Os três pontos de destaque do discurso do presidente do Fed em Jackson Hole (e o próximo evento a monitorar)

Presidente do Fed destacou que ritmo de redução dos estímulos segue dependente de dados e que tapering não dá sinalização sobre alta de juros

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Preparando-se para uma redução gradual nos estímulos, mas sem novas orientações sobre o processo.

Na avaliação do Bank of America, o presidente do Fed Jerome Powell não deu muitos sinais em seu esperado discurso no simpósio anual de Jackson Hole nesta sexta-feira (27). Contudo, deu mais perspectiva sobre como o Fed está pensando em relação ao caminho a seguir para a mudança de suas políticas.

São três os pontos destacados pelo banco, que estão listados a seguir:

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  1. Conforme observado na ata da reunião de julho do Federal Open Market Committee (FOMC), a maior parte dos participantes – incluindo Powell – acredita que seria apropriado começar a diminuir o programa de compra mensal de títulos, de US$ 120 bilhões, antes do final do ano.

Dito isso, o ritmo de redução dos estímulos segue dependente de dados. Powell destacou em discurso o forte relatório de empregos de junho, por um lado, mas a ameaça de um aumento nos riscos de baixa por conta da delta, por outro.

  1. A decisão de quando diminuir o programa de compra de títulos (redução essa conhecida como “tapering”) permanece no progresso em direção à meta de emprego. Powell reforçou a observação feita por outros membros do Fed de que os critérios para “progresso adicional substancial” para a inflação foram atendidos, mas ainda não para o emprego.
  2. Powell reforçou ainda que “tapering” não é aumentar as taxas de juros (hoje próximas a zero). “O momento e o ritmo da próxima redução nas compras de ativos não terão a intenção de transmitir um sinal direto sobre o momento do aumento da taxa de juros, para o qual articulamos uma abordagem diferente e substancialmente mais rigorosa”, destacou Powell.

Os analistas do banco avaliaram que os comentários de Powell são consistentes com a visão, em um cenário básico, de que a redução gradual de estímulos será anunciada na reunião de novembro e começará no meio daquele mês.

João Leal, economista da Rio Bravo Investimentos, destaca que Powell evitou se comprometer com relação ao “timing do tapering” e não trouxe grandes surpresas se comparado à ata do Fomc, mas foi mais “dovish” (brando) em relação às falas de outros integrantes do Fed. Na véspera, o Ibovespa teve queda expressiva com as falas de vários dirigentes regionais do Fed defendendo a redução de estímulos em breve. Já nesta sexta, após a fala de Powell, o Ibovespa registra ganhos de mais de 1%. 

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“Powell reforçou que um número relevante de membros do Fomc projetam começar o ‘tapering’ mais ao final deste ano, quando se espera que o progresso substancial ocorra. O cenário, com isso, não muda. Esperamos que um anúncio mais formal ocorra em setembro e o tapering inicie em dezembro”, avalia Leal.

Nesse cenário, alguns indicadores devem ser monitorados de perto. O BofA aponta que o próximo relatório de emprego, de agosto, a ser divulgado na sexta-feira da semana que vem (3), será crítico.

“Estamos prevendo criação de 600 mil vagas, que é uma desaceleração da tendência recente devido em parte à delta. É provável que esse número seja ‘suave’ o suficiente para levar o Fed a monitorar dados adicionais antes de iniciar o ‘tapering’. Portanto, achamos que o Fed oferecerá uma orientação na reunião de setembro (com um sinal de tapering) e um cronograma esperado (talvez observando que a redução de estímulos seja provável na próxima reunião), ainda dependente dos dados de emprego”, avalia o banco americano.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.