Onda de calor: buscas por ar-condicionado disparam e elevam preços no ‘Esquenta Black Friday’

Preço do aparelho cresceu mais de 20%; veja dicas de economia para não aumentar conta de luz

Maria Luiza Dourado

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A onda de calor que assola as cinco regiões do país nos últimos dias vem forçando os brasileiros a buscarem meios de se refrescar, fazendo com que a demanda por eletrodomésticos com essa função aumente, bem como o seu preço, em meio ao período que antecede a Black Friday, conhecido como “Esquenta Black Friday”.

Em levantamento feito com exclusividade, a pedido do InfoMoney, o Buscapé registrou alta de 23,5% na procura por ar-condicionado desde a última semana de outubro e, com ela, o preço médio do item, que saltou de R$ 2.099 para R$ 2.228, segundo a base de dados da plataforma.

Segundo dados do IPCA de outubro, nos últimos 12 meses, o preço do ar-condicionado disparou 9,24% e o do ventilador, 3,94%. Em comparação com setembro, o ar condicionado ficou 6% mais caro, enquanto o ventilador encareceu 0,20%.

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A avaliação de André Almeida, analista do Sistema Nacional de Índice de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é que a onda de calor em diferentes regiões do país pode ter impulsionado o aumento de preços dos aparelhos de ar-condicionado em outubro. “A seca no Amazonas que está afetando a produção de diversas indústrias pode estar contribuindo para alta de preços do ar-condicionado”, acrescentou Almeida, além da onda de calor – que alimenta a demanda pelo item.

Onda de calor

As cinco regiões do país enfrentam altas temperaturas, próximas ou na casa dos 40 graus Celsius (°C). Elas estão relacionadas ao fenômeno climático do El Niño, que é agravado pelo efeitos do aquecimento global.

Segundo um estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sobre os impactos das mudanças climáticas no país, o Brasil já teve aumento de 1,5 grau Celsius de temperatura em algumas partes, mudanças no regime de chuvas, crescimento no número de dias secos e maior duração das ondas de calor ao longo das últimas décadas,

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“Nossas análises revelam claramente que o Brasil já experimenta essas transformações, evidenciadas pelo aumento na frequência e intensidade de eventos climáticos extremos em várias regiões desde 1961 e que irão se agravar nas próximas décadas proporcionalmente ao aquecimento global”, acrescentou Lincoln Alves, coordenador do estudo, em nota divulgada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.

Na terça (14), a cidade do Rio de Janeiro registrou, às 9h15, a maior sensação térmica desde 2014, de 58,5 graus Celsius (°C). A medição foi feita pela estação do serviço municipal de meteorologia Alerta Rio em Guaratiba, na zona oeste da cidade. No momento, os termômetros marcavam 35,5 graus (°C). Na segunda (13), a cidade de São Paulo registrou o segundo dia mais quente da história, com 37,7 graus (°C), atrás do recorde histórico de 37,8 graus (°C), de 2014.

Como economizar usando ar-condicionado?

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) registrou, na segunda, novo recorde na demanda instantânea de carga do Sistema Interligado Nacional (SIN): às 14h40, foi atingido o patamar de 100.955 megawatts (MW). Foi a primeira vez na história do SIN que a carga superou a marca de 100 mil MW. O recorde anterior era de 97.659 MW, medido em 26 de setembro deste ano.

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Por isso, é importante estar atento a algumas regras na hora de comprar e usar eletrodomésticos que aliviam o calor, como escolher o tipo de aparelho de ar-condicionado de acordo com perfil, necessidade e tamanho do cômodo. Recentemente, o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) listou algumas dicas de economia. Veja abaixo.

Ar-condicionado

Os aparelhos de ar-condicionado mais conhecidos são o chamado “Split”, divido em parte interna e parte externa, e o ar-condicionado de janela, que só tem um equipamento. Por ser mais silencioso e econômico, o Slipt é o mais encontrado na atualidade, ainda que o custo de sua instalação seja mais elevado.

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Segundo o Inmetro, antes de comprar o aparelho, o consumidor deve calcular o efeito na economia de energia e sempre optar pelo aparelho que tiver o menor consumo – mesmo se ele for mais caro, porque a diferença provavelmente se pagará no decorrer do tempo de uso. Esse cálculo pode ser feito usando os dados da etiqueta do Inmetro, colada no equipamento, que informa o consumo anual de energia por ano (kWh/ano).

O cálculo é feito da seguinte forma:

Multiplique a energia consumida pelo aparelho em kWh (kilowatts hora) pela tarifa de energia praticada na sua região. Por exemplo: considerando a tarifa residencial no valor de R$ 0,754 por kWh, se o ar-condicionado consome 600 kWh por ano, o gasto anual será 600 x 0,754, que resultará em R$ 452,4 por ano.

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Só ligue o ar-condicionado quando houver pessoas no ambiente e, enquanto ele estiver ligado, evite o abre e fecha de portas. Também feche as janelas e isole bem o cômodo para que o ar frio não escape. Além disso, cortinas e toldos diminuem a incidência do calor do sol no local, contribuindo para o isolamento térmico.

O Inmetro também alerta para o mito de que ao configurar o aparelho de ar-condicionado para 17ºC, ele esfriará o ambiente mais rapidamente. A velocidade de refrigeração será a mesma, com a diferença que o compressor do seu aparelho trabalhará mais até atingir a temperatura de 17ºC. O Inmetro recomenda manter a temperatura em 23ºC que, em geral, é a mais eficiente de trabalho do ar-condicionado.

Ventilador

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O ventilador é um item mais tradicional nos lares brasileiros, já que não exige uma instalação elétrica específica, como o ar-condicionado. Eles podem ser um aliado para aplacar o calor e mais econômicos.

As dicas de uso são semelhantes as do ar-condicionado, como dimensionar adequadamente o aparelho para o tamanho do ambiente e só ligá-lo enquanto houver ocupantes no espaço.

Na hora de usá-lo, observe a quantidade de vento que o aparelho é capaz de produzir. Na Etiqueta do Inmetro, é informado quanto à vazão do ventilador. Assim, se dois modelos consomem a mesma quantidade de energia, opte por aquele de maior vazão, porque certamente será capaz de ventilar mais.

O índice de eficiência energética na etiqueta do Inmetro do aparelho trará a relação entre vazão (quantidade de vento) e energia consumida e, da mesma forma, opte pelos produtos de maior eficiência.

O Inmetro também alerta que, seja qual for o modelo do ventilador, é importante fazer limpeza e manutenção para facilitar a circulação do ar. Os parafusos devem estar sempre firmes, as hélices balanceadas e, no caso do modelo de teto, verifique se a lâmpada é a indicada pelo fabricante do ventilador.

(Com informações de Reuters e Agência Brasil)

Maria Luiza Dourado

Repórter de Finanças do InfoMoney. É formada pela Cásper Líbero e possui especialização em Economia pela Fipe - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.