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SÃO PAULO – Após revelar um resultado trimestral avaliado por analistas como decepcionante, as ações da Gafisa (GFSA3) despencaram no pregão desta segunda-feira (2). Os papéis da construtora recuaram 4,19%, aos R$ 4,12, a segunda maior baixa do dia. Na mínima do intraday, chegaram a cair 8,60% (R$ 3,93). Já o Ibovespa terminou esta sessão com uma alta de 1,09%.
Esta é a quinta sessão consecutiva na qual a ação registra desvalorização. Em apenas um dos 14 dias anteriores o ativo observou avanço – a queda nesse período chega a 23%. O volume financeiro também se mostrou incomum. Até o fim da jornada, foram movimentados R$ 99,40 milhões com GFSA3, sendo que a média dos 21 últimos pregões é de R$ 43,98 milhões.
Resultado
A Gafisa reportou na noite de domingo os números não-auditados, o que levou a empresa a adiar a divulgação oficial para até 9 de abril. Em 2011, a companhia amargou um prejuízo de R$ 1,09 bilhão, contra ganhos de R$ 416,05 milhões no ano anterior.
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Conforme analistas do Itaú BBA e do Banif Securities, os ajustes bem acima do esperado realizados pela empresa foram o fator determinante para o resultado negativo. Segundo os analistas David Lawant, Enrico Trotta e Vivian Salomon, do Itaú, a metade dos ajustes reflete a mudança estratégica da empresa e a outra metade do reconhecimento de custos. Assim, cerca de 6% do montante é irrecuperável, afirmam.
Apesar disso, os analistas do Itaú BBA reiteraram a recomendação de market-perform (performance em linha com o mercado), tendo em vista que a relação entre o preço da ação e o valor contábil da empresa é de 0,7 vez, contra a média de 1,1 vez de seus pares, o que sinaliza que a ação está barata.
Ajustes
O principal ajuste decorreu do reajuste do orçamento nos custos de construção, que totalizou R$ 587 milhões e tiveram um impacto negativo de R$ 440,9 milhões no quarto trimestre, segundo revelou a empresa. Além disso, quatro mil clientes se tornaram desqualificados para financiamento imobiliário, em unidades que estavam em média 70% executadas e com recebimento de somente 6%, ressalta a equipe do Banif.
“As unidades retornam ao estoque e serão revendidas em prazo adequado e com preços condizentes com seus valores originais”, declara a Gafisa em comunicado. Já as provisões para futuros distratos – quebra de contrato – equivalem a oito mil unidades. Outro ponto que chamou a atenção foram os ajustes provenientes da desvalorização dos terrenos em função da mudança do foco para mercados estratégicos.
Confira os ajustes realizados pela Gafisa no quarto trimestre de 2011:
Ajuste | Valor | Gafisa | Tenda |
---|---|---|---|
Orçamento de custo de construção | R$ 587 milhões | R$ 231 milhões | R$ 356 milhões |
Clientes desqualificados para financiamento | R$ 91,2 milhões | – | – |
Provisão para futuros distratos | R$ 80,0 milhões | – | – |
Provisão para devedores duvidosos | R$ 87,3 milhões | – | – |
Desvalorização de terrenos | R$ 95,8 milhões | R$ 37,9 milhões | R$ 57,9 milhões |
Custo irrecuperável | R$ 25,5 milhões | R$ 14,9 milhões | R$ 10,6 milhões |
Multa por atrasos em projetos | R$ 51,2 milhões | R$ 12,7 milhões | R$ 38,5 milhões |
Cancelamentos de projetos | R$ 17,4 milhões | – | R$ 17,4 milhões |