Pedro Castillo é destituído da presidência do Peru em votação do Congresso

Mais cedo, ele anunciou que fecharia o parlamento, mas congressistas mantiveram a votação; vários ministros renunciaram aos seus cargos

Roberto de Lira

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O presidente do Peru, Pedro Castilho, está ficando cada vez mais isolado em sua decisão de fechar o Congresso e passar a governar a partir de decretos. Mesmo após o anúncio do pretenso golpe de estado, os congressistas anteciparam a votação do impeachment marcada para esta tarde e votaram pela sua destituição do poder, com 101 votos a favor.

Segundo o jornalista Rodrigo Cruz, do jornal El Comercio, Castillo foi detido pela Segurança do Estado e atualmente está sendo mantido no prédio da prefeitura de Lima. A vice-presidente Dina Boluarte deve assumir a presidência ainda hoje.

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Antes disso, tanto as Forças Armadas quanto a Polícia Nacional do Peru (PNP) emitiram nota oficial conjunta ratificando seu respeito pela ordem constitucional. Segundo a nota, qualquer ato contrário ao artigo 134 da Constituição constitui uma grave infração e não será acatado pelos militares e a PNP.

https://twitter.com/PoliciaPeru/status/1600575020736061440

A própria equipe de Castillo foi contra sua decisão. Nas últimas horas os ministros de várias pastas anunciaram suas renúncias aos cargos, como titular da Economia, Kurt Burneo, dos Transportes e Comunicações, Richard Tineo e do Ambiente, Wilbert Rozas. O representante do Peru nas Nações Unidas, Manuel Rodríguez Cuadros, também apresentou sua renúncia irrevogável “devido ao golpe de estado produzido no Peru”.

Até o advogado de Castillo no processo de impeachment, Benji Espinoza Ramos, disse se ver na obrigação de renunciar à defesa do presidente, por ter havido “uma ruptura da ordem constitucional”.

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Golpe de estado

Castillo anunciou em mensagem à nação que decidiu fechar o Congresso da República e montar um “governo de exceção”. O anúncio ocorreu poucas horas antes de o Parlamento começar mais uma moção de impeachment contra ele, em meio a graves acusações.

Ele prometeu “convocar no mais curto prazo eleições para um novo Congresso com poderes constituintes para preparar uma nova Constituição em um período não superior a nove meses. A partir dessa data e até que se estabeleça o novo Congresso, será regido por decreto-lei”, disse Castillo ao anunciar a quebrar da ordem constitucional.

Castilho disse que tomou a decisão “atendendo à reivindicação cidadã em todo o país” e que o governo de emergência visa “a instauração do Estado de direito e da democracia”.

O presidente também decretou toque de recolher nacional a partir de hoje, das 22h às 4h. Declarou também a reorganização do sistema de justiça: Judiciário, Ministério Público, Conselho Nacional de Justiça, Tribunal Constitucional.

Além disso, afirmou que todos aqueles que possuem armas ilegais devem entregá-las à Polícia Nacional no prazo de 72 horas. “Quem não o fizer comete crime punível com pena de prisão que será estabelecida no decreto-lei”, afirmou.

No sábado (3), Castillo escreveu em seu Twitter que reafirmava seu compromisso com a democracia, O Estado de Direito e a Constituição. “Rejeito veementemente o fato de meu governo conspirar para fechar o Congresso para evitar uma vacância”, afirmou.

“Ao Parlamento e a todas as instituições apelo à mais ampla unidade para trabalharmos juntos por um país que precisa de nós juntos para resolver os seus grandes problemas e para o qual fomos eleitos democraticamente por um período de 5 anos”, escreveu.