Estudo preliminar sugere que vacina da Pfizer é eficaz contra novas variantes da Covid-19

Estudo está nas fases iniciais e ainda não foi revisado por especialistas, etapa fundamental para pesquisa médica, mas sugere boa resposta da vacina

Allan Gavioli

Logotipo da Pfizer (Bloomberg)

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SÃO PAULO – Uma nova pesquisa feita pela Pfizer sugere que a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela farmacêutica e pelo laboratório BioNTech pode proteger contra uma nova mutação do vírus, encontrada em duas variantes altamente contagiosas do coronavírus que eclodiram no Reino Unido e na África do Sul.

Pelo alto poder de disseminação, essas variantes estão causando preocupação global. Ambas compartilham uma mutação comum, chamada N501Y, que causa ligeira alteração em um ponto da proteína spike, que reveste o vírus. Acredita-se que essa pequena mudança na estrutura da proteína seja a razão pela qual o vírus pode se espalhar tão facilmente.

A Pfizer se juntou a pesquisadores da University of Texas Medical Branch para realizar testes clínicos e descobrir como (e se) essa mutação afetava a eficácia da vacina da Pfizer na prevenção da Covid-19.

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Para os estudos, os pesquisadores usaram amostras de sangue de 20 pessoas que receberam a vacina Pfizer/BioNTech durante a fase três de testes do imunizante. A maioria das vacinas treina o corpo para reconhecer uma certa proteína, e então combatê-la. Os anticorpos desses voluntários resistiram com sucesso ao vírus com mutação em placas de laboratório, de acordo com o estudo publicado na noite desta quinta-feira (8) pelos pesquisadores da Pfizer e da universidade americana.

O estudo é preliminar e ainda não foi revisado por especialistas, etapa fundamental para a pesquisa médica. “Foi uma descoberta muito reconfortante que, pelo menos essa mutação, que era uma das que mais preocupam as pessoas, não parece ser um problema para a vacina”, disse o diretor científico da Pfizer, Philip Dormitze, em comunicado.

Mutações são esperadas

Os vírus passam constantemente por pequenas alterações enquanto se espalham de pessoa para pessoa. Os cientistas usam essas pequenas modificações para rastrear como o coronavírus se moveu ao redor do globo. Analisando as mutações ao longo desta pandemia, por exemplo, cientistas podem traçar a cronologia da infecção e compreender mais sobre como particularidades locais afetam o Covid-19.

A variante encontrada no Reino Unido se tornou o tipo dominante em partes da Inglaterra e levou o país a um novo lockdown. O vírus mutante foi agora encontrado nos EUA e em vários outros países. No Brasil, o laboratório Dasa informou em dezembro que identificou dois casos em São Paulo da mesma cepa encontrada no Reino Unido.

Embora a mutação no Reino Unido seja preocupante, a variante descoberta pela primeira vez na África do Sul tem uma mutação adicional e ainda desconhecida, chamada E484K. Segundo o diretor da Pfizer, essa cepa encontrada na África do Sul é ainda mais transmissível do que a encontrada no Reino Unido. Rio de Janeiro e Bahia registraram um caso cada da mutação E484K.

O estudo da Pfizer descobriu que a vacina parecia funcionar contra 15 possíveis mutações de vírus adicionais, mas o E484K não estava entre os testados. Dormitzer disse que a mutação é a próxima da lista.

Dormitzer ainda afirmou que, se o vírus eventualmente sofrer uma mutação suficiente para que a vacina precise ser ajustada (assim como as vacinas contra a gripe são ajustadas na maioria dos anos), que ajustar a receita não seria difícil para a vacina de sua empresa e imunizantes similares.

A vacina é feita com um pedaço do código genético do vírus, simples de trocar, embora não esteja claro que tipo de teste adicional os reguladores exigiriam para fazer tal mudança.

“Esse foi apenas o começo do monitoramento contínuo das alterações do vírus, para ver se alguma delas pode impactar a cobertura vacinal”, explicou.

Pfizer/BioNTech: sem acordo no Brasil

A perspectiva do Ministério da Saúde é que sejam disponibilizadas em 2021 até 354 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19. Boa parte do total é composta pela vacina produzida pela farmacêutica americana AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford. Ainda há acordo de compra de 100 milhões de doses da vacina Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac.

Eduardo Pazuello, ministro da Saúde, afirmou nesta quinta-feira (7) que a equipe do órgão continua negociando com a Pfizer. Contudo, argumentou que a empresa apresentou exigências mal recebidas pelas pasta, como a desresponsabilização por qualquer efeito colateral, a designação dos Estados Unidos como foro para resolver eventuais ações decorrentes de problemas como este e a obrigação de o Brasil fornecer o material para diluir o imunizante.

Internacionalmente, a Pfizer/BioNTech foi aprovada primeiro no Reino Unido, que já começou a vacinação. No final de dezembro de 2020, a Comissão Europeia concedeu aprovação para o uso da vacina contra a Covid-19 desenvolvida em conjunto pela empresa norte-americana e pela farmacêutica alemã. Países como Alemanha, Áustria, França, Itália, Grécia, Portugal, Espanha e República Tcheca iniciaram suas campanhas de imunização ainda em dezembro.

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Allan Gavioli

Estagiário de finanças do InfoMoney, totalmente apaixonado por tecnologia, inovação e comunicação.