Solução da pandemia deve começar com tratamentos terapêuticos e não vacina, diz Gates

O bilionário acredita que uma vacina 100% eficiente contra o novo coronavírus não será produzida em breve

Pablo Santana

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SÃO PAULO – Um dos principais nomes mundiais no combate ao novo coronavírus, Bill Gates, fundador da Microsoft e cofundador da Gates Foundation, disse que está confiante de que os Estados Unidos vão encontrar uma vacina que dê um fim à pandemia, mas criticou o sistema de testagem feito pelo país.

Para o bilionário, países como Austrália e Coréia do Sul foram mais eficientes do que os EUA realizando testes massivos de coronavírus no início da pandemia.

Um dos projetos de pesquisa financiados pela sua instituição, o Seattle Flu Study, descobriu que os primeiros casos de Covid-19 nos Estados Unidos surgiram em janeiro e fevereiro, semanas antes de as autoridades federais reconhecerem a disseminação do vírus no território americano.

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Gates diz que os resultados dos testes de coronavírus no país levam dias ou semanas para ficar prontos – o que significa que os pacientes podem infectar outras pessoas sem querer e aumentar exponencialmente o número de casos em suas comunidades durante esse período.

“Esse sistema de teste seria a primeira coisa que eu consertaria se estivesse no comando das ações. O mais triste hoje é que a maioria dos testes são absolutamente inúteis, porque os resultados não retornam em 24 horas”, afirmou em entrevista ao site Business Insider.

Mesmo com a demora e ineficiência em criar ações para conter o avanço do coronavírus, o empresário ressaltou que o esforço americano de financiamento e desenvolvimento das pesquisa de vacinas é o grande acerto do país.

Atualmente existem mais de 160 possíveis vacinas sendo desenvolvidas em todo todo mundo e os Estados Unidos possuem duas candidatas que estão entre os testes mais avançados: a Moderna e Pfizer.

Apesar dos avanços, Bill Gates não espera que uma vacina altamente eficaz contra o coronavírus esteja pronta em breve. “É muito mais fácil testar uma terapêutica do que uma vacina cujo efeito é de 100% no bloqueio da transmissão”.

Seu melhor palpite é que haverá três tipos diferentes de tratamentos terapêuticos disponíveis para pacientes com coronavírus em alguns meses. “Não é exatamente um motivo para anunciar o fim da pandemia, mas é um começo. E isso não permite que você vá a eventos esportivos ou fique nos bares. É preciso obter imunidade do rebanho [através da vacinação] antes de realmente fazer isso”, pontuou.

União

Gates vê esse espírito agressivo de pesquisa competitiva como uma vitória e está confiante de que em breve uma vacina será produzida. Porém, ele diz que as vacinas nunca acabarão com a pandemia se não forem compartilhadas com o mundo.

“Graças a Deus, temos muitas vacinas. Mas o mundo está olhando para os EUA e dizendo: ‘Ok, por que vocês estão financiando toda essa [pesquisa e desenvolvimento] para seu próprio uso? Vocês se preocupam com mais alguém ou estão criando um vácuo de liderança aqui?’ Sem os EUA, a coalizão para acabar com a doença no mundo não avança”.

O empresário está pressionando o Congresso americano para que sejam direcionados mais recursos ao combate à pandemia e ao financiamento das vacinas.

Um projeto republicano em discussão está estudando o envio de US$ 3 bilhões para as pesquisas globais das vacinas. Para ele, o valor destinado deve ser de, no mínimo, US$ 8 bilhões, sendo metade do dinheiro destinado às vacinas e a outra metade para compra de testes e outros tratamentos.

O empresário e filantropo já havia dito anteriormente que o aumento do nacionalismo dificulta o desenvolvimento de ações de combate ao coronavírus e voltou a criticar essa posição de líderes mundiais, principalmente o presidente Trump, ao qual se referiu como presidente de guerra durante a pandemia de coronavírus. “A coisa do faça sozinho, seja como indivíduo ou como país, me preocupa. Essa luta é coletiva”, disse.

Apesar disso, Gates está otimista de que podemos evitar que a próxima pandemia dure por tanto tempo. Ele acredita que as ferramentas de diagnóstico criadas para o coronavírus podem um dia ajudar nas pesquisas de outras doenças ainda sem cura, como HIV, a malária ou gripes sazonais. “Inovação e generosidade combinadas nos tirarão disso”, concluiu.

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Pablo Santana

Repórter do InfoMoney. Cobre tecnologia, finanças pessoais, carreiras e negócios