Auxílios do governo podem trazer alento ao varejo nos próximos meses, dizem analistas

Previsão da XP é que mercado de trabalho siga em recuperação e renda das famílias avance 6% no ano

Equipe InfoMoney

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Mesmo com a notícia de que as vendas varejistas no Brasil em julho caíram 0,8% em relação a junho – conforme divulgação feita pelo IBGE nesta quarta-feira (14) – o que representou a terceira queda mensal seguida, os analistas esperam que as medidas de estímulos fiscais, como a liberação de novas parcelas do Auxílio Brasil, possam servir para suavizar o difícil período de aperto nas condições monetárias da população.

Rodolfo Margato, economista da XP, comenta em relatório que as medidas de auxílio pelo governo federal devem fornecer algum suporte à demanda por bens de maior renda nos meses à frente. “Continuamos acreditando que a recuperação do mercado de trabalho. De acordo com nossas estimativas, a renda real disponível das famílias deve crescer cerca de 6% em 2022”, diz a análise. A XP espera sinais heterogêneos entre as atividades.

A leitura é parecida com a do Goldman Sachs. Para o economista-chefe do banco para a América Latina, Alberto Ramos, a inflação alta, as condições financeiras domésticas mais apertadas, a incerteza política persistente, os níveis recordes de endividamento das famílias e as condições de crédito mais restritas devem gerar dificuldades para a atividade de varejo nos próximos meses.

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Mas ele ressalva que a queda dos preços dos combustíveis e das tarifas de eletricidade e telecomunicações, além da transferências fiscais em dinheiro para famílias devem “oferecer algum suporte de curto prazo à atividade de varejo.”

O BTG Pactual também acredita em espaço para avanço dos segmentos beneficiados pelos estímulos fiscais, mas perda do ímpeto dos grupos mais dependentes de financiamento por meio de juros. “Além disso, observamos uma substituição do consumo de bens por serviços, tendência que deve continuar no restante do semestre”, diz relatório.

Para agosto, é prevista uma melhora nos indicadores de confiança, com destaque para o componente de expectativas, movimento que pode beneficiar o consumo.

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O Itaú vai na mesma linha. Para o banco, as vendas no varejo devem desacelerar nos próximos meses como resultado da diminuição da renda disponível do maior impacto do aperto da política monetária. Mas isso não se dará de forma generalizada. “Vale ressaltar que as vendas no varejo sensíveis à renda podem ser mais resilientes devido ao aumento do Auxílio Brasil. Nosso indicador de atividade diária aponta para outra queda em agosto, e os primeiros sinais de setembro também são negativos”, previu em análise o economista-chefe do banco, Mario Mesquita.

Já para Luca Mercadante, economista da Rio Bravo, além do resultado negativo do varejo, o qualitativo do índice também veio ruim. Com exceção de combustíveis, que ganharam fôlego com a queda dos preços, todas as outras categorias tiveram variações negativas.

“O resultado fraco, em conjunto com a surpresa nos serviços aponta para uma preferência da população pelo setor, depois de um período de pandemia em que a tendência foi oposta. Além disso o conjunto das duas divulgações de ontem já pode ser entendido como sinais da desaceleração da economia esperada para o segundo semestre, que é fruto da política monetária. Ainda assim, o mercado de trabalho forte e serviços ainda aquecidos devem garantir que essa desaceleração seja mais lenta e gradual”, avalia.

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