Antes do G20, líderes europeus aumentam críticas aos bloqueios da Rússia aos cereais da Ucrânia

Primeiro ministro do Reino Unido pretende organizar conferência global sobre segurança alimentar em novembro

Roberto de Lira

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Líderes europeus que estarão presentes na reunião de cúpula do G20 marcada para este final de semana em Nova Déli, capital da Índia, desejam colocar a questão da ameaça à segurança alimentar provocada pela Rússia como um dos principais assuntos do encontro. Falando a jornalistas durante seu voo para a reunião, o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, prometeu realizar em novembro um conferência global sobre o tema.

Segundo Sunak, esse encontro será uma resposta ao fato de Vladimir Putin ter optado em julho por não renovar o acordo de grãos do Mar Negro com a Ucrânia, que permitia que navios de carga transportassem grãos a partir dos portos do Mar Negro sem temores de ataques.

O primeiro-ministro afirmou que essa perda do pacto dos cereais estava causando “um enorme sofrimento a milhões de pessoas”, informou a AFP. Ele lembrou que a iniciativa patrocinada pela Organização das Nações Unidas (ONU) forneceu cerca de 30 milhões de toneladas de alimentos a mais de 45 países que realmente precisavam deles. “Só no último mês, os russos destruíram mais cereais do que alimentariam, penso eu, um milhão de pessoas durante um ano. Estas são as consequências do que a Rússia está fazendo”, afirmou.

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Ao mesmo tempo, o governo do Reino Unido anunciou hoje que os serviços militares e de segurança britânicos irão monitorar o Mar Negro numa tentativa de dissuadir a Rússia de atacar navios de carga que transportam cereais da Ucrânia, informou o jornal The Guardian.

Já Charles Michel, o presidente do Conselho Europeu, afirmou em Nova Délia que o bloqueio russo aos portos da Ucrânia deve ser interrompido. “É francamente escandaloso que a Rússia, depois de ter encerrado a iniciativa do Mar Negro, esteja a bloqueando e atacando os portos ucranianos. Isso deve parar”, defendeu.

Aos jornalistas, Michel classificou a promessa feita por Putin nesta semana de fornecer cereais gratuitamente a seis países africanos como “absolutamente cínica”.

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Em artigo ao Guardian, Oleksii Reznikov, ex-ministro da Defesa da Ucrânia, afirmou que o objetivo de Putin é a destruição de seu país. Segundo do texto, o líder russo continua determinado a destruir completamente a Ucrânia e a “assimilar” os seus cidadãos na Federação Russa. Reznikov foi afastado do cargo no domingo passado pelo presidente Volodymyr Zelensky.

No artigo, Reznikov diz que qualquer “acordo” com o Kremlin não poria fim ao conflito. “A Rússia exige o reconhecimento dos territórios ocupados da Ucrânia como seu território em troca do fim da guerra”.

“No entanto, isso tem obviamente apenas um objetivo: ganhar algum tempo, reagrupar-se e ‘finalmente resolver a questão ucraniana’ utilizando novos recursos. A Rússia não reconhece a existência da Ucrânia e do povo ucraniano.

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Ele comparou os apelos à Ucrânia para fazer concessões territoriais às exigências internacionais em 1938 para que a Tchecoslováquia entregasse os Sudetos à Alemanha nazista. A transferência dos territórios aconteceu, a pedido do Reino Unido e da França.