XP corta projeções de crescimento e vê PIB zero em 2022 com cenário mais desafiador

Projeções já incorporam aperto da política monetária, elevação das incertezas sobre o quadro fiscal e ambiente político doméstico

Mariana Zonta d'Ávila

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O ambiente doméstico mais desafiador, marcado pela forte alta da inflação, taxa básica de juros mais elevada e desaceleração econômica levou a XP Investimentos a cortar suas projeções para o crescimento da economia brasileira neste e no próximo ano.

Com sinais de uma economia mais fraca do que o esperado, a casa cortou a estimativa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) para 2021, de 5,0% para 4,5%. Segundo a XP, a expansão do nível de emprego e a retomada do setor de serviços ainda sinalizam para algum crescimento do PIB no quarto trimestre deste ano.

Já para 2022, as projeções para o crescimento da atividade brasileira foram reduzidas de 0,8% para 0%, devido principalmente ao menor carrego estatístico deste ano.

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“Nossas projeções já incorporam os efeitos (defasados) contracionistas do aperto da política monetária, a elevação das incertezas sobre o quadro fiscal e o ambiente político, além de um ritmo mais moderado de crescimento da economia global”, escrevem os economistas da XP, em relatório.

O movimento acontece após uma sequência de dados econômicos abaixo do esperado. Ontem (2), o Produto Interno Bruto (PIB) mostrou contração de 0,1% no terceiro trimestre de 2021 na comparação com o segundo trimestre. A expectativa de economistas consultados pelo consenso Refinitiv era de estagnação em relação ao segundo trimestre.

Na comparação anual, a economia cresceu 4%, abaixo da alta de 4,2% esperada.

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Já nesta sexta (3), a produção industrial frustrou expectativas ao apresentar queda de 0,6% em outubro na base mensal, quando economistas esperavam alta de até 0,8%.

Economistas têm frequentemente revisado para baixo suas estimativas para o PIB neste e no próximo ano. De acordo com o relatório Focus, do Banco Central, mais recente, o PIB deve ter expansão de 4,78, em 2021, e de 0,58%, em 2022.

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Segundo a XP, as pressões que levaram a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acima de 10% em 2021 vão continuar, em menor escala, em 2022.

“Juros em alta e acomodação dos preços de energia ajudam na desinflação. Ainda assim, projetamos a inflação do IPCA em 5,2% em 2022, acima do teto do intervalo da meta”, escreve o time.

Com relação à política monetária, a XP avalia que o Banco Central deve manter o ritmo de alta de juros por mais tempo. A casa ajustou a projeção de Selic ao final do ciclo (em março de 2022) de 11,0% para 11,5%. “Com a desaceleração da economia, entendemos que haverá espaço para corte de 0,5 ponto ainda em 2022.”

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