Expansão do BRICs e moeda comum podem ser discutidas na cúpula, diz ministra da África do Sul

Temas são objeto de discussões frequentes, mas não estão no programa oficial do encontro, diz Naledi Pandor

Roberto de Lira

Bandeira Brics (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Embora os temas não façam parte da agenda oficial da 15ª reunião de cúpula dos BRICs – marcada para ocorrer entre os dias 22 e 24 de agosto, em Joanesburgo -, os líderes do Brasil, China, Índia e África do Sul, podem ampliar no encontro as discussões sobre a expansão do grupo de países, a reforma da governança global ou mesmo sobre a criação de uma moeda própria para ser usada em transações comerciais.

A declaração foi feita nesta segunda-feira (7) pela ministra sul-africana de relações exteriores e cooperação, Naledi Pandor, informam os meios de comunicação locais. No encontro, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, participará de forma remota,  devido a um pedido de prisão ainda vigente emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) em março.

Segundo Pandor, espera-se no encontro que os líderes dos BRICs discutam oportunidades para realizar todo o potencial do grupo para uma recuperação econômica global inclusiva e desenvolvimento sustentável.

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Para isso, deve fortalecer “parcerias mutuamente benéficas com a África e o Sul Global em um mundo multipolar, aprofundando e fortalecendo o multilateralismo progressivo e realizando reformas significativas na governança global , além de abordar a marginalização das mulheres nos processos de paz e promover um ambiente de paz e desenvolvimento”.

A ministra disse que o objetivo da cúpula é obter com planos concretos, práticos e implementáveis para fortalecer a parceria do BRICs com o continente africano.

Segundo ela, a questão sobre a expansão de países membros tem sido discutida em diferentes níveis desde a primeira cúpula dos BRICs, em 2009. “A África do Sul foi recebida no BRICs como a primeira beneficiária da expansão, em 2010, e convidada para sua primeira cúpula, em 2011. Tivemos manifestações formais de interesse de líderes de 23 países e muitas outras abordagens informais sobre as possibilidades dos membros do BRICs”, disse Pandor.

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Ela revelou que recebeu interesse da Argélia, Argentina, Bangladesh, Bahrein, Bielorrússia, Bolívia, Cuba, Egito, Etiópia, Honduras, Indonésia, Irã, Cazaquistão, Kuwait, Marrocos, Nigéria, Palestina, Arábia Saudita, Senegal, Tailândia, Emirados Árabes Unidos, Venezuela e Vietnã. Para Pandor, esse interesse é um reconhecimento da voz do BRICs como defensor dos interesses do sul global.

Em entrevista a jornalistas locais, a ministra disse que o parágrafo 73 da Declaração de Pequim da 14ª Cúpula dos Brics, incentivou os representantes a realizar discussões internas para esclarecer os princípios orientadores, padrões, critérios e procedimentos para um processo de expansão de membros do BRICs com base em um consenso. Ao menos 34 líderes da África confirmaram presença em eventos paralelos à cúpula

“Como presidente, a África do Sul continuou a realizar discussões sobre a adesão que construíram uma convergência significativa sobre possíveis modelos para o processo de expansão, bem como os princípios orientadores, padrões, critérios e procedimentos. Continuamos nos reunindo para construir um consenso e esperamos ter algum progresso concreto na cúpula”, afirmou.

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Pandor destacou na entrevista que  que, de acordo com o Fundo Monetário Internacional FMI), os países do BRICs, em termos de paridade de poder de compra, têm uma participação maior na atividade econômica global do que os países do G7. “Juntos, os BRICs têm cerca de 42% da população mundial, quase 30% do território mundial, cerca de 27% do PIB global e cerca de 20% do comércio internacional”, afirmou.

“Esta não é uma competição, mas é uma demonstração clara da necessidade de as vozes dos países do BRICs, do Sul Global e da África serem ouvidas e respeitadas na governança econômica, financeira e política global.”

A agenda oficial diz que os temas oficiais do encontro serão cooperação energética, aceleração do desenvolvimento de infraestrutura por meio de parcerias, economia digital, transporte aéreo, competências para empregos emergentes e futuros, instituições financeiras de desenvolvimento como instrumentos de financiamento, fórum empresarial e economia dos oceanos.