“Nós brasileiros não temos condições de salvar todos os setores”, diz presidente do Santander Brasil

"Esta é uma crise em que somos todos perdedores, a questão é o preço da perda que queremos imputar a cada um de nós", disse em live

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Apesar de um tom de otimismo, o presidente do Santander Brasil, Sérgio Rial, afirma que nem todos os setores da economia irão conseguir sair dessa crise e que muitas empresas não irão sobreviver.

Durante uma live realizada pelo Youtube do banco, o executivo comentou sua visão para o atual cenário da pandemia do novo coronavírus. Segundo ele, os modelos de previsão existentes não são capazes de “captar o que está por vir”. “Mas uma coisa é certa: a recessão”, disse.

Rial alertou para o perigo da polarização neste momento, já que isso aumenta o risco de não vermos os reais impactos da crise. Por outro lado, ele apontou um “efeito positivo” de tudo que está acontecendo que é o uso da ciência como guia para a tomada de decisões.

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O presidente do Santander disse ainda que a dose das medidas tomadas pelo governo por enquanto está correta, principalmente por focar na camada da sociedade que não tem acesso à todos os meios para poder reagir.

Para ele, porém, há um risco de excesso de gastos por conta do uso da palavra “guerra”, que pode ser usada para justificar medidas que não são realmente necessárias.

Por outro lado, ele também aponta risco vindo de alguns setores importantes, alguns impactados de forma global, que “acham que o contribuinte brasileiro deve salvá-los”.

“Nós, brasileiros, não temos condições de salvar todos os setores. Existirão sim algumas empresas que deixarão de existir”, afirmou.

Para Rial, o momento é de diálogo entre as diversas áreas da sociedade, evitando uma judicialização da situação, incluindo lojistas com shoppings, clientes e bancos ou proprietários e inquilinos.

“Este é o momento em que os brasileiros têm a grande oportunidade de exercer o diálogo, e a capacidade de tentar diminuir conflitos, que vão se agravar por conta da crise entre nós. A judicialização de tudo não leva à melhor resposta econômica”, disse.

Ele explica que, quando o Brasil sair desta crise, se houverem muitos destes conflitos judicializados, será uma paralisação adicional de problemas que poderiam ser resolvidos pelo diálogo.

“Esta é uma crise em que somos todos perdedores, a questão é o preço da perda que queremos imputar a cada um de nós”, completa.

Ajuda às empresas

Durante a live, Rial comentou ainda que está em discussão o uso de títulos de dívida conversíveis como forma de socorrer as companhias aéreas e varejistas que tenham capital aberto.

O problema, segundo ele, é que estes instrumentos geram desconforto aos atuais acionistas, que acabam diluídos. Por outro lado, ele cita que uma possibilidade de solução seria fazer com que houvesse o pagamento a estes acionistas em dinheiro no fim do prazo.

Ele também levantou a questão de como se definir o preço destes títulos. “Sou realista, existe o preço de ontem”, disse o executivo.

Rial lembrou ainda que para empresas que não estão listadas na bolsa, precisaria haver outra solução. Citando a indústria automotiva, ele disse que o caminho poderia ser a concessão de mais dívida para elas, tendo como garantia os ativos locais delas.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.