Conab revisa para cima colheita de grãos, mas ainda sem contemplar tragédia no Sul

Estatal passa a estimar queda menor no volume total, para 295,4 milhões de toneladas; mas sinaliza que haverá cortes

Fernando Lopes

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Em boletim divulgado nesta terça-feira, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revisou para cima sua estimativa para a colheita de grãos no país, pela primeira vez nos últimos meses. Mas o trabalho de campo que gerou os novos números ainda não contempla os danos provocados pelas chuvas no Rio Grande do Sul, que começaram no fim de abril, e a própria estatal já sinaliza que haverá ajustes para baixo nos próximos relatórios.

No 8º levantamento da Conab sobre a safra atual (2023/24), a produção total de grãos foi estimada em 295,4 milhões de toneladas, ante as 294,1 milhões previstas no boletim publicado no mês passado e volume 7,6% inferior ao recorde observado no ciclo 2022/23 (319,8 milhões). Essa queda é provocada por reflexos negativos do fenômeno El Niño em lavouras do Centro-Oeste e do Matopiba (confluência entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia)

Soja

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Para a soja, carro-chefe do agro no Brasil, a Conab passou a projetar colheita de 147,7 milhões de toneladas, 1,2 milhão de toneladas a mais que o estimado no boletim anterior –  mas ainda com queda de 4,5% na comparação com 2022/23 (154,6 milhões). A segunda safra de milho foi corrigida para 86,2 milhões de toneladas, ante cálculo anterior de 85,6 milhões de toneladas e 102,4 milhões na temporada passada. 

Milho e algodão

Com isso, a colheita total de milho no momento está estimada em 111,6 milhões de toneladas, com retração de 15,4% sobre 2022/23. Em alguns polos do Centro-Oeste, o plantio da segunda safra foi afetado por atrasos na colheita, mas de forma geral a área caiu devido aos preços pouco atraentes. O cenário beneficiou a semeadura de algodão, cuja colheita deverá aumentar 14,8%, para 3,6 milhões de toneladas da pluma.

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Arroz e feijão

Para os básicos arroz e feijão, a Conab ainda prevê incremento das produções, mas o número do arroz certamente será revisto, tendo em vista que o Rio Grande do Sul lidera a semeadura no país. No boletim de hoje, a Conab estima a colheita de arroz em 10,5 milhões de toneladas, com alta de 4,6%, e a de feijão em 9,5%, para 3,3 milhões de toneladas.

Rio Grande do Sul

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“A partir da última semana de abril, o Rio Grande do Sul enfrentou fortes temporais, os quais provocaram alagamentos em grande parte das regiões produtoras do Estado, e estão comprometendo a produtividade das culturas ainda não colhidas, sobretudo de arroz e soja, além de perdas dos produtos já colhidos e armazenados em áreas atingidas pelas chuvas e inundações. No momento, as atenções estão voltadas para outras ações, mas as perdas já são certas e deverão continuar sendo avaliadas conforme a situação do Estado retorne a patamares não calamitosos, não descartando novas revisões”, informou a Conab.

IBGE

De acordo com novo levantamento divulgado também nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a colheita de grãos alcançará um total de 296,5 milhões de toneladas em 2024, com baixa de 5% em relação ao volume de 2023. Para a soja, o órgão prevê 148,3 milhões de toneladas (-2,4%), para o milho um total de 115,8 milhões (-11,7%) e para o arroz, 10,5 milhões de toneladas (+2%).