Comunicado do Copom sinalizou mais um corte na Selic, mas desafia apostas mais ousadas

Apesar de deixar claro que haverá mais uma redução de juros este ano, BC aumentou peso da cautela no texto desta quarta

Ricardo Bomfim

SÃO PAULO – O comunicado da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) desta quarta-feira (30) desarmou as apostas de quem esperava baixas mais ousadas da Selic, até menos de 4% ao ano, segundo economistas.

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Apesar de o Banco Central ter sido bastante claro ao apontar que o cenário de inflação mais baixa deve permitir um corte adicional nos juros este ano, também de 0,5 ponto percentual como o que foi feito hoje, ele também colocou uma ênfase maior no risco de elevação da trajetória de inflação no futuro.

Segundo o economista Rodrigo Tonon Marcatti, CEO da Veedha Investimentos, o ponto mais importante é a frase “O Copom entende que o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela em eventuais novos ajustes no grau de estímulo”.

“A nova frase pode sugerir uma cautela em relação ao tamanho do ciclo de baixa ou mesmo à continuidade do ciclo após a reunião de dezembro”, afirma Marcatti.

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Já Fernanda Consorte, economista-chefe e estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, vai além e diz que o comunicado deu indicativos claros de que o ciclo está bem perto do final. “O novo texto deixou claro que não está no horizonte levar as taxas para 4% ao ano ou menos como muita gente está esperando”, afirma.

Para ela, amanhã o mercado deve se posicionar no DI precificando fim de ciclo na próxima reunião.

A economista Patricia Krause, da seguradora de crédito Coface, em São Paulo, espera que a Selic seja reduzida para 4,5% na próxima reunião e se estabilize neste patamar posteriormente.

2020 em foco

A equipe de análise da Rosenberg Associados revisou, após o Copom de hoje, sua expectativa de juros para 2020, que foi reduzida para 4,25%. “Um eventual corte de 0,25 p.p. na reunião de março, a princípio, dependeria de dados mais fracos de atividade e/ou de uma apreciação mais forte do câmbio”, entendem os economistas da consultoria.

Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), afirma que hoje tem como cenário-base os juros em 4% em 2020. “Os números fracos da inflação embasam isso. O Copom não invalidou os 4% com este comunicado, apenas tirou o pé de quem estava mais afoito e já previa uma Selic abaixo disso”, avalia.

Vale lembrar que na metade deste mês a Itaú Asset cortou de 4,5% para 3,75% as suas projeções para taxa de juros no fim de 2020.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.