PIB do Brasil avança 4,6% em 2021 e supera perdas da pandemia; atividade sobe 0,5% no 4º tri, acima do esperado

A expectativa, segundo projeções da Refinitiv, era de que o Produto Interno Bruto tivesse crescimento de 0,1% no 4º tri na comparação trimestral

Equipe InfoMoney

Bandeira do Brasil (Foto: Tim Clayton/Corbis via Getty Images)

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O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou alta de 0,5% no quarto trimestre de 2021 na comparação com o terceiro trimestre. Assim, a atividade econômica nacional fechou o ano passado com alta de 4,6%, totalizando R$ 8,7 trilhões. Esse avanço recuperou as perdas de 2020, quando a economia brasileira encolheu 3,9% devido à pandemia.

Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O dado do quarto trimestre foi acima do esperado. A expectativa, segundo projeções da Refinitiv, era de que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tivesse crescimento de 0,1% no quarto trimestre de 2021 na comparação com os três meses anteriores. A mediana das expectativas era de alta de 1,1% na atividade econômica no quarto trimestre de 2021 frente o mesmo período de 2020; a alta efetiva foi de 1,6% na base anual.

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Já o PIB per capita anual alcançou R$ 40.688 no ano passado, um avanço de 3,9% em relação ao ano anterior (quando houve queda de 4,6%).

O PIB, que é a soma dos bens e serviços finais produzidos no país, está 0,5% acima do quarto trimestre de 2019, período pré-pandemia, mas continua 2,8% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica na série histórica, alcançado no primeiro trimestre de 2014.

Fonte: IBGE

Serviços e indústria em alta; agro tem leve queda

O crescimento da economia foi puxado pelas altas nos serviços (4,7%) e na indústria (4,5%), que juntos representam 90% do PIB do país.

“Todas as atividades que compõem os serviços cresceram em 2021, com destaque para transporte, armazenagem e correio (11,4%). O transporte de passageiros subiu bastante, principalmente, no fim do ano, com o retorno das pessoas às viagens. A atividade de informação e comunicação (12,3%) também avançou puxada por internet e desenvolvimento de sistemas. Essa atividade já vinha crescendo antes da pandemia, mas com o isolamento social e todas as mudanças provocadas pela pandemia, esse processo se intensificou, fazendo a atividade crescer ainda mais”, explica a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

Outras atividades de serviços (7,6%) também tiveram alta no período. “São atividades relacionadas aos serviços presenciais, parte da economia que foi a mais afetada pela pandemia, mas que voltou a se recuperar, impulsionada pela própria demanda das famílias por esse tipo de serviço”, acrescenta Palis. Cresceram ainda o comércio (5,5%), atividades imobiliárias (2,2%), administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade sociais (1,5%) e atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (0,7%).

Na indústria, o destaque positivo foi o desempenho da construção que, após cair 6,3% em 2020, subiu 9,7% em 2021. Tal expansão foi corroborada pelo aumento da ocupação na atividade.

As indústrias de transformação (4,5%), com maior peso no setor, também cresceram, influenciadas, principalmente, pela alta nas atividades de fabricação de máquinas e equipamentos; metalurgia; fabricação de outros equipamentos de transporte; fabricação de produtos minerais não-metálicos; e indústria automotiva. As indústrias extrativas avançaram 3,0% devido à alta na extração de minério de ferro.

A única atividade que não cresceu foi eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, que teve variação negativa de 0,1%, o que indica estabilidade. “A crise hídrica afetou negativamente o desempenho da atividade em 2021”, explica.

Já a agropecuária, que havia crescido em 2020, recuou 0,2% em 2021, em decorrência da estiagem prolongada e de geadas. “Apesar do crescimento anual da produção de soja (11,0%), culturas importantes da lavoura registraram queda na estimativa de produção e perda de produtividade em 2021, como a cana-de-açúcar (-10,1%), o milho (-15,0%) e o café (-21,1%). O baixo desempenho da pecuária é explicado, principalmente, pela queda nas estimativas de produção dos bovinos e de leite”, detalha Palis.

