Um lorde britânico está utilizando Wi-Fi para dar energia a um sensor de poluição

Nuvens invisíveis de radiação eletromagnética habilitam as redes de telefonia celular e Wi-Fi

Bloomberg

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(SÃO PAULO) – Estamos rodeados de “eletro-smog”: nuvens invisíveis de radiação eletromagnética que habilitam as redes de telefonia celular e Wi-Fi da qual todos nós dependemos. Se você souber como capturá-lo, também há suficiente sobrando para prover energia a pequenos dispositivos.

O ex-ministro britânico de Ciência Paul Drayson, membro da Câmara dos Lordes do Reino Unido, desenvolveu um sistema eficiente de colheita de energia – chamado Freevolt –, que utiliza uma antena para tomar energia das múltiplas faixas de onda do espectro electromagnético e cabe em uma unidade do tamanho de um cartão de crédito.

“Não podemos dar energia a um celular, mas descobrimos que a densidade de energia do ambiente basta para fazer funcionar sensores, sirenes e alguns aparelhos de vestir (wearables)”, diz Drayson.

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A primeira aplicação da tecnologia será lançada nesta quarta-feira dentro de um sensor pessoal de poluição aérea chamado CleanSpace, que permite aos particulares monitorar a qualidade do ar em volta deles. O sensor, chamado Tag, se une a um aplicativo móvel para acompanhar os níveis de monóxido de carbono e os meios de transporte escolhidos por um particular. Os usuários ganham pontos cada vez que andam, correm ou andam de bicicleta. Esses pontos podem ser trocados por recompensas de vários sócios, entre eles a Amazon, a Boohoo.com e a MaxiNutrition. Os dados de sensores individuais são agregados para construir um mapa da qualidade do ar, da mesma forma que o Waze faz para o trânsito.

“Este é o primeiro dispositivo comercial movido unicamente com a energia da radiofrequência do ambiente”, diz Drayson, que foi ministro de Ciência entre 2008 e 2010 e antes disso foi um empreendedor da biotecnologia. Depois de perder seu cargo após a eleição de 2010 no Reino Unido, ele voltou sua atenção para sua empresa de automobilismo, a Drayson Racing Technology, enquanto procurava outra tecnologia para comercializar. Foi então que topou com o trabalho de Manuel Piñuela Rangel, um estudante de doutorado no Imperial College London que estava pesquisando a transferência indutiva de energia, e montou a Drayson Wireless.

Reconhecimento

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A equipe decidiu criar um sensor pessoal da qualidade do ar em reconhecimento da crescente conscientização do público quanto à poluição do ar como problema de saúde – não apenas um problema ambiental. O Reino Unido sofre efeitos sobre a saúde equivalentes a pelo menos 29.000 mortes prematuras por causa da má qualidade do ar a cada ano, segundo o Departamento de Meio Ambiente, Alimentos e Assuntos Rurais.

A princípio, o nobre financiou a Drayson Technologies por si mesmo, mas em abril de 2015 a empresa arrecadou fundos da Woodford Patient Capital e da Lansdowne Partners.

Embora o CleanSpace Tag exiba o que o Freevolt pode fazer, Drayson planeja licenciar a tecnologia para outros sócios comerciais no intuito de criar redes de sensores, ferramentas de marketing de varejo impulsionadas por sirenes e aparelhos de vestir com pouco uso de energia. O inventor sustenta que na sua forma atual, o Freevolt poderia gerar suficiente energia para dispositivos como o Fitbit Charge ou o Jawbone UP3.

Sem sinal

Draysoin aponta para o fato de que, como o Freevolt funciona em várias faixas de radiofrequência, se não houver nenhum sinal de 3G ou 4G, ele pode acumular energia do Wi-Fi ou até mesmo de sinais de transmissão. Contudo, é possível que ainda haja pontos sem sinal.

Quanto à pergunta de se esta colheita de energia poderia impactar sobre o sinal dos celulares, o Dr. John Batchelor, especialista em colheita de energia e antenas da Universidade de Kent, diz: “No momento em que você está na rua, você tem um sinal muito fraco, e (o Freevolt) tem uma antena muito pequena que absorve uma quantidade também muito pequena de energia. O único ponto no universo cuja energia está sendo roubada e a área imediata em volta da antena”.

Drayson entende que a tecnologia somente dará energia a dispositivos com pouca demanda, mas diz que formações de colhedores poderiam ajudar a expandir seu uso.

“Eu poderia colocar uma formação de colhedores Freevolt atrás do meu quadro branco para tirar energia constantemente para uma tela de tinta virtual, por exemplo”, diz ele.

Por Olivia Solon