Com tomada de Chernobyl, exército russo tem acesso a material nuclear em localização estratégica

Usina que explodiu em 1986 fica dentro de zona de exclusão, a pouco mais de 100 km da capital ucraniana

Mitchel Diniz

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A usina nuclear de Chernobyl foi palco de um dos episódios mais emblemáticos da União Soviética, tanto que sua história foi contada mais de uma vez pela indústria do entretenimento. Recentemente, foi tema de série premiada na HBO e ganhou atenção de uma nova geração, que pouco ou nada sabia sobre a tragédia. Chernobyl virou até jargão na internet, como um termo usado para se referir a “pessoas tóxicas”.

Agora, a usina volta a aparecer nos noticiários do mundo todo com a invasão da Rússia à Ucrânia, em um conflito armado que já tirou a vida de mais 100 pessoas. Chernobyl, que fica a 120 km da capital ucraniana Kiev, foi tomada ontem (24) por militares russos. Especialistas afirmam que a ofensiva adiciona uma dose extra de tensão à situação de guerra.

Um dos motivos é a localização estratégica da usina. “É ponto estratégico de chegada a Kiev, passando por Belarus, que é de onde as tropas russas saíram pra fazer incursão no território ucraniano”, afirmou Fabiano Mielniczuk, doutor em Relações Internacionais/UFRGS, em entrevista ao InfoMorning.

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Outra razão é que o exército russo passa a ter acesso rápido a material nuclear, o que tende a inibir reações do exército ucraniano.

Em entrevista à NBC News, Evelyn Farkas, que foi secretária-assistente de defesa para Rússia, Ucrânia e Eurásia na gestão de Barack Obama, explicou que a tomada de Chernobyl é uma forma de cercar a capital ucraniana.  Segundo ela, ainda que Vladimir Putin não tenha interesse na estrutura da usina em si, Moscou quer o domínio da área para enfrentar insurgentes ucranianos, caso a Rússia ocupe o país.

“Eles certamente não querem material nuclear solto por aí”, afirmou Farkas. Construída na década de 1970, quando a Ucrânia ainda era território da União Soviética, Chernobyl era responsável pela produção de 10% da energia do país. Em 1986, um dos quatro reatores da usina explodiu, espalhando dezenas de toneladas de urânio na atmosfera.

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Na época, a União Soviética passava por uma crise econômica que se aprofundou ainda mais com as consequências do acidente. Por esse motivo, a explosão de Chernobyl é apontada como uma das razões que contribuíram para a dissolução do bloco econômico. Dos três reatores que sobraram após a explosão, o último foi fechado em 2000. “Só cientistas tem acesso [aos reatores] para monitorar os níveis de radiação”, explica Mielniczuk.

Hoje, Chernobyl fica dentro de uma grande zona de exclusão, junto com a cidade fantasma de Pripyat. Ainda que a radioatividade da área tenha diminuído ao longo das últimas décadas, existem temores de que conflitos nessa região possam mexer o solo contaminado, com impactos ambientais que poderiam se estender além do terreno.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados