Investidores de emergentes começam semana de olho em inflação

(Bloomberg) — Investidores estão atentos aos sinais de possíveis pressões de preços no mundo em desenvolvimento, uma consequência do estímulo sem precedentes injetado para reaquecer a economia global.

Pesos-pesados como Brasil, China e Índia divulgam dados de inflação esta semana em um cenário de crescimento acelerado impulsionado por meses de liquidez e generosidade fiscal. O índice de surpresa de inflação do Citigroup para mercados emergentes subiu no mês passado para o maior nível desde 2008, um sinal de que investidores podem estar subestimando a escala da retomada.

Flagelo de investidores de renda fixa e ameaça à estabilidade cambial, a aceleração da inflação já levou os bancos centrais do Brasil e da Rússia a aumentarem os juros. O banco central da República Tcheca sinalizou na semana passada que pode seguir o exemplo em meados do ano, enquanto a autoridade monetária da Turquia prometeu manter as taxas de juros elevadas até que haja desaceleração significativa dos ganhos dos preços.

“A inflação apareceu como uma narrativa-chave do mercado mais uma vez”, disse Emily Weis, macro estrategista em Boston na State Street Global Markets. “Isso é parcialmente motivado por preocupações em torno da acomodação monetária extrema, generosidade fiscal e seu impacto combinado sobre os sinais iniciais de recuperação.”

A perspectiva de condições monetárias mais apertadas nos mercados emergentes ainda não alterou o cálculo de muitos investidores. Gigantes como Pacific Investment Management e BlackRock preferem manter o foco no cenário de crescimento. A inflação de países em desenvolvimento permanece perto de uma mínima histórica, e a recuperação econômica torna os ativos “cada vez mais interessantes”, de acordo com Dan Ivascyn, diretor de investimentos da Pimco em Newport Beach, Califórnia.

No entanto, cresce a percepção de que as forças por trás da recuperação vão gerar preços mais altos se não forem controladas. Um prenúncio pode ser a alta das commodities, pois um índice de referência das matérias-primas atingiu o maior nível em cinco anos neste mês.

Inflação

“Se o estímulo continuar, em algum momento se tornará inflacionário”, disse Sanjiv Bhatia, diretor de investimentos da Pembroke Emerging Markets, em Londres. “Em algum momento, acreditamos que isso se tornará um problema.”

Por enquanto, a avaliação do Federal Reserve de que é improvável que a inflação nos EUA saia do controle tem apoiado apostas altistas. O Fed parece não ter pressa em aumentar os juros, medida que desviaria capital de economias emergentes que atualmente aproveitam os efeitos do estímulo nos EUA.

O fato de que os principais bancos centrais atualmente veem a inflação como transitória deve impulsionar moedas dos países em desenvolvimento como um todo, de acordo com Henrik Gullberg, macro estrategista em Londres da Coex Partners.

O índice de moedas de mercados emergentes MSCI subiu para um recorde na sexta-feira, enquanto o indicador de ações relacionado registrou o maior ganho em dois dias em quase duas semanas. Ativos de risco ganharam fôlego após o relatório que mostrou criação de empregos nos EUA significativamente inferior às previsões.

Kate Moore, chefe de estratégia temática da BlackRock, em Nova York, disse que, por um lado, os valuations das ações de crescimento parecem significativamente menos onerosos após o recente fraco desempenho, juntamente com a revisão para cima das previsões de lucro. “Por outro lado, o aumento das pressões inflacionárias com o amplo reinício econômico e baixos estoques devem apoiar cíclicos e produtores de commodities.”

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