Choque da covid exacerba risco de situação fiscal ainda frágil no Brasil, diz IIF

Para Instituto de Finanças Internacionais, país precisará fazer "cortes significativos" para cumprir suas regras fiscais

Estadão Conteúdo

(Foto: Getty Images)

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O Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês) analisa em relatório o quadro fiscal do Brasil. Na avaliação da entidade, formada pelos 450 maiores bancos do mundo e com sede em Washington, o País elevou bastante seus gastos para lidar com o choque da covid-19, mas agora precisará fazer “cortes significativos” para cumprir suas regras fiscais. Nesse quadro, o IIF diz que a situação fiscal brasileira “ainda é frágil”.

O IIF lembra que o Brasil já enfrentava desafios fiscais há anos. Na comparação entre países, o instituto considera que o aumento no gasto público do País foi “muito grande e comparável ao implementado por alguns países avançados”.

O amplo suporte fiscal ajuda a explicar o fato de que o Brasil se saiu melhor nos últimos meses e poderia continuar a apoiar o quadro ao longo do segundo semestre. “Uma expansão fiscal tão grande, porém, eleva o risco fiscal no médio prazo, a menos que ela seja revertida em breve”, argumenta o IIF. “Isso também torna o cumprimento da regra fiscal do Brasil difícil, pelo menos no curto prazo.”

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No próximo ano, todo o gasto emergencial precisa ser cortado e mais reduções de gastos precisam ser implementadas, segundo o IIF, para garantir o cumprimento das metas fiscais do Brasil. Segundo ele, isso é algo “desafiador”, em um quadro de recessão severa e pressão para expandir de modo permanente gastos sociais. Para além de 2021, mais gastos “não negligenciáveis” precisariam ser feitos.

O ajuste requerido para o País sob sua regra fiscal não é sem precedentes, mas está na faixa superior do já alcançado por outras nações, aponta o IIF. “Dado como ajustes se mostraram duros no passado, o desafio fiscal do Brasil é duro”, adverte.

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Se a regra fiscal atual for cumprida, o déficit primário acabaria nos próximos anos. Com crescimento favorável e um quadro positivo nos custos de empréstimos, a posição fiscal melhoraria, de modo consistente com uma taxa de endividamento levemente em queda. “Os riscos, contudo, seguem elevados, devido a níveis altos de dívida e necessidades de financiamento”, afirma.

O IIF considera ainda que os cortes necessários para cumprir a regra fiscal brasileira têm precedentes em outras nações, mas “devem ser complicados em um país com histórico recente de aumentos generosos de gastos”.