Shows de Taylor Swift contribuíram com o setor de serviços em novembro

Rodrigo Lobo, responsável pela pesquisa do IBGE, destacou que shows movimentam a economia e trazem reflexo em hotelaria, passagens aéreas e transporte de pessoas

Roberto de Lira

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Os grandes shows realizados no Brasil, em especial a presença da cantora pop Taylor Swift nos país, contribuíram para uma momentânea recuperação do setor de serviços em novembro, após três meses de queda. O indicador geral cresceu 0,4% ante outubro, segundo o IBGE.

A avaliação dos economistas é que o retorno do comportamento positivo no setor de serviços em novembro surpreendeu positivamente, mas isso pode ser insuficiente para apontar uma reversão da tendência de acomodação. A projeção ainda é que o segmento apresente queda no último trimestre de 2023.

Essa não foi a primeira vez que a atividade gerada pela realização da turnê “The Eras Tour” da cantora foi citada em pesquisas econômicas. Em julho, o nome de Taylor Swift foi citado em comentários do Livro Bege, divulgado pelo Fed da Filadelfia, cidade que tinha abrigado os shows em maio.

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“Os shows da Taylor Swift tiveram reflexo sobre as cidades, bares, hotéis e restaurantes. Shows movimentam a economia e trazem reflexo em hotelaria, passagens aéreas, transporte de pessoas. Há um aumento de receita que vai para além da empresa organizadora”, disse em entrevista Rodrigo Lobo, responsável pela pesquisa do IBGE.

Igor Cadilhac, economista do PicPay, também citou em sua análise que os shows musicais foram fatores pontuais que ajudaram a reduzir o impacto das quedas em transportes (-1,0%) e nos serviços de informação e comunicação (-0,1%), que são as atividades de maior peso e que confirmam uma fragilidade estrutural do setor.

“Em novembro, houve uma procura elevada por alojamento, alimentação e outros serviços devido aos shows da Taylor Swift e Rebelde.”

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Mas essa ligeira recuperação “não muda a percepção de fraqueza do setor de serviços no quarto trimestre”, analisa Carlos Lopes, economista do banco BV. A projeção dele é que o setor tenha enfrentado uma queda próxima de 1% no último trimestre do ano passado.

Para ele, esse final de 2023 e começo de 2024, parece ser o pior momento para os serviços. Ele estima um crescimento de 2,0% no ano, o que vai representar uma desaceleração ante os 2,2% projetados para 2023. Mas mesmo com essa previsão menor, ele alerta que será preciso acelerar o ritmo nos próximos meses.

O Itaú também prevê uma queda no 4º trimestre, citando um carrego estatístico de -0,9% no período.

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O banco destaca em relatório que os serviços prestados às famílias, em especial, têm mostrado muita volatilidade nos últimos meses e que o indicador diário de atividade econômica do banco (IDAT-Atividade) aponta para uma desaceleração nesse tipo de serviços.

A análise sobre o momento dessa classe de atividade pelo C6 Bank é parecida. O banco citou que a alta de 2,2% no volume de serviços prestados às família no mês praticamente toda a queda registrada em outubro. Mas o segmento ainda se encontra 2,4% abaixo do patamar pré-pandemia.

Assim, apesar do número positivo de serviços em novembro, a estimativa do C6 Bank é que o PIB brasileiro deve ter apresentado uma pequena contração no quarto trimestre de 2023 e encerrado o ano em torno de 3%. “Para 2024, projetamos um crescimento de 1,5% para a economia brasileira”, escreveu Felipe Salles, economista chefe do banco. (Com Reuters)