IBC-Br melhor do que o esperado deve levar a novas revisões do PIB para cima, apontam analistas

Embora alertem que efeitos dos auxílios fiscais possam diminuir no segundo trimestre, economistas já preveem alta próxima de 3% para a economia no ano

Equipe InfoMoney

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A divulgação pelo Banco Central de que Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) de julho subiu 1,17% na comparação mensal surpreendeu positivamente o mercado e deve levar a elevações nas projeções para o PIB no ano, dizem analistas.

O resultado veio muita acima do esperado pelo mercado (que projetava uma alta mensal de 0,30%, segundo o consenso Refinitiv).

Para Rodolfo Margato, economista da XP, a surpresa positiva pode estar relacionada à melhoria acentuada na produção agrícola mensal e aos fortes resultados líquidos do setor externo.

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Para o terceiro trimestre, caso o índice apresente estabilidade nas próximas divulgações, o economista prevê que a atividade econômica deva avançar 1,7% com relação ao segundo trimestre.

Margato reforçou, no entanto, a necessidade de cautela na avaliação do resultado mensal, principalmente na comparação com a dinâmica do PIB. Ele prefere comparar as variações ano contra ano do IBC-Br trimestral e do PIB global.

Para os próximos meses é esperado que o setor de serviços continue guiando a atividade econômica, beneficiado pela distribuição do Auxílio Brasil de R$ 600 e pela maior disponibilidade de renda das famílias em meio a queda nos preços dos combustíveis.

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“Setorialmente, devemos seguir observando dados mistos, com o setor varejista impactado negativamente por uma substituição do consumo de bens por serviços e pelos impactos da taxa Selic nos setores dependentes de financiamento”, afirmou Margato em relatório.

A XP reiterou a expectativa de que o PIB brasileiro cresça 2,8% em 2022 e 1,0% em 2023.

A economista Mirella Hirakawa, da AZ Quest, também viu o resultado do indicador como uma surpresa positiva, principalmente após a “patinada” das vendas no varejo anunciadas ontem. Segundo o IBGE, as vendas caíram 0,8% na comparação mensal, quando o esperado pelo mercado era uma alta de 0,30%.

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Ela destacou que a melhora no mercado de trabalho deve ter sido um dos pontos que contribuíram para a atividade mais forte.

A projeção do PIB para o ano deve aumentar após esses resultados, afirma Mirella. “deve haver revisão dos atuais 2,7% para algo mais próximo de 3%”, afirmou.

Após a divulgação dos resultados do IBC-Br, a Austin Ratings ajustou a projeção para o PIB deste ano de 2,0% para 2,4%. “Com essas novas projeções, o carregamento estatístico para 2023 passou de 0,3% no 1º trimestre para 0,6% no 2º trimestre e, com as projeções atualizadas para o 3º trimestre passou para 1,2%. Porém, por ora, vamos preservar nossa projeção para 2023 e divulgar novos números junto com os dados do 3º trimestre, em 01 de dezembro, e também porque será após as eleições. No mais, há também mudanças em curso no cenário internacional, como, por exemplo, as desacelerações econômicas nos EUA e Europa que, por ora, não sabemos ao certo qual será a intensidade”, ressaltou.

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Auxílio Brasil

Para Gustavo Sung, economista-chefe Suno Research, o resultado de julho do IBC-Br reflete a melhora nas condições da demanda com a reabertura da economia, recuperação do mercado de trabalho e os benefícios fiscais – como a liberação de saques extraordinários do FGTS e a antecipação do 13° salário para aposentados e pensionistas do INSS.

“Esse movimento de alta deve continuar nos próximos meses, por conta da a boa retomada do emprego, redução de impostos e incentivos fiscais, como a PEC do Auxílio”, previu.

Ele alerta, no entanto, que a perspectiva é de um arrefecimento da atividade até o final do ano. Para o economista da Suno, a manutenção dos juros altos, a inflação ainda disseminada e o esgotamento dos benefícios da reabertura da economia devem impactar negativamente a atividade.

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Para o Goldman Sachs, a expectativa é que alguns dos setores de serviços que ainda sofrem impacto da pandemia (como os serviços às famílias) se recuperem ainda mais nos próximos meses, apoiados em parte pela renovação dos estímulos fiscais.
Na análise do banco de investimentos, os cortes recentes nos impostos sobre combustível e gás de cozinha, juntamente com o pacote recém-aprovado de medidas adicionais de teto de gastos, devem adicionar aproximadamente 0,7% do PIB em estímulo fiscal adicional durante o segundo semestre deste ano.

O BTG Pactual também faz leituras heterogêneas sobre a atividade. No lado positivo está o setor de serviços, enquanto o varejo ampliado tem registrado dados abaixo do esperado.

“Com isso, levando em consideração a maior contribuição do setor de Serviços na economia e, consequentemente no PIB, o resultado forte do setor sustentou mais uma leitura positiva para o IBC-Br.”

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