Inflação resiliente nos EUA mantém porta aberta para nova alta de juros pelo Fed em 2023

Tarefa para os integrantes do Fed em controlar preços segue difícil, apontam analistas

Equipe InfoMoney

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Os últimos sinais de inflação persistente sugerem que o Federal Reserve manterá a porta aberta para outro aumento das taxas de juros este ano, mesmo com dirigentes da autoridade monetária americana enfatizando a paciência antes da próxima reunião.

O relatório do Departamento de Trabalho dos EUA mostrou que os preços ao consumidor CPI dos EUA subiram 0,4% em setembro, ante estimativas de aumento de 0,3%, segundo economistas consultados pela Reuters. Na comparação anual, o avanço foi de 3,7%, ante projeção de alta de 3,6%.

O núcleo do CPI, que exclui os preços voláteis de alimentos e energia, subiu 0,3%, em linha com as estimativas. A alta anual foi de 4,1%, também em linha com as projeções.

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Ambos os aumentos são consistentes com um ritmo anual bem acima da meta de 2% do Fed.

“Isso manterá o Fed aberto a outro aumento das taxas, embora seja certo que o mercado poderá acabar fazendo o aperto por eles”, disse Kathy Bostjancic, economista-chefe da Nationwide Mutual Insurance Co.

Bostjancic referia-se a um recente aumento nos rendimentos do Tesouro de longo prazo. Isso levou alguns integrantes do Fed a sugerir que poderiam adiar outro aumento das taxas quando se reunirem entre os dias 31 de outubro e 1 de novembro, enquanto analisam as razões por trás da inflação resiliente.

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Os rendimentos dos títulos de referência de 10 anos dos EUA subiam a 4,638% nesta quinta, após caírem por dois dias seguidos, o que gerou alívio nos mercados nas últimas sessões.

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O CPI revelou um aumento nos preços dos serviços, o que tem sido uma preocupação particular dos integrantes do Fomc, porque consideram que a inflação do setor é impulsionada em parte por um mercado de trabalho apertado.

Excluindo habitação e energia, os preços dos serviços subiram 0,6% em relação a agosto, o maior valor num ano, segundo cálculos da Bloomberg.

“Tudo se resume a serviços”, disse Jay Bryson, economista-chefe do Wells Fargo & Co. “A última etapa para nos levar de volta à inflação de 2% de forma sustentada é difícil. É por isso que o Fed permanecerá restritivo por algum tempo para garantir que isso diminua.”

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Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, destaca que a inflação um pouco acima das projeções reforça a expectativa de uma parte do mercado de que o Fed voltará a subir juros este ano.

“Pensando na abertura do indicador, chama a atenção sempre a questão de moradia. Ficou em [alta de] 7,2% na comparação anual, ainda um patamar bem alto. Acelerou na comparação mensal, subiu 0,6% nesse mês de setembro. Dá para ver que ainda há um trabalho um pouco difícil do Fed a ser feito, derrubando o preço de aluguéis, preços de moradias. Mesmo com outros indicadores do setor imobiliário já mostrando uma desaceleração, na parte de preços isso não tem aparecido ainda”, avalia Cruz.

Também para o Itaú, a abertura do indicador não foi positiva, com surpresas altistas vindas dos serviços e de métricas do “supernúcleo”. “Achamos que esta composição da inflação ainda leva o Fed a mais um aumento este ano. Como os membros do Fomc não mostraram urgência em aumentar os juros em novembro, provavelmente essa alta ocorreria em dezembro”, avalia o banco.

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Com esses fatores no radar, as autoridades do Fed buscam decidir se precisam aumentar novamente a taxa básica de juros depois de elevá-la em mais de cinco pontos percentuais nos últimos 19 meses.

Eles mantiveram a taxa na sua última reunião de política monetária em setembro, embora 12 dos 19 integrantes do Fed tenham sinalizado que apoiariam outro aumento da taxa este ano, de acordo com as projeções divulgadas na reunião.

No entanto, a ênfase recente dos bancos centrais na paciência significa que serão necessários dados adicionais para persuadir a maioria da necessidade de outro aumento, o que leva parte do mercado a ainda projetar manutenção neste ano.

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“Eles estão decididos a proceder com cuidado e serem pacientes, então eu não contaria com um aumento no quarto trimestre, a menos que a urgência para isso aumente com mais dados”, disse Derek Tang, economista da LH Meyer.

“As cifras principais sempre recebem a maior atenção, mas é importante analisar o núcleo, porque é isso que o Fed utiliza para tomar qualquer decisão,” disse Art Hogan, estrategista-chefe de mercado na B. Riley Wealth. “O Fed se verá excessivamente restritivo até o primeiro semestre do próximo ano, e sua próxima ação provavelmente será reduzir as taxas de juros gradualmente na segunda metade do ano”, complementa o economista.

(com Bloomberg e Reuters)