3 coisas que Donald Trump e o braço direito de Warren Buffett pensam em comum

David Clark, "especialista" em Warren Buffet, aponta em que pontos as propostas para economia de Donald Trump se aproximam das ideias de Charkue Munger

Mário Braga

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SÃO PAULO – Charles Munger é um bilionário discreto, que mora no seu apartamento de classe média alta dos anos 1970, não tem carrão e voa de classe executiva. Braço direito de Warrent Buffett – o maior investidor do mundo -, Munger tem 92 anos e é conhecido pelas frases de efeito e pela vida moderada. Então, o que ele poderia ter em comum com o extravagante e controverso presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump?

Além do fato de serem republicanos e das contas multimilionárias, o pensamento econômico dos dois se aproxima em pelo menos três pontos importantes. Quem destaca isso é David Clark, que já escreveu diversos livros sobre Buffett e está preparando um sobre Munger para ser lançado em janeiro. Em uma coluna publicada no MarketWatch, o “especialista em Buffett” mostra essas três semelhanças:

1) Livre mercado, mas não tão livre assim
As propostas protecionistas de Donald Trump espalharam temores de que o fluxo de comércio global cairá nos próximos anos e que os Estados Unidos podem rumar para uma guerra comercial com a China. A promessa de campanha de rasgar o TPP (Parceria Transpacífico) costurado por Barack Obama e taxar produtos chineses e mexicanos reflete a visão de que os norte-americanos estão perdendo empregos e recursos para outros países como resultado da globalização.

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Esta é apenas mais uma proposta polêmica de Trump criticada por muitos economistas, mas que vai na mesma linha do alerta que Munger fez em uma palestra a universitários em 2004. O empresário alertou sobre os “perigos” de se exportar tecnologia e empregos norte-americanos para a Ásia, “enfraquecendo os Estados Unidos e tornando a China mais forte”.

2) (Des)regulação financeira
A falta de regulamentação de Wall Street é apontada como uma das causas da crise financeira de 2008. O afrouxamento promovido por Bill Clinton em 1999 nas regras que vigoravam desde o crash da Bolsa de Nova York, na década de 1930, é alvo de críticas tanto de Trump como de Munger.

Trump prometeu a seus eleitores “ressuscitar” a Lei Glass-Steagall, de 1933, que impõe limites à atuação dos banqueiros de Wall Street. A legislação basicamente separava bancos comerciais dos de investimento, com o objetivo de evitar que os recursos de correntistas e poupadores fossem utilizados em aplicações de risco elevado pelas instituições financeiras.

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Após a crise de 2008, o Congresso norte-americano se viu forçado a impor limites novamente ao mercado financeiro. Munger, porém, considera que as leis aprovadas são muito fracas para evitar um novo colapso no mercado de derivativos, que gira US$ 1,2 quatrilhões e poderia levar a uma nova crise financeira global. Por isso, o parceiro de Buffet apoia um aperto nas regras de Wall Street, em uma “nova versão” da Lei Glass-Steagall, como propõe Trump. “O mundo seria melhor se o JPMorgan não tocasse um cassino em paralelo a negócios legítimos”, resumiu Munger.

3) Menos impostos – para as empresas
Um dos pilares da política econômica apresentada por Trump para reaquecer a economia e criar empregos nos Estados Unidos é a significativa diminuição de impostos corporativos. A lógica é que uma carga tributária mais baixa pode impedir que empresas migrem para outros países para pagar menos impostos e levem embora também emprego, renda – e arrecadação federal sobre altos salários de executivos.

Um dos argumentos do presidente eleito neste ponto é exatamente um exemplo que Munger gosta de citar: o caso de Cingapura. O bilionário de Nebraska define como “milagre” a atração de empresas estrangeiras por meio dos baixos impostos corporativos, que tornaram a economia da pequena ilha do sudeste asiático, de pouco mais de 700km² e 5 milhões de habitantes, uma das mais relevantes da Ásia.