PIB do Brasil cresce 0,4% no 3º trimestre de 2022, abaixo das expectativas

Dado ficou abaixo do esperado pois a expectativas em pesquisa Refinitiv era de crescimento de 0,7%; na comparação com o 2°tri de 2021 a alta foi de 3,6%.

Roberto de Lira

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O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,4% no terceiro trimestre deste ano frente ao trimestre anterior. O PIB, que é a soma dos bens e serviços finais produzidos no Brasil, chegou a R$ 2,544 trilhões em valores correntes, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (1).

Na comparação com o segundo trimestre do ano passado, o crescimento do PIB foi de 3,6%.

O número ficou abaixo do esperado. As expectativas em pesquisa Refinitiv eram de crescimento de 0,7% sobre o segundo trimestre e de 3,7% em relação ao mesmo período do ano anterior.

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Leia também: Como o PIB é calculado?

O PIB chegou ao maior patamar da série histórica, iniciada em 1996. Na comparação com o trimestre anterior, é a quinta taxa positiva do indicador.

Além de atingir o maior nível da série histórica, o PIB ficou 4,5% acima do patamar pré-pandemia, registrado no quarto trimestre de 2019. No terceiro trimestre, a variação positiva foi influenciada pelos resultados dos Serviços (1,1%) e da Indústria (0,8%), enquanto a Agropecuária recuou 0,9%.

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O IBGE revisou para baixo o crescimento do Produto Interno Bruto no segundo trimestre de 2022 sobre os três meses anteriores. A expansão da atividade no período foi de 1,0%, informou o órgão nesta quinta-feira, após ter inicialmente estimado o crescimento em 1,2%.

O IBGE também revisou o PIB do primeiro trimestre, mas nesse caso a alta foi maior (1,3%) do que o calculado preliminarmente (1,1%).

Serviços

Nos Serviços, setor que responde por cerca de 70% da economia, os destaques foram Informação e comunicação (+3,6%), com a alta dos serviços de desenvolvimento de software e internet, Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (+1,5%) e Atividades imobiliárias (+1,4%). O segmento Outras atividades de serviços (+1,4%), que representa cerca de 23% do total de serviços e inclui, por exemplo, alojamento e alimentação, também cresceu.

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“As outras atividades de serviços já vêm se recuperando há algum tempo, com a retomada de serviços presenciais que tinham demanda represada durante a pandemia”, explica em nota a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

Único segmento dos serviços que ficou no campo negativo, o Comércio variou -0,1% no terceiro trimestre. “Esse é um cenário que já vínhamos observando na Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), do IBGE. O resultado reflete a realocação do consumo das famílias dos bens para os serviços”, diz a coordenadora.

A Construção, que está entre as atividades industriais, avançou 1,1% no período.  Palis diz que essa atividade já vinha crescendo há quatro trimestres e segue aumentando, inclusive em ocupação. “Outro destaque do setor é Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (0,6%), atividade que foi beneficiada pela redução da energia termoelétrica”, afirma.

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Agropecuária

Após três trimestres com taxas positivas, a Agropecuária recuou 0,9%. “A retração é explicada pelas culturas que têm safra relevante nesse trimestre e tiveram queda de produção, como é o caso da cana-de-açúcar e de mandioca. Já no ano, o desempenho do setor é ligado aos resultados da soja, nossa principal cultura, que teve a sua produção afetada por problemas climáticos”, diz Rebeca. No acumulado do ano, o setor agropecuário caiu 1,5%.

Investimentos

Na ótica da despesa, os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) cresceram 2,8% frente ao segundo trimestre. O Consumo das Famílias aumentou 1,0%, enquanto o do Governo cresceu 1,3%.

A taxa de investimento no terceiro trimestre de 2022 foi de 19,6%, o que representa um aumento em relação à do mesmo período do ano anterior (19,4%). A taxa de poupança foi de 16,2% no terceiro trimestre de 2022, menor que os 17,2% obtidos no mesmo período de 2021

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Comparação anual

Na comparação anual, a Agropecuária cresceu 3,2% em relação ao mesmo trimestre de 2021. Além da contribuição positiva da Pecuária e do fraco desempenho da Produção Florestal, este resultado pode ser explicado, principalmente, pelo desempenho anual de produtos da lavoura que possuem safra relevante no trimestre: milho (25,7%), algodão (15,2%), café (6,7%) e laranja (4,4%). Em contrapartida, cana de açúcar (-1,1%) e mandioca (-1,3%) apontaram queda.

A Indústria registrou alta de 2,8%. Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos cresceu 11,2%, com um trimestre de bandeiras tarifárias verdes contrastando com a escassez hídrica em 2021. A Construção também se destaca crescendo 6,6%, corroborado pelo crescimento da ocupação nesse setor. O crescimento das Indústrias de transformação (1,7%) foi influenciado pelas expansões na fabricação de veículos automotores; de coque e derivados do petróleo; de químicos; e de outros equipamentos de transporte. Já as Indústrias extrativas tiveram queda de 2,6% por conta da queda na extração de minério de ferro.

O valor adicionado de Serviços subiu 4,5% frente ao mesmo período de 2021, com destaque para a alta de Outras atividades de serviços (9,8%) e Transporte, armazenagem e correio (8,8%). Cresceram também: Informação e comunicação (6,9%), Atividades imobiliárias (3,2%), Comércio (2,0%), Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (1,7%), Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (1,5%).

Pela ótica da demanda, a Despesa de Consumo das Famílias registrou crescimento de 4,6%, influenciado pela melhora nas condições do mercado de trabalho, pelos auxílios governamentais às famílias, pela desoneração fiscal e pela expansão do crédito a pessoas físicas. A Despesa de Consumo do Governo cresceu 1,0% no período. A Formação Bruta de Capital Fixo cresceu 5,0% no terceiro trimestre de 2022, justificada pelo crescimento na Construção, no desenvolvimento de softwares e na produção e importação de bens de capital.

No setor externo, as Exportações de Bens e Serviços subiram 8,1%, enquanto as Importações de Bens e Serviços subiram 10,6% no terceiro trimestre de 2022. Dentre as exportações, os destaques foram: produtos alimentícios, agropecuária, veículos automotores e serviços. Nas importações, as altas mais relevantes ocorreram em produtos químicos, derivados de petróleo, máquinas e equipamentos elétricos e serviços.

Quatro trimestres

O PIB acumulado nos quatro trimestres terminados em setembro de 2022 cresceu 3,0% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores. Essa taxa resultou do avanço no Valor Adicionado a preços básicos (3,2%) e nos Impostos sobre Produtos Líquidos de Subsídios (1,8%). O resultado do Valor Adicionado neste tipo de comparação decorreu dos seguintes desempenhos: Agropecuária (-1,3%), Indústria (0,8%) e Serviços (4,4%).

Na análise da demanda, a Despesa de Consumo das Famílias cresceu 3,7%, a Formação Bruta de Capital Fixo avançou 0,8% e a Despesa de Consumo do Governo teve alta de 2,5%. Já no âmbito do setor externo, tanto as Exportações de Bens e Serviços (3,5%) quanto as Importações de Bens e Serviços (0,4%) apresentaram taxas positivas no período.

Evolução do PIB do Brasil

PIB do Brasil - 3tri2022