% no período, e Cosan Logística (RLOG3, R$ 2,72, -7,48%). 

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Educacionais
As ações do setor educacional voltam a operar no negativo na Bolsa em meio ao pessimismo generalizado do mercado nesta segunda. Como principal destaque estão os papéis da Ser Educacional (SEER3, R$ 10,70, -10,39%), que após operar descolada do restante do setor em meio à preferência do governo pelo nordeste – principal exposição da companhia – para a concessão do Fies (programa de financiamento estudantil), hoje opera com fortes quedas. No vermelho ainda operam as ações de Kroton (KROT3, R$ 9,74, -2,50%), Estácio (ESTC3, R$ 16,42, -1,68%) e Anima (ANIM3, R$ 15,55, -5,01%).

Magazine Luiza (MGLU3, R$ 5,02, -5,82%)
As ações da Magazine Luiza voltam a desabar na Bolsa. Essa é a sétima queda seguida do papel, acumulando no período perdas de 23,5%. O motivo da derrocada é a suspensão do programa do governo Minha Casa Melhor. Na sexta-feira, Dilma apontou que poderia incluir o programa, de forma mais simples, na Minha Casa, Minha Vida. A notícia até gerou um alívio naquele pregão mas mesmo assim a ação encerrou sexta em queda de 3,09%.

Light (LIGT3, R$ 12,86, -3,31%)
O lucro líquido da empresa de energia Light quadruplicou no quarto trimestre sobre o ano anterior, totalizando R$ 520,1 milhões, informou a companhia na noite de sexta-feira. Segundo o BTG, os números parecem fortes, mas na verdade trazem efeitos não-recorrentes, o que na prática os coloca abaixo do esperado. Já o UBS elevou a recomendação dos papéis da companhia para compra, mas reduziu o preço-alvo de R$ 22 para R$ 17 por ação. 

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Via Varejo (VVAR11, R$ 16,32, -2,22%)
As ações da Via Varejo caem hoje após o Credit Suisse cortar o preço-alvo de suas units, de R$ 29 para R$ 26, embora tenha mantido a recomendação em outperform (desempenho acima da média). O banco aponta que a companhia deve enfrentar desafios no médio prazo apesar da posição de liderança e sólido balanço. 

Exportadoras
As ações das empresas com perfil exportador sobem nesta sessão diante da disparada do dólar. Destaque para as ações da fabricante de aeronaves Embraer (EMBR3, R$ 25,60, +1,47%), as siderúrgicas Usiminas (USIM5, R$ 4,53, +2,49%), CSN (CSNA3, R$ 5,07, +2,42%), Gerdau (GGBR4, R$ 10,92, +3,12%) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 11,95, +2,05%), além do frigorígico JBS (JBSS3, R$ 13,23, +0,76%). Neste momento, esses papéis figuravam entre os únicos 9 papéis que subiam hoje no Ibovespa. O índice contempla 68 ativos.

Apesar da alta, as ações da Embraer tiveram seu preço-alvo de seus ADRs (American Depositary Receipts) cortado pelo Credit Suisse, de US$ 38 para US$ 35, após fraco balanço do quarto trimestre e guidance para 2015. Já o Itaú BBA rebaixou a recomendação de outperform (desempenho acima da média) para market perform (desempenho em linha com a média). 

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Sobre a Suzano, aparece no radar da companhia a notícia de que pretende captar R$ 500 milhões em CRA (Certificados de Recebíveis de Agronegócio), segundo o Valor. A oferta dos títulos, emitidos pela securitizadora Octante, será coordenada pelo banco Votorantim. 

Fibria (FIBR3, R$ 38,61, -3,16%)
Foge ao movimento das exportadoras as ações da Fibria, maior produtora mundial de celulose de eucalipto. A companhia é penalizada hoje por notícia de que terá que pagar uma multa de R$ 2 bilhões por conta de uma transação de troca de ativos com a International Paper, ocorrida em 2007, segundo informou a coluna Radar, da Veja.  

Além disso, a companhia teve seu preço-alvo cortado pelo Bradesco, de R$ 41 para R$ 39, considerando os resultados, as novas premissas macroeconômicas e o atual cenário do preço da celulose. A recomendação foi rebaixada de compra para manutenção. 

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Minerva (BEEF3, R$ 7,57, -7,12%)
Outra ação com perfil exportador que destoa do movimento das restantes e é penalizada na Bolsa hoje é a Minerva. Esse é o terceiro pregão seguido de baixa dos papéis, acumulando no período 15,4%. Os papéis caem desde a divulgação do resultado do quarto trimestre. O Bank of America Merrill Lynch cortou o preço-alvo dos papéis da ação nesta segunda-feira de R$ 12,50 para R$ 12, mas manteve recomendação de compra.   

Gol (GOLL4, R$ 8,78, -3,73%)
As ações da Gol caem penalizadas pela disparada do dólar, já que boa parte dos seus custos estão atrelados à moeda americana. Esse é o quarto pregão seguido de queda. Desde o fechamento do dia 6 de janeiro, as ações da companhia caíram 42,4%.

BTG Pactual (BBTG11, R$ 25,22, -1,48%)
As ações do banco BTG operam com fortes quedas hoje, vivendo seu oitavo pregão seguido de perdas, sendo esta sua maior sequência histórica de desvalorização. Desde o dia 25 de fevereiro, quando divulgou seu resultado para o quarto trimestre de 2014 e para o acumulado do ano, os ativos já acumulam perdas de 10%. A companhia reportou lucro líquido de R$ 848 milhões para o quarto trimestre do ano passado, frente R$ 768 milhões no mesmo período do ano anterior.