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Reino Unido volta atrás e abandona corte de impostos para mais ricos

Plano fiscal foi lançado em 23 de setembro e foi mal recebido pelo mercado e pela classe política; libra tem sido castigada pela decisão

Roberto de Lira

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O ministro das Finanças do Reino Unido, Kwasi Kwarteng, anunciou hoje que o governo britânico desistiu de um dos mais polêmicos pontos do pacote de cortes de impostos divulgado no último dia 23 de setembro. Foi abandonada a ideia de abolir a taxa de 45% para as pessoas mais ricas do país, que ganham acima de 150 mil libras por ano (cerca de R$ 910 mil).

O pacote de Kwarteng tem sido castigado pelo mercado financeiro desde seu anúncio e tem recebido críticas até do Partido Conservador.

A libra atingiu mínimas históricas na semana passada, o que obrigou o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês a lançar um programa emergencial de compras temporárias de bônus do governo britânico – os chamados Gilts – de longo prazo.

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A eliminação da taxa máxima de imposto para o mais ricos significava de 2 bilhões de libras dos 45 bilhões de libras em cortes de impostos anunciados pelo chanceler no chamado mini-orçamento.

Outras medidas anunciadas incluem um corte na alíquota básica do imposto de renda para 19%, uma reversão do recente aumento do Seguro Nacional e a eliminação do teto dos bônus dos banqueiros.

A primeira-ministra Liz Truss, que até ontem defendia a manutenção da medida, comunicou nesta manhã que a abolição da taxa havia se tornado “uma distração de nossa missão de fazer a Grã-Bretanha se mover”.

“Nosso foco agora é construir uma economia de alto crescimento que financie serviços públicos de classe mundial, aumente os salários e crie oportunidades em todo o país.”

Já Kwarteng disse à BBC que a proposta estava “afogando um pacote forte”, que inclui apoio às contas de energia e cortes na alíquota básica do imposto de renda e do imposto sobre as empresas.

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Questionado se ele devia um pedido de desculpas às pessoas, ele disse: “Nós ouvimos as pessoas. E sim, há humildade e contrição nisso. E estou feliz por isso”. Questionado se ele havia considerado renunciar, ele disse: “Nem um pouco”.