Fonte: IBGE

Componentes da demanda interna crescem

Ao contrário do que aconteceu em 2020, todos os componentes da demanda avançaram em 2021, contribuindo positivamente para o crescimento do PIB. O consumo das famílias avançou 3,6% e o do governo subiu 2,0%. No ano anterior, esses componentes haviam recuado 5,4% e 4,5%, respectivamente.

Houve uma recuperação da ocupação em 2021, mas a inflação alta afetou muito a capacidade de consumo das famílias. Os juros começaram a subir. Tivemos também os programas assistenciais do governo. Ou seja, fatores positivos e negativos impactaram o resultado do consumo das famílias no ano passado”, afirma Palis.

Os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) avançaram 17,2%, favorecidos pela construção, que no ano anterior teve uma queda, e pela produção interna de bens de capital. A taxa de investimento subiu de 16,6% para 19,2% em um ano.

A balança de bens e serviços registrou alta de 12,4% nas importações e de 5,8% nas exportações. Em 2020, tinham recuado 9,8% e 1,8%, respectivamente. “Como a economia aqueceu, o país importou mais do que exportou, o que gerou esse déficit na balança de bens e serviços. Isso puxou o PIB um pouco para baixo, contribuindo negativamente para o desempenho da economia”, explica.

Entre os produtos da pauta de exportações, os destaques foram extração de petróleo e gás natural; metalurgia; veículos automotores; e produtos de metal. No caso dos serviços, as viagens subiram mais. Já entre as importações, os destaques positivos foram produtos químicos; máquinas e aparelhos elétricos; indústria automotiva e produtos de metal.

Fonte: IBGE

Alta de 0,5% na base trimestral

A alta de 0,5% do PIB do quarto trimestre na comparação com o terceiro trimestre veio na sequência de um avanço de 1,4% no primeiro trimestre e do recuo de 0,3% no segundo trimestre. Em valores correntes, isso corresponde a R$ 2,2 trilhões. Já quando comparado ao quarto trimestre de 2020, o PIB teve alta de 1,6%.

“A agropecuária cresceu 5,8%, mas o fator determinante para o crescimento do PIB no quarto trimestre foram os serviços (0,5%), que têm peso maior na economia. Nos serviços, os destaques foram as mesmas atividades que cresceram no ano: informação e comunicação (3,4%), transporte, armazenagem e correio (2,6%), outras atividades de serviços (2,1%)”, destaca Rebeca Palis.

Também avançaram administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (1,0%). Por outro lado, houve queda no comércio (-2,0%), seguida pela variação negativa nas atividades imobiliárias (-0,4%) e estabilidade nas atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (0,0%).

A indústria recuou com a queda nas indústrias de transformação (-2,5%), principalmente na atividade de bens de consumo duráveis. As indústrias extrativas (-2,4%) e a atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (-0,2%) também recuaram. O único resultado positivo foi na construção (1,5%).

A agropecuária cresceu porque acabou a safra do café e do milho, cujas estimativas eram negativas. Isso acabou puxando o resultado do trimestre para cima em relação ao anterior.

Pela ótica da despesa, houve crescimento no consumo das famílias (0,7%) e no consumo do governo (0,8%). Os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) avançaram 0,4% no período. No que se refere ao setor externo, as exportações caíram 2,4%, enquanto as importações avançaram 0,5% em relação ao terceiro trimestre de 2021.

Revisões para cima dos dados anteriores

O Instituto ainda revisou ligeiramente os dados para a economia brasileira nos dois primeiros trimestres de 2021.

Ao divulgar crescimento de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre, o IBGE deixou inalterada a estimativa de recuo de 0,1% nos três meses entre julho e setembro.

No entanto, informou que no primeiro trimestre o PIB expandiu 1,4%, 0,01 ponto percentual a mais do que o inicialmente divulgado. O ajuste para as contas do segundo trimestre também foi de 0,01 ponto percentual para cima, a uma queda de 0,3%.

O governo brasileiro diz que a variação do PIB acumulado no período de 2020-2021, que inclui os dois anos afetados pela pandemia, “foi maior que o de todos os países do G7, exceto os Estados Unidos”. Diz também que o crescimento da economia nos últimos dois anos “ficou acima da maior parte dos países do G20 e foi superior à mediana do grupo”.

(com Agência de Notícias do IBGE)

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