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SÃO PAULO — O ano passado foi um pesadelo para algumas delas, mas para 2021 há uma expectativa de uma volta por cima das commodities no cenário global. Pelo menos é o que dizem analistas, que apostam suas fichas na retomada dos preços diante do cenário de maior demanda e menor oferta.
Um levantamento da gestora Crescat Capital apontou que a relação entre as commodities e o mercado de ações globais está em seu menor nível desde a década de 1970 (veja o quadro abaixo) — e, na visão do gestor Otávio Costa, o início de uma trajetória ascendente é iminente.
“Há oportunidades na área de commodities. A gente achou que o início desse movimento seria principalmente nos metais preciosos e mineradoras. No gráfico, vimos recentemente as commodities começando a quebrar uma resistência de 12 anos”, disse.
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O gestor da Crescat afirmou que será um “ponto de inflexão” para o mercado. “Vai mudar bastante as coisas, principalmente as ações com valorização absurda como as do setor de tecnologia, por exemplo. As commodities continuam sendo a bola da vez este ano. Um movimento que começou no fim do ano passado.”
Em 2020, a pandemia de coronavírus reduziu a produção de metais preciosos diante da queda da demanda global. Com isso, houve uma redução dos estoques e um posterior aumento de preços, que segundo analistas deve se manter nos próximos anos já que a demanda vai voltar rapidamente conforme as pessoas forem vacinadas contra a Covid-19 e o ritmo de aumento de produção é mais lento que isso.
O preço do ouro negociado na B3 subiu cerca de 56% em 2020 (veja o ranking das aplicações financeiras no ano passado), enquanto isso o da prata subiu em torno de 45% no mesmo período. Já o barril de petróleo Brent, negociado em Londres, caiu 24%, enquanto o petróleo WTI, cotado em Nova York, cedeu em torno de 21% no período.
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Os contratos futuros de petróleo chegaram a ter preço negativo nos Estados Unidos ao longo do ano — conforme os produtores praticamente pagavam para não terem que estocar mais commodity. Vale lembrar que a demanda global por petróleo afundou no auge da pandemia, em meados de março e abril de 2020, conforme as medidas de restrição de circulação de pessoas foram adotadas no mundo todo, causando cancelamento de voos e fechamento de fronteiras.
“O petróleo pode ser um dos melhores ativos do ano em investimentos”, disse Costa. “O que a gente viu em 1919 depois da Peste Negra foi também um problema em que as commodities se tornaram praticamente uma raridade. Houve uma força inflacionária por causa do aumento nos preços das commodities”, completou.
“Com essa liderança democrata nos Estados Unidos isso deve dar ainda mais suporte para o mercado de commodities. (…) A demanda por commodities vai voltar com a oferta restrita. Isso vai causar uma explosão nos preços, principalmente metais preciosos e petróleo. A gente viu ouro subindo já, prata subindo também, mas a gente ainda não viu o petróleo subindo ainda. Vai acontecer”, concluiu.
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Luiz Eduardo Portella, sócio da Novus Capital, acredita que o mundo pode entrar num ciclo de alta de commodities e emergentes, como vimos entre 2001 até 2009. “Nos últimos dez anos, tivemos só Bolsas americanas outperformando e os emergentes patinaram nesse período. Vemos uma inversão dessa tendência agora nos próximos anos”, disse.
“Essa crise da Covid fez com que o excesso de capacidade que tinha em alguns mercados zerasse. Todo mundo vai ter que recompor os estoques, iniciar um ciclo de produção industrial forte no mundo que vai durar ainda bastante tempo. Com a introdução da vacina, o setor de serviços, que puxou muito a atividade para baixo, vai voltar a andar”, avaliou.
Portella ponderou, no entanto, o risco político. Ele citou a votação para presidência da Câmara e que ambos os candidatos são reformistas. “Até as próximas eleições em 2022, estamos tranquilos com o teto. Fazendo reformas, a gente consegue surfar essa onda positiva global. Podemos fechar o ano de 2021 com o Ibovespa acima dos 140 mil”, finalizou.
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Na visão de Felipe Taylor, gestor de ações da MAG Investimentos, em 2021 vai haver uma troca de liderança importante nos setores que puxaram as economias, conforme a população global vai sendo vacinada e a vida vai voltando “ao normal”, criando espaço para crescimento de lucros de empresas que estão mais expostas à retomada econômica.
“Em 2020, quem cresceu foram os negócios que conseguiram desempenhar bem mesmo na crise, como o setor de tecnologia, que se beneficiou de mais pessoas ficando em casa e trabalhando de casa. As empresas de tecnologia, de internet, que foram destaque em 2020, não têm valuations que gerem desconforto, devem continuar performando bem, mas não devem voltar a ser destaque em 2021”, disse.
“Esse papel deve ficar com as empresas de commodities de maneira geral, o setor petroleiro, que foi uma indústria que apanhou bastante no ano passado, e tudo relacionado a turismo, como empresas aéreas. Vão entregar nos próximos dois anos crescimento de lucro expressivo, especialmente porque a base de comparação ficou baixa”, completou.
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No acumulado de 2021, até o momento, o barril de petróleo Brent já subiu 10,5% em Londres, enquanto o barril WTI registra alta de 10,3% em Nova York.
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