Retrospectiva 2020: confira quais foram as melhores aplicações financeiras do brasileiro neste ano atípico

Investimentos globais guiados pelas gigantes de tecnologia e o dólar despontam na frente, mas renda fixa também trouxe ganhos bem acima do CDI

Lucas Bombana

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SÃO PAULO – O ano de 2020 vai ficar marcado por uma combinação de dias de forte estresse nos mercados, diante de todas as incertezas trazidas pela pandemia, com outros de empolgação latente dos investidores, empolgados com a liquidez abundante, os juros baixos e as notícias relacionadas à vacina.

Nesse ambiente, os investimentos globais, notadamente nas empresas de tecnologia que mais se apropriaram do aumento forçado dos hábitos digitais, bem como o dólar e o ouro, os principais porto-seguros em momentos de crise, foram os grandes catalisadores da demanda dos investidores, seja na paúra, seja na euforia.

E, consequentemente, também as maiores rentabilidades entre as principais alternativas no cardápio à disposição do investidor brasileiro neste atípico ano que se encerra na quinta-feira.

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A Nasdaq, bolsa americana onde são negociadas as ações das maiores empresas de tecnologia do planeta, por exemplo, encerrou 2020 nas máximas históricas, com uma valorização da ordem de 43,64%, segundo dados da Economatica, até 31 de dezembro.

Já a moeda norte-americana teve uma alta de 29,22% no intervalo, o que contribui para a valorização de 55,93% do ouro no mercado local, que embute os ganhos tanto do metal precioso quanto do câmbio.

“Os investimentos internacionais com exposição cambial foram, sem dúvida, o grande destaque do ano”, diz Marcos De Callis, estrategista da Hieron Patrimônio Familiar e Investimento.

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Ele alerta, contudo, que o investidor deve se atentar e saber diferenciar bem a rentabilidade que vem da estratégia global em ações ou renda fixa, daquela oriunda do câmbio.

Apesar da volatilidade recente do dólar, a diversificação não apenas em classes de ativos, mas também em diferentes moedas é sempre importante para quem busca uma carteira com boa relação entre risco e retorno, afirma Renato Iversson, da gestora de patrimônio Taler.

“Todo investidor deveria ter alguma diversificação em outras moedas, mas o tamanho dessa parcela depende do perfil de risco de cada um”, diz o especialista.

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Já na Hieron, após a alocação global sem hedge cambial ter representado a melhor alternativa dos últimos meses, De Callis passou a recomendar mais recentemente aos clientes que façam sim a internacionalização de um pedaço do portfólio, mas com a proteção contra a variação da moeda americana neste momento.

Isso porque a expectativa na gestora de patrimônio é de valorização do real e de outras moedas de mercados emergentes e desenvolvidos contra o dólar nos próximos meses.

Paulo Corchaki, CEO e fundador da Trafalgar Investimentos, lembra ainda que 2020 foi marcado por um aumento expressivo na oferta de produtos locais que permitem ao brasileiro investir em bolsas dos Estados Unidos, da Europa e da Ásia, sem a necessidade de mandar o dinheiro para o exterior. “Hoje o mercado internacional está muito mais acessível ao investidor”, afirma.

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Ainda entre as maiores rentabilidades de 2020, embora mais restrito ao investidor com estômago para altas doses de volatilidade, impossível não citar também a valorização dos criptoativos.

O mais conhecido deles, o Bitcoin valorizou cerca de 305% nos 12 meses do ano pandêmico, até o dia 31 de dezembro, em dólar.

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Mesmo diante de um interesse crescente dos investidores, em um mundo de juros baixos e alta gradual da inflação, os especialistas afirmam que as criptomoedas ainda carecem de um amadurecimento maior antes de começar a fazer parte das carteiras recomendadas.

Retornos diferenciados

No universo dos ativos brasileiros, embora a taxa básica de juros tenha alcançado a mínima histórica de 2% ao ano, bem abaixo da inflação de 4,39% projetada para 2020 pelo mercado no mais recente relatório Focus, o investidor que procurou aumentar o nível de risco na classe da renda fixa vai colher retornos bem mais polpudos, assinala Iversson, da Taler.

É o caso, por exemplo, de índices de mercado como o IRF-M e o IMA-B, da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), que subiram cerca de 6% no acumulado do ano.

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“O corte dos juros pelo Banco Central (BC) derrubou as taxas nos trechos mais curtos da curva de juros, mas nos mais longos, acima de 10 anos, os prêmios subiram”, observa De Callis, em referência ao risco fiscal que fez o investidor aumentar a fatura para comprar os títulos públicos.

E mesmo no caso da Bolsa brasileira, que encerrou o ano com alta de 2,92%, pouco acima dos 2,76% do CDI, a dispersão entre as rentabilidades das ações também foi bastante significativa, afirma o estrategista da Hieron.

“O kit ‘fique em casa’, formado principalmente pelas empresas de e-commerce, foi o grande destaque do ano na renda variável”, diz De Callis, que cita, como exemplo, a alta acima de 100% das ações do Magazine Luiza.

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Iversson, da Taler, lembra que, embora o retorno do Ibovespa no fechamento do ano não seja destacado, se considerada a recuperação desde o tombo de março, turbinada nos últimos meses pelas perspectivas de retomada em 2021, a contribuição para as carteiras dos investidores foi bastante relevante.

“O Ibovespa chegou a ficar quase 50% negativo, e vai fechar o ano no positivo”, afirma o especialista. “Por isso, a recuperação da Bolsa também foi um grande destaque de 2020.”

Em um ano atípico como o que se encerra agora, fatos atípicos também ocorreram, lembra Corchaki. “Os investidores enxergaram o pior momento do ano, em meados de março, como uma oportunidade, dada a magnitude e a velocidade da queda da Bolsa”, diz o CEO da Trafalgar. “No fechamento do ano, a rentabilidade do Ibovespa está próxima à do CDI, mas ao longo do caminho boas oportunidades surgiram.”

Corchaki diz ainda que, além do varejo digital, papéis ligados a commodities metálicas, como Vale e CSN, também se beneficiaram, em um segundo momento, da recuperação no nível da atividade acelerada pelos estímulos fiscais e monetários.

Além da performance destacada de alguns setores específicos, Alexandre Hishi, responsável pela gestão de investimentos da Azimut Brasil Wealth Management, lembra que os juros baixos e a liquidez farta ajudaram também o próprio desenvolvimento do mercado de capitais local, com uma série de novas empresas brasileiras com ações à disposição do investidor.

“Apesar de a pandemia ter trazido efeitos muito negativos, ela trouxe também algumas oportunidades, e quem soube aproveitar conseguiu ter um bom ano.”

Até mesmo por conta da retomada exuberante das ações, e em menor medida também das estratégias de renda fixa, alguns multimercados conseguiram se destacar, embora os retornos na classe tenham sido bastante dispersos, observa Iversson, da Taler.

O IHFA, índice de hedge funds da Anbima, caminha para fechar o ano com ganhos da ordem de 5%, o que De Callis considera um resultado razoável frente ao retorno do CDI, e ao cenário desafiador enfrentado pelos gestores no ano.

Já na ponta negativa, os fundos imobiliários aparecem como o principal destaque – o Ifix acumula desvalorização de 10,24% em 2020, até o dia 30 de dezembro.

O resultado, explicam os especialistas, se deve à concentração setorial em shoppings e lajes corporativas, dois dos nichos mais penalizados pelo distanciamento social, apenas parcialmente compensada pelos fundos que investem em galpões logísticos.

Confira a seguir a rentabilidade dos principais ativos do mercado financeiro à disposição do investidor local, com dados da Economatica e da Refinitiv atualizados até 31 de dezembro.

